segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Antiacho José dos Santos

ANTIACHO JOSÉ DOS SANTOS
CORONEL ANTIACHO
*11-04-1854
†01-04-1933

            O Coronel Antiacho (assim se escrevia Antíaco na época) foi um homem muito rico. Era agropecuarista, proprietário de muitas terras, fazendas e de diversas casas, fornecedor de empréstimos monetários a juros, comerciante de peles e máquinas de beneficiar algodão, comprador e produtor de algodão, comprador de ouro, exportador de café etc. Muitas dessas mercadorias eram exportadas para a Europa. Dono de tropas de transporte, utilizava-as em seus negócios. Dizem que ele só comprava o sal, pois o restante era de produção própria.

            Fazia parte da Associação dos Exportadores da Bahia e recebeu, em Salvador, o título de Comendador. Era um homem bem-sucedido e considerado o maior exportador de peles da Bahia. Coronel Antiacho foi um homem vencedor nas áreas de sua atuação e serve de inspiração para muitas pessoas. O sonho de todo empresário é tornar-se financeiramente forte, e o Coronel Antiacho não fugiu a essa regra do poder econômico. Ele, também, exerceu o cargo de Juiz de Paz da Vila Bom Jesus dos Meiras.

            Antiacho José dos Santos foi nomeado para a Guarda Nacional e recebeu o título de Coronel-comandante, adquirido na Comarca de Caetité/BA, do recém-criado 106º batalhão da Reserva, 55ª brigada de Cavalaria daquela Comarca, através do Decreto 5.739, de 30 de outubro de 1905, do Ministério da Justiça e Negócios do Interior. Esse decreto foi assinado pelo Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves e referendado por J. J. Seabra.

            O Coronel Antiacho – conhecido também por Antiacho da fazenda Amargosa – nasceu em 11/04/1854, na Fazenda Cachoeira, em Bom Jesus dos Meiras (atual Brumado). Era filho de Plácido José dos Santos, falecido em 1888 e de D. Crescência Maria da Silva, falecida em 1907. Eram seus irmãos: Coronel Santos, Lioba Maria dos Santos e Philomena dos Santos Azevedo.

            Cursou apenas o primário, porém possuía tino comercial. Ambicioso, trabalhava com afinco e obstinação com o intuído de conservar a fortuna já amealhada e continuar ampliando-a.

            Aos 17 dias do mês de outubro de 1881, em Bom Jesus dos Meiras, Antiacho José dos Santos, com 27 anos de idade, e Donaciana Maria da Silva, nascida em 30 de setembro de 1859, com 22 anos, filha do tenente Joaquim Alves da Silva e Rita Joaquina Alves da Silva, casaram-se, perante o reverendíssimo pároco doutor Jayme Oliva, na fazenda Tamboril, pertencente ao pai da noiva. Assinaram a certidão do casamento: Bertolino  Fernandes de Souza – escrivão de Paz –, Antiocho José dos Santos e Donaciana Maria da Silva – a nubente, após o casamento passou a assinar Donaciana Maria dos Santos. Testemunharam o evento o alferes Bernardino Gonçalves de Aguiar e Norberto Gonçalves de Aguiar.
Assinou a rogo da declarante, por não saber escrever, o senhor José Carlos da Silva e as testemunhas João Francisco de Lima Filho e Raimundo de Cirqueira Lima.

            O Casal teve nove filhos: Joaquim Alves dos Santos, Amélia Meira dos Santos, casada com Manoel Ignácio Meira, Jessé Alves dos Santos, Eliza Meira dos Santos, casada com Benigno dos Santos Sobrinho, Plácido José dos Santos, Otília Meira Santos, casada com Auto Meira, Adonias Alves dos Santos, Abias Alves dos Santos e Abel Alves dos Santos.
D. Donaciana Maria dos Santos faleceu em 23 de novembro de 1919.

              Aos 14 dias do mês de outubro de 1921, na vila do Bom Jesus dos Meiras, Comarca de Ituassú (hoje Ituaçu), na casa do major Olegário Cotrim, aí presentes o doutor Pompílio Dias Leite – juiz municipal –, Tibúrcio da Silva Leite Filho – oficial do registro dos casamentos – e as testemunhas capitão Abílio da Silva Leite e o alferes Benigno José dos Santos. O coronel Antiacho José dos Santos.
Em segundas núpcias, em 14 de outubro de 1921, aos 66 anos de idade tomou em matrimônio, D. Brazilia Cotrim, nascida em 1887,com 33 anos de idade, filha do major Olegário Cotrim e de D. Maria da Conceição Cotrim. Após o casamento passou a assinar Brazilia Cotrim dos Santos. O Juiz assinou a ata com os recém casados e com o oficial do registro dos casamentos. Assinaram a certidão: Antiacho José dos Santos e Brazilia Cotrim – nubentes –, Pompílio Dias Leite - juiz, Tibúrcio da Silva Leite Filho e as testemunhas Capitão Abílio da Silva Leite e Alferes Benigno José dos Santos. O casamento efetuado na Igreja Matriz do Bom Jesus, realizado pelo Padre José Dias Ribeiro da Silva, foram testemunhas o ato religioso os senhores Abílio da Silva Leite, Rodrigo José dos Santos.

            Mais uma vez, o coronel Antiacho ficou viúvo, com o falecimento de D. Brazilia Cotrim dos Santos, ocorrido em 9 de julho de 1925. O casal não chegou a ter filhos. Cinco anos depois, aos vinte e seis dias do mês de novembro de 1930, ele, com 76 anos de idade, casou-se, em Bom Jesus dos Meiras, pelo regime de separação de bens, com a senhorinha Julieta dos Santos Amorim, com 20 anos de idade, filha do capitão Urbino da Silva Amorim e D. Auta dos Santos Amorim, no arraial de Olhos D’água (hoje Itaquaraí), distrito da Vila Bom Jesus dos Meiras, Comarca de Ituassú (Ituaçu). A cerimônia foi realizada pelo major Wenceslau Rizério de Carvalho, primeiro Juiz de Paz em exercício, na residência dos pais da noiva. Assinaram a certidão de casamento: Sebastião Urbino da Silveira – escrivão de Paz e oficial do registro civil –, Wenceslau Rizério de Carvalho, os nubentes Antiacho José dos Santos, viúvo de Dona Brazilia Cotrim dos Santos, com Julieta dos Santos Amorim, perante as testemunhas: Coronel Deolino Alves de Carvalho e o major Abílio da Silva Leite.

            Com relação à política, era apenas eleitor observador, não participava dessa instituição. O seu pendor era obter êxitos nos seus empreendimentos, acumular fazendas, ouro, gado e casas, tornando-se Coronel famoso pela qualidade de rico. Passear a cavalo era uma de suas predileções. Sempre teve em mente que não se deve gastar mais do que se ganha, e assim formar uma economia para desfrute na idade provecta. Cultivava para preservar a nobreza da família e tinha orgulho dessa posição social.

            Apaixonado por cavalos, colecionava os da raça marchador. Os animais eram oriundos da Fazenda Favacho, localizada em Caxambu, no sul de Minas Gerais, de propriedade do destacado criador de cavalos marchadores, influente político e seu amigo íntimo, José Frausino Junqueira, com quem mantinha negócios. Mantinha-os também com o irmão deste, Gabriel Francisco Junqueira (Barão de Alfenas).

            Por intermédio da família Junqueira, com quem mantinha grande amizade, recebeu da Coroa Portuguesa várias Sesmarias (terras incultas doadas pelo Rei de Portugal a quem se dispusesse a cultivá-las) que deram origem ao seu latifúndio, tornando-se o maior latifundiário do sudoeste da Bahia.

            Homem de excelentes referências de bom comportamento, tinha como amigos: Coronel Zeferino Correia, Juvino Oliveira, Benigno Santos, Zizio Mendes, José Frausino Junqueira, João Bráulio Junqueira, entre outros.

            Dentre muitas fazendas, possuía a São Domingos no município de Vitória da Conquista, que deu origem à cidade de Barra do Choça; a fazenda Itatinga na região de Itambé, que deu origem à cidade de Itapetinga; Cachoeira, Amargosa, Mulungu, Lagoinha, Inchu, Salininha, Lagoa do Buraco, Água Boa, Fazenda Nova, Lagoa Redonda, Fundão, Landim, Tamburi, Veados, Formoso, Tabas, Barra da Onça, Arrecifinho, Tocão, Massaranduba, dentre outras no distrito de Brumado. Vivia na fazenda Amargosa com a família, com quem mantinha uma relação harmoniosa.  

            Notabilizou-se também como exportador de café e peles para a Europa. Importava arame farpado e ferramentas agrícolas da Bélgica e da Alemanha e possuía vários depósitos no porto de Salvador.

            Foi homenageado pela Prefeitura Municipal de Brumado, que deu o seu nome a um logradouro no centro da cidade – a Travessa Coronel Antíaco.

            Antiacho José dos Santos faleceu em 01 de abril de 1933, na vila de Brumado, comarca de Ituassú (Ituaçu), sendo declarante do óbito Plácido José dos Santos, portador de atestado do Dr. Mário Meira, médico assistente, que declarou: “Sob os meus cuidados, faleceu, em sua residência na fazenda Amargosa, de infecção urinária, aos 79 anos de idade, o fazendeiro e coronel Antiacho”. O corpo está inumado no cemitério municipal de Brumado Senhor do Bonfim.


Antonio Novais Torres
Brumado, 27/02/2014.




Nenhum comentário:

Postar um comentário