sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

ALÍPIO JOAQUIM DA SILVA


ALÍPIO JOAQUIM DA SILVA
Alípio da BRUMAUTO
*14-02-1939

Alípio Joaquim da Silva nasceu no dia 14 de fevereiro de 1939, no lugar chamado Faca, uma fazenda da comarca de Caetité, onde foi registrado. É filho de João Joaquim da Silva e Maria Pereira da Costa, residentes em Caculé.

São seus irmãos: Jeremias Joaquim da Silva, Juvenal Joaquim da Silva, Josias Joaquim da Silva, Angelina Pereira da Costa, Manoela Pereira Castro, Joana Pereira Vieira, Ana Pereira Souza.

Alípio, oitavo filho do casal João Joaquim e Maria Pereira da Costa, fez uma retrospectiva da sua trajetória de vida que passamos a relatar: A minha infância foi por demais marcante, pois aos dois anos de idade perdi meu pai e, aos seis, minha mãe tornou-se deficiente visual, contudo não se abateu com a cegueira. Foi uma pessoa alegre, de muito bom humor e conselheira.

Nasci numa fazenda por nome Faca, de propriedade da família, onde vivi a minha infância e parte da adolescência. O lugar era de uma paisagem encantadora, terras férteis, muitas aguadas, muito verde, onde se produziam cana-de-açúcar e laranja – a mais doce da região que caracterizava Faca –, além de outros produtos agrícolas.

Dessa época, lembro-me com saudade dos primos, dos tios, dos amigos, das cantorias, dos “causos” que contavam os mais velhos e das histórias de assombração que nos apavoravam. A alegria desses encontros, às vezes, levava-nos às gargalhadas pela euforia do evento. Apesar desses entretenimentos, o meu hobby era mesmo o trabalho.

Aos oito anos, comecei a trabalhar tocando bois nos engenhos, auxiliando meus cunhados nas tarefas agrícolas. Mesmo sem ganhar nada, estava sempre presente. Fazia de tudo que fosse necessário, sem esboçar qualquer contrariedade.

Aos doze anos, já tomava conta de uma venda onde se vendiam secos e molhados, pertencente a meu cunhado Martiniano Rodrigues Vieira. No final de semana, ia com o carro de boi carregado de laranjas e outros produtos da região para a feira em Caculé, que ficava distante da fazenda uns 30 km, e quando retornava trazia mercadorias para o abastecimento da venda. Numa dessas viagens, aconteceu um fato interessante – o carro de boi virou e a metade dos ovos que levava quebrou-se, porém houvera um aumento de preço do produto, e ainda tive lucro. Fato que reforça o sentido do provérbio: “O que é do homem o bicho não come”.

Minha adolescência foi fincada no trabalho e, devido às responsabilidades assumidas, passou muito rápido, não houve tempo para o lúdico. Aos 14 anos, fui para Guanambi como empreiteiro, comandando quinze homens para a plantação de arroz e lá permaneci por dois anos. Até então, o meu pensamento estava focado nas atividades da área rural, todavia acalentava o sonho de procurar outro trabalho específico diferente que me proporcionasse melhores condições. Aguardava o momento oportuno para realizar essa decisão. Tinha receio de me afastar da família, especialmente de minha mãe deficiente visual. Eu me condoía de deixá-la, porém o destino se encarregou de enviar-me para outros lugares.

Com relação aos estudos, fui alfabetizado pelo professor Edmundo e cursei apenas o primário numa escola a uns 3 Km de casa. Mais tarde, em Brumado, concluí o supletivo. O conhecimento que tenho foi adquirido na Universidade da vida. A experiência da vida ensinou-me muitas coisas, dentre elas a de caminhar sempre sonhando, porém dispondo-me a trabalhar com denodo e afinco para conseguir o objetivo pleiteado.

Com o casamento de meus irmãos e a mudança deles para Caculé, eu os acompanhei e lá montei o meu primeiro comércio – uma venda de secos e molhados, ramo em que possuía conhecimento. Depois adquiri uma sorveteria e arrendei um cinema. Foi uma situação bastante inusitada, por serem atividades diferentes e variadas, tornando-se interessante essa aventura. Com o decorrer do tempo, meus projetos tomaram outro rumo.

Contemplado num bingo com um Jipe, passei a mascatear com tecidos (cortes) nas feiras da região. Depois comprei uma Kombi e passei a transportar passageiros para Vitória da Conquista. Em parceria com a empresa Novo Horizonte, registrei a primeira linha de ônibus fazendo o itinerário Caculé – Vitória da Conquista.

Com a instalação da via férrea em Caculé, muitos jovens da região foram estudar lá e cresceu o número dos caixeiros-viajantes que se hospedavam nas diversas pensões, com isso, aumentou o movimento da cidade e, consequentemente, o progresso e a diversidade social. Em Caculé, passei os melhores momentos da minha mocidade. Frequentava o Clube Social, dançava nas diversas festas, ia aos eventos, tinha muitas namoradas e fiz grandes amizades.

Com relação à política, nunca me envolvi diretamente, mas tenho as minhas preferências, como resultado do homem social e político que tem as suas opções.

No afã de alçar voos mais altos, mudei-me para a cidade de Vitória da Conquista, promissora, de comércio abrangente e diversificado, com diversos setores em franca evolução, o que me atraiu, além de muitos amigos que me ajudaram e orientaram, como Josafá Lopes da Silva (sócio da COVEPE, uma revendedora Volkswagen, o qual me convidou para abrir um negócio com o mesmo ramo em Brumado e, posteriormente, por vontade própria, afastou-se da sociedade), Rubens Magalhães, Valdemar Teixeira e outros.

Dizem que os amigos são as famílias que nos permitem escolher, e foi com eles que aprendi grandes lições, ensinando-me que na vida não há nada de milagroso. O que existe é otimismo, confiança em si próprio e credibilidade. Foi por meio deles que consegui, junto à Volkswagen do Brasil, abrir um Posto de Serviço em Brumado, fundado em 19 de junho de 1969. Através de um bom relacionamento com funcionários, clientes e pela seriedade e honestidade com que atuamos na empresa o empreendimento alcançou sucesso, cresceu vertiginosamente e, graças a Deus, estou aqui até hoje (2013).

Gosto de Brumado, amo Brumado, pois aqui constituí família – mulher, filhos e netos –. Esta é a cidade da minha adoção. Aqui fui presidente do Rotary Club e presidente, por duas vezes, da Associação de Pequenos Produtores. Atualmente, moro na fazenda Lamarão (já por vinte anos), onde tenho o prazer de curtir a natureza, dançar forró, jogar buraco – uma das minhas predileções – e receber os amigos para conversarmos sobre amenidades e nos informarmos das novidades.

A BRUMAUTO foi a primeira concessionária do sertão baiano e única em Brumado até o momento. É uma referência de qualidade comercial de vendas de veículos e peças e de prestação de bons serviços, contribuindo para o progresso da cidade. A BRUMAUTO inicialmente se estabeleceu na Av. Teixeira de Freitas, depois na Avenida Coronel Tibério Meira, adicionando um posto de gasolina e posteriormente na Praça Lauro de Freitas. Em 26 de outubro de 1977, mudou-se para a Av. Centenário, instalando-se em prédio próprio. Em 1989, com a exigência da VW, foi feita uma ampla reforma no prédio, com instalações arrojadas, condizentes com a necessidade de oferecer conforto aos nossos clientes. Em razão do crescimento contínuo, a firma, em 18 de dezembro de 1990, com uma grande festa, inaugurou a NOVA BRUMAUTO 2000, impressionando a todos pelas modernas instalações. Destaque-se que a BRUMAUTO tem investido muito na informatização de suas rotinas, melhorando cada vez mais a qualidade do nosso trabalho, principalmente no treinamento dos funcionários, antenados com a era cibernética, para melhor atender os clientes.  

Continua Alípio: em Brumado, conheci a filha de Francisco Joaquim de Oliveira e Ester Maria de Oliveira, com 18 anos de idade, nascida em Rio de Contas, no dia 14/08/1953, Mariene Maria Oliveira, com quem me casei, aos 32 anos de idade, no dia 2 de maio de 1971, em Bom Jesus da Lapa, por ser católico e professar a minha fé. No civil, em Brumado, no dia 03 de junho de 1971, em nossa residência, em audiência especial perante a Doutora Magna Maria Pereira dos Santos, Juíza de Direito da Comarca, que oficiou o ato. Foram testemunhas Claudivino Joaquim de Oliveira e sua esposa Júlia Novaes de Oliveira, Geraldo Fernandes e Diná Gomes. Assinaram também a certidão Francisco Joaquim de Oliveira, Alzira Maria Oliveira e o oficial José Walter Leite. Com o casamento, Mariene acrescentou o Silva ao seu nome, passando a assinar Mariene Maria Oliveira Silva.

Dessa união, nasceram quatro filhos: Alessandro, que se casou com Leila e nos deu Anita e Bento, Alípio Júnior casado com Mariana Garcia e nos deu Mariah, Mariana casada com Moacir Júnior e nos deu Anna Maria e Pietro e mais a caçula Beatriz que ainda não se casou.

São 42 anos de convivência feliz e harmoniosa que envolve uma tolerância dos valores éticos individuais, com respeito mútuo. Essa convivência saudável é fundamental para o casal, pois a própria sociedade expressa que o indivíduo em situações vulneráveis, do ponto de vista negativo, quando tem uma base de educação familiar edificante e verdadeira em suas diversas formas, com certeza, o risco de ser influenciado será bem menor, por conta da formação da personalidade da pessoa.

Relembro minha mãe com muita saudade e reverência. Lembro-me de um de seus conselhos que me pedia para não fumar, porquanto era prejudicial à saúde, e eu não a contrariei, além de outras lições dignificantes que nos ensinou. Cumpro-as rigorosamente e repasso-as para os meus, acolhendo a sua orientação de levar a vida com honestidade. Ser honesto nas pequenas coisas para o ser também nas grandes, esse é o meu lema que exemplifico para a minha família, fazendo sempre o bem, como determina Jesus Cristo.

Pergunta-me o entrevistador: qual a maior loucura que já praticou? Em resposta, conto o seguinte caso: socorri um amigo na hora em que foi baleado. A bala partiu de uma casa, alvejando-o. Peguei esse amigo nos braços, coloquei-o no carro e levei-o para o hospital em Caetité. O paciente, após cirurgia, restabeleceu-se. Sei que arrisquei minha vida, mas numa situação dessas há de se tomar uma posição, e o fiz consciente de ter praticado uma boa ação. Não fugi à responsabilidade do socorro. Acredito que a calma e o equilíbrio deram-me forças e contribuíram para justas e acertadas soluções do problema. Dizem os pensamentos que eu defendo: “Jamais fazer aos outros aquilo que não deseja para si”. “Os maus por si se destroem”.

Essa é a minha história. Sou um homem simples, humilde, de origem rurícola. Na trajetória da minha vida, não houve fatos relevantes que fizessem de mim uma personalidade importante. Tudo que me aconteceu na vida foi um aprendizado que serviu de lição para todos os meus atos. Sou uma pessoa de sorte, só tenho que agradecer a Deus e a todos que me ajudaram e aos que fazem parte da minha vida pelos êxitos alcançados. “Quem trabalha Deus ajuda”. Essa é uma verdade insofismável.

Depoimento de Alípio Joaquim da Silva em 09 de agosto de 2013
Com a supervisão da sua consorte Mariene Maria Oliveira Silva.

ADENDO: Em 23 de setembro de 2013 Alípio Joaquim da Silva [Alípio da BRUMAUTO] através do Projeto de Decreto Legislativo nº 008/2013 lhe é concedido o título de cidadão Brumadense.



Antonio Novais Torres

Brumado, em 09/08/2013. 

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