ALÍPIO
JOAQUIM DA SILVA
Alípio
da BRUMAUTO
*14-02-1939
Alípio Joaquim da Silva nasceu no dia 14
de fevereiro de 1939, no lugar chamado Faca, uma fazenda da comarca de Caetité,
onde foi registrado. É filho de João Joaquim da Silva e Maria Pereira da Costa,
residentes em Caculé.
São seus irmãos: Jeremias Joaquim da
Silva, Juvenal Joaquim da Silva, Josias Joaquim da Silva, Angelina Pereira da
Costa, Manoela Pereira Castro, Joana Pereira Vieira, Ana Pereira Souza.
Alípio, oitavo filho do casal João
Joaquim e Maria Pereira da Costa, fez uma retrospectiva da sua trajetória de
vida que passamos a relatar: A minha infância foi por demais marcante, pois aos
dois anos de idade perdi meu pai e, aos seis, minha mãe tornou-se deficiente
visual, contudo não se abateu com a cegueira. Foi uma pessoa alegre, de muito
bom humor e conselheira.
Nasci numa fazenda por nome Faca, de
propriedade da família, onde vivi a minha infância e parte da adolescência. O
lugar era de uma paisagem encantadora, terras férteis, muitas aguadas, muito
verde, onde se produziam cana-de-açúcar e laranja – a mais doce da região que
caracterizava Faca –, além de outros produtos agrícolas.
Dessa época, lembro-me com saudade dos
primos, dos tios, dos amigos, das cantorias, dos “causos” que contavam os mais
velhos e das histórias de assombração que nos apavoravam. A alegria desses
encontros, às vezes, levava-nos às gargalhadas pela euforia do evento. Apesar
desses entretenimentos, o meu hobby era mesmo o trabalho.
Aos oito anos, comecei a trabalhar
tocando bois nos engenhos, auxiliando meus cunhados nas tarefas agrícolas.
Mesmo sem ganhar nada, estava sempre presente. Fazia de tudo que fosse
necessário, sem esboçar qualquer contrariedade.
Aos doze anos, já tomava conta de uma
venda onde se vendiam secos e molhados, pertencente a meu cunhado Martiniano
Rodrigues Vieira. No final de semana, ia com o carro de boi carregado de
laranjas e outros produtos da região para a feira em Caculé, que ficava
distante da fazenda uns 30 km, e quando retornava trazia mercadorias para o
abastecimento da venda. Numa dessas viagens, aconteceu um fato interessante – o
carro de boi virou e a metade dos ovos que levava quebrou-se, porém houvera um
aumento de preço do produto, e ainda tive lucro. Fato que reforça o sentido do
provérbio: “O que é do homem o bicho não come”.
Minha adolescência foi fincada no
trabalho e, devido às responsabilidades assumidas, passou muito rápido, não
houve tempo para o lúdico. Aos 14 anos, fui para Guanambi como empreiteiro,
comandando quinze homens para a plantação de arroz e lá permaneci por dois
anos. Até então, o meu pensamento estava focado nas atividades da área rural,
todavia acalentava o sonho de procurar outro trabalho específico diferente que
me proporcionasse melhores condições. Aguardava o momento oportuno para
realizar essa decisão. Tinha receio de me afastar da família, especialmente de
minha mãe deficiente visual. Eu me condoía de deixá-la, porém o destino se
encarregou de enviar-me para outros lugares.
Com relação aos estudos, fui
alfabetizado pelo professor Edmundo e cursei apenas o primário numa escola a
uns 3 Km de casa. Mais tarde, em Brumado, concluí o supletivo. O conhecimento
que tenho foi adquirido na Universidade da vida. A experiência da vida ensinou-me
muitas coisas, dentre elas a de caminhar sempre sonhando, porém dispondo-me a
trabalhar com denodo e afinco para conseguir o objetivo pleiteado.
Com o casamento de meus irmãos e a
mudança deles para Caculé, eu os acompanhei e lá montei o meu primeiro comércio
– uma venda de secos e molhados, ramo em que possuía conhecimento. Depois
adquiri uma sorveteria e arrendei um cinema. Foi uma situação bastante
inusitada, por serem atividades diferentes e variadas, tornando-se interessante
essa aventura. Com o decorrer do tempo, meus projetos tomaram outro rumo.
Contemplado num bingo com um Jipe,
passei a mascatear com tecidos (cortes) nas feiras da região. Depois comprei
uma Kombi e passei a transportar passageiros para Vitória da Conquista. Em
parceria com a empresa Novo Horizonte, registrei a primeira linha de ônibus
fazendo o itinerário Caculé – Vitória da Conquista.
Com a instalação da via férrea em
Caculé, muitos jovens da região foram estudar lá e cresceu o número dos caixeiros-viajantes
que se hospedavam nas diversas pensões, com isso, aumentou o movimento da
cidade e, consequentemente, o progresso e a diversidade social. Em Caculé,
passei os melhores momentos da minha mocidade. Frequentava o Clube Social,
dançava nas diversas festas, ia aos eventos, tinha muitas namoradas e fiz
grandes amizades.
Com relação à política, nunca me envolvi
diretamente, mas tenho as minhas preferências, como resultado do homem social e
político que tem as suas opções.
No afã de alçar voos mais altos,
mudei-me para a cidade de Vitória da Conquista, promissora, de comércio
abrangente e diversificado, com diversos setores em franca evolução, o que me
atraiu, além de muitos amigos que me ajudaram e orientaram, como Josafá Lopes
da Silva (sócio da COVEPE, uma revendedora Volkswagen, o qual me convidou para
abrir um negócio com o mesmo ramo em Brumado e, posteriormente, por vontade
própria, afastou-se da sociedade), Rubens Magalhães, Valdemar Teixeira e
outros.
Dizem que os amigos são as famílias que
nos permitem escolher, e foi com eles que aprendi grandes lições, ensinando-me
que na vida não há nada de milagroso. O que existe é otimismo, confiança em si
próprio e credibilidade. Foi por meio deles que consegui, junto à Volkswagen do
Brasil, abrir um Posto de Serviço em Brumado, fundado em 19 de junho de 1969. Através
de um bom relacionamento com funcionários, clientes e pela seriedade e
honestidade com que atuamos na empresa o empreendimento alcançou sucesso, cresceu
vertiginosamente e, graças a Deus, estou aqui até hoje (2013).
Gosto de Brumado, amo Brumado, pois aqui
constituí família – mulher, filhos e netos –. Esta é a cidade da minha adoção.
Aqui fui presidente do Rotary Club e presidente, por duas vezes, da Associação
de Pequenos Produtores. Atualmente, moro na fazenda Lamarão (já por vinte anos),
onde tenho o prazer de curtir a natureza, dançar forró, jogar buraco – uma das
minhas predileções – e receber os amigos para conversarmos sobre amenidades e
nos informarmos das novidades.
A BRUMAUTO foi a primeira concessionária
do sertão baiano e única em Brumado até o momento. É uma referência de
qualidade comercial de vendas de veículos e peças e de prestação de bons
serviços, contribuindo para o progresso da cidade. A BRUMAUTO inicialmente se
estabeleceu na Av. Teixeira de Freitas, depois na Avenida Coronel Tibério Meira,
adicionando um posto de gasolina e posteriormente na Praça Lauro de Freitas. Em
26 de outubro de 1977, mudou-se para a Av. Centenário, instalando-se em prédio
próprio. Em 1989, com a exigência da VW, foi feita uma ampla reforma no prédio,
com instalações arrojadas, condizentes com a necessidade de oferecer conforto
aos nossos clientes. Em razão do crescimento contínuo, a firma, em 18 de
dezembro de 1990, com uma grande festa, inaugurou a NOVA BRUMAUTO 2000,
impressionando a todos pelas modernas instalações. Destaque-se que a BRUMAUTO
tem investido muito na informatização de suas rotinas, melhorando cada vez mais
a qualidade do nosso trabalho, principalmente no treinamento dos funcionários,
antenados com a era cibernética, para melhor atender os clientes.
Continua Alípio: em Brumado, conheci a
filha de Francisco Joaquim de Oliveira e Ester Maria de Oliveira, com 18 anos
de idade, nascida em Rio de Contas, no dia 14/08/1953, Mariene Maria Oliveira,
com quem me casei, aos 32 anos de idade, no dia 2 de maio de 1971, em Bom Jesus
da Lapa, por ser católico e professar a minha fé. No civil, em Brumado, no dia
03 de junho de 1971, em nossa residência, em audiência especial perante a
Doutora Magna Maria Pereira dos Santos, Juíza de Direito da Comarca, que
oficiou o ato. Foram testemunhas Claudivino Joaquim de Oliveira e sua esposa
Júlia Novaes de Oliveira, Geraldo Fernandes e Diná Gomes. Assinaram também a
certidão Francisco Joaquim de Oliveira, Alzira Maria Oliveira e o oficial José
Walter Leite. Com o casamento, Mariene acrescentou o Silva ao seu nome,
passando a assinar Mariene Maria Oliveira Silva.
Dessa união, nasceram quatro filhos:
Alessandro, que se casou com Leila e nos deu Anita e Bento, Alípio Júnior
casado com Mariana Garcia e nos deu Mariah, Mariana casada com Moacir Júnior e
nos deu Anna Maria e Pietro e mais a caçula Beatriz que ainda não se casou.
São 42 anos de convivência feliz e
harmoniosa que envolve uma tolerância dos valores éticos individuais, com
respeito mútuo. Essa convivência saudável é fundamental para o casal, pois a
própria sociedade expressa que o indivíduo em situações vulneráveis, do ponto
de vista negativo, quando tem uma base de educação familiar edificante e
verdadeira em suas diversas formas, com certeza, o risco de ser influenciado
será bem menor, por conta da formação da personalidade da pessoa.
Relembro minha mãe com muita saudade e
reverência. Lembro-me de um de seus conselhos que me pedia para não fumar,
porquanto era prejudicial à saúde, e eu não a contrariei, além de outras lições
dignificantes que nos ensinou. Cumpro-as rigorosamente e repasso-as para os
meus, acolhendo a sua orientação de levar a vida com honestidade. Ser honesto
nas pequenas coisas para o ser também nas grandes, esse é o meu lema que
exemplifico para a minha família, fazendo sempre o bem, como determina Jesus
Cristo.
Pergunta-me o entrevistador: qual a
maior loucura que já praticou? Em resposta, conto o seguinte caso: socorri um
amigo na hora em que foi baleado. A bala partiu de uma casa, alvejando-o.
Peguei esse amigo nos braços, coloquei-o no carro e levei-o para o hospital em
Caetité. O paciente, após cirurgia, restabeleceu-se. Sei que arrisquei minha
vida, mas numa situação dessas há de se tomar uma posição, e o fiz consciente
de ter praticado uma boa ação. Não fugi à responsabilidade do socorro. Acredito
que a calma e o equilíbrio deram-me forças e contribuíram para justas e
acertadas soluções do problema. Dizem os pensamentos que eu defendo: “Jamais
fazer aos outros aquilo que não deseja para si”. “Os maus por si se destroem”.
Essa é a minha história. Sou um homem
simples, humilde, de origem rurícola. Na trajetória da minha vida, não houve
fatos relevantes que fizessem de mim uma personalidade importante. Tudo que me
aconteceu na vida foi um aprendizado que serviu de lição para todos os meus
atos. Sou uma pessoa de sorte, só tenho que agradecer a Deus e a todos que me
ajudaram e aos que fazem parte da minha vida pelos êxitos alcançados. “Quem
trabalha Deus ajuda”. Essa é uma verdade insofismável.
Depoimento de Alípio Joaquim da Silva em
09 de agosto de 2013
Com
a supervisão da sua consorte Mariene Maria Oliveira Silva.
ADENDO: Em 23 de setembro de 2013 Alípio
Joaquim da Silva [Alípio da BRUMAUTO] através do Projeto de Decreto Legislativo
nº 008/2013 lhe é concedido o título de cidadão Brumadense.
Antonio
Novais Torres
Brumado,
em 09/08/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário