BIOGRAFIA DE AQUILES DIAS DA MATA
*09/04/1923
†09/10/1989
Aquiles Dias da
Mata (Seu Santo Dias) é o terceiro dos vinte filhos biológicos de Miguel Salu
Dias e Joana da Mata Dias. São eles: Tibúrcio, Salustiano, Dinorah, Waldick,
Waldemar, Paschoal, Dilson, Fenelon, Orádia, Miguel, Franklin, Orlando, Gildeth,
Franklin (1º), Ana, José, Dolores, estes quatro últimos falecidos no primeiro
ano de vida, e mais dois prematuros, além de oito irmãos denominados de criação
(Jonas, Fidelcino Divino, Érico, Antônio de Dona, também afilhado dos pais de
Santo, Clóvis de Maria de Marcos, Maria de Filota, Miguel de Fulgêncio e
Evaristo, estes dois últimos irmãos biológicos). São seus avós paternos:
Salustiano José Dias, de descendência portuguesa, e Joana Rosa de Jesus; maternos:
Tibúrcio Rodrigues da Mata, de descendência italiana, e Elóia da Mata.
Nasceu aos nove
dias do mês abril de 1923, em Correias, vilarejo às margens do Rio Brumado,
distrito do Município de mesmo nome, na Bahia, e teve uma infância
contemporânea aos chamados revoltosos do Bando de Lampião que impingiam
atribulações naquela diminuta comunidade, nas poucas vezes que por lá passaram.
À medida que
crescia, revelava-se, cada vez mais, solidário com as pessoas à sua volta,
sempre disposto a ajudá-las, fato que ensejava sempre o comentário de sua avó
paterna: “Que menino de natureza boa!”. Assim, ganhou o apelido de Santinho e quando
se tornou adulto, todos o conheciam por seu Santo Dias.
Com a idade de
16 anos, concluiu o quinto ano primário em casas de morada adaptadas para tal
finalidade, na ribeirinha Correias. Não chegou a estudar no prédio escolar lá
construído por seu pai, onde os demais irmãos mais novos iniciaram-se nas
letras. Seus Professores: D. Corina, D. Idaliona, D. Deulsuc (esposa de Waldemar
S. Torres), D. Altair, Sr. Olímpio e Sr. Antônio (estes dois últimos irmãos) lecionavam
todas as matérias até o 5º ano primário, hoje, ensino fundamental I. A escola
era estadual e a mantença dos professores, geralmente, era custeada pelo pai do
biografado, na condição de chefe político na comunidade.
Trabalhava de
sol a sol com seu pai, irmãos e empregados da fazenda, no labor de carpir,
plantar, colher, cuidar dos rebanhos e no comércio de loja de tecidos e
mercearias, sortido com os produtos trazidos da capital do Estado via trem de
ferro e por tropas (caravana de bestas de cargas). Ainda ajudava a sua mãe nos
afazeres domésticos.
Com a tenra
idade de 17 anos, Santo Dias substituiu seu irmão mais velho, Tibúrcio Dias –
que fora para São Paulo –, na chefia da tropa, encargo que tinha a denominação
de arrieiro. Tão logo Tibúrcio retornou, três anos após, este assumiu novamente
a tropa, e Santo Dias voltou a tomar conta do rebanho bovino, como vaqueiro,
rebanho que se concentrava mais na vizinha Fazenda Baixinha.
A tropa de
propriedade do pai do biografado era composta por 24 burros, distribuídos em
dois lotes, cada um dirigido por um tropeiro, e mais um cavalo denominado
Madrinheiro que servia à montaria do arrieiro. Um lote seguia o outro, mantendo
um pequeno espaçamento, por motivos de segurança. A tropa fazia um pouso a cada
quatro léguas (24 Km), sobretudo para descansar os animais. Usavam-se couros de
bois, não somente para abrigarem a mercadoria das intempéries, como também para
os condutores arrancharem-se no ermo, agasalhando-se do sol, da chuva e do
relento. O percurso durava em torno de trinta dias. A tropa levava os fardos de
algodão descaroçado pela máquina do pai do biografado com destino aos municípios
de Jequié, Machado Portela, Contendas do Sincorá, Umburanas, Ourives, sede do
Município de Brumado, entre outros. Tinha como principal comprador um senhor
conhecido por Otávio de Secundino. De volta, trazia várias mercadorias, como
sal, biscoito, bolacha, doces, tecido para a loja, entre outras, que abasteciam
o mencionado estabelecimento comercial.
Desde pouca
idade, mostrava-se um homem de múltiplas atividades: era Santo de lavrar a
terra; de cuidar do rebanho nas suas mais diversas exigências; dos afazeres
domésticos, como abastecimento d`água, do corte do lenho para o combustível
doméstico; da lavra da madeira para edificação – inclusive da casa da Baixinha
e das instalações da loja Deus Te Guie (um sobrado); da aplicação de injeções,
à falta, naquela época, de enfermeiros; de rezador de impinges (com eficácia
plena de cura em menos de uma semana).
Gostava de tirar
acordes em violão. Seu pai, exímio tocador de violino, com seus irmãos formavam
uma família de músicos: Tibúrcio no saxofone e bandolim; Paschoal no acordeom,
pandeiro, violão, cavaquinho etc.; Orlando no cavaquinho, violão e pandeiro;
Miguel no pandeiro; Franklin no violão, entre outros. Santo, quando rapaz, com seus
amigos e irmãos sempre iam a festas nas localidades adjacentes: Rio São João,
Terreiro Duro, Mucambo, Itaquaraí, muitas das vezes, dividindo o lombo de um
cavalo ou a pé.
O transporte
comumente usado naquela época era o cavalo, tão bem manejado por Seu Santo, e
quando a viagem envolvia a família, ou muitas pessoas, crianças e petrechos era
o carro de boi com a proteção de um couro de boi sem curtir que lhe servia de
teto.
Havia muito
trabalho em Correias, mas, também, muitas festas. A comunidade correiense
transbordava de alegria com a proximidade dos famosos festejos juninos, dos
leilões em benefício da igreja local, dos comemorativos religiosos e bailes
dançantes. Eis que um dia, num desses leilões na Praça da Igreja, Santo notou
que a filha de Seu Josias Alves de Lima e de D. Francisca de Lima Bonfim,
Daria, havia se tornado uma moçoila bonita, faceira e dançarina de primeira
linha. Depois de muitos galanteios e danças, começaram a namorar firme, não sem
antes ele ir à residência de Seu Josias e D. Francisca falar-lhes das suas
intenções para com a filha. Não foi difícil a aceitação pelos pais da moça que
sabiam da sua estirpe: um rapaz de boa índole, trabalhador, de família
respeitada em toda a região.
Ele contava com
22 anos e ela, 21. Casaram-se em agosto de 1945 – quando prenunciava para a
humanidade o limiar de novos tempos de paz e prosperidade, com o fim da segunda
grande guerra –, na Capela de Correias, denominado São João, e foram morar na Fazenda
Baixinha, nos arredores do Vilarejo Correias, onde se estabeleceram. Em 1946, nasceu
o primogênito a quem nominaram Raimundo Lima Dias, seguido por Ramon (1947),
Ruimar (1949), Nifra (1952), Aguiberto (1954); Givanei (1956) e Nilva (1958),
falecida em setembro/2003. Em abril de 1959, mudou-se com a família para a Cidade
de Brumado. Em 1960, nasceu a filha Nilzete, que veio a falecer aos seis meses
de idade; em 1963, nasceu outra menina a quem deram o mesmo nome (Nilzete). A
chegada da caçula Neuma (1966) completou a prole de dez filhos.
Ainda na Fazenda
Baixinha, alguns anos após lá se instalar, teve a companhia do seu irmão
recém-casado Salustiano, que para lá se mudou e foi habitar em uma casa
construída por eles, tornando-se vizinhos por alguns anos.
A mudança de
domicílio foi motivada na educação dos filhos. Abandonar a vida pacata da roça,
mas nunca acomodada por Santo, foi difícil, entretanto ele enfrentou todos os
percalços que as mudanças sempre trazem e passou a viver em Brumado com sua
família, numa pequena casa dotada de um grande quintal, no número 324 da Rua
São João, onde hoje, mais ampliada, vive sua esposa, D. Daria, cercada por
vizinhança amiga e acolhedora. Não demorou a cativar grandes e sinceras
amizades também neste seu novo domicílio. A sua gentileza e solidariedade
emolduradas pelo seu sorriso largo, fácil e franco, conquistavam aqueles que o
conheciam. Desfrutar o seu convívio era um privilégio.
Menos de uma
década depois, construiu uma casa contígua à sua para abrigar os seus sogros
que, já em idade provecta, necessitavam de maiores cuidados, companhia e
atenção, onde viveram até o fim de seus dias.
Acalentava
muitos sonhos, e um deles, certamente o principal, era ver sua prole formada,
trabalhando dignamente, realizada e feliz. Seu Santo Dias era, por assim dizer,
um homem a serviço do povo, bom filho e pai de família exemplar. Nutria por
seus filhos e netos uma verdadeira adoração que lhe era, igualmente,
correspondida. Seu árduo labor diário não o impedia de estar sempre presente,
dedicando-se, material e afetivamente, a todos eles. Não chegou a conhecer seus
bisnetos.
Seu Santo Dias
era um homem além do seu tempo, a sua visão alcançava o futuro. Para ele, o
mais importante legado aos seus descendentes era a boa formação. Promover-lhes
os estudos era a chave para uma vida digna e realizadora. Assim, esforçava-se
para comprar livros e mais livros, despertando em seus filhos o gosto pela
leitura, participando das reuniões de pais e mestres, procurando saber o que se
passava no ambiente escolar, examinando cadernos e boletins, enfim,
acompanhando de perto os passos de seus filhos, orientando-os para descobrirem,
por si próprios, o mundo que havia em cada qual deles. Santo Dias era,
pessoalmente, o mentor na iniciação das letras de toda a prole, alfabetizando
os quatro primeiros filhos, ainda na roça, além de ser um pai muito dedicado e
amoroso.
Assim que chegou
a Brumado, montou uma pequena loja de tecidos, localizada na antiga feira
(Trav. Sálvio Azevedo, onde hoje funciona o escritório de contabilidade de dois
de seus filhos), a Loja Deus Te Guie, cujo prédio ele mesmo construiu,
inclusive lavrando toda a madeira nele utilizada, trazida da Baixinha. Tempos
depois, a loja sucumbiu à inadimplência dos fregueses que confundiam política e
amizade com negócios. Foi quando começou a trabalhar na Prefeitura Municipal,
na gestão do então Prefeito Dr. Juracy Pires Gomes, tornando-se, logo depois,
responsável pelo Setor de Estradas e Rodagens.
A olhos vistos
de todos aqueles de seu convívio, Santo Dias fazia da sua função pública um
autêntico e eficaz instrumento para a prestação dos seus vocacionados serviços
assistenciais, não guardando, sequer, feriados, domingos, ou dias santificados
para empreender-se nesse seu labor ininterrupto e diário. Salvo por motivo de
doença, nunca era surpreendido no seu leito após as cinco horas da manhã, e
sempre de bom humor.
Houve uma época
de longa seca em nossa região, maior do que as de costume, e os problemas com a
falta d’água demandaram a criação de um novo departamento no Município, o de
Recursos Hídricos, que foi entregue à direção de Aquiles Dias da Mata, este que
fazia verdadeiros malabarismos para abastecer as caixas d’água do povo,
principalmente o da zona rural, tão sofrido com as inclementes estiagens sempre
assoladoras da nossa região.
Desde muito
cedo, Seu Santo já se interessava pela Política, cooperando com o seu pai nos
assuntos a ela inerentes, nos mais diversos contatos na sede do município. A
exemplo deste, sempre seguiu os correligionários do primeiro prefeito de
Brumado, Armindo dos Santos Azevedo, que teve três mandatos e a vida
interrompida em um trágico acidente rodoviário, em 1967, pouco depois de ter
passado o executivo municipal para o recém-empossado Dr. Juracy Pires Gomes.
Seu Armindo somente perdeu uma eleição para Dr. Manoel dos Santos Carvalho (Dr.
Nezinho, cujo pai, Manoel Joaquim Alves dos Santos, também foi intendente do Município,
1903/4), quando indicou como candidato Hermes Santos. O segundo candidato
indicado por Seu Armindo, Manoel Fernandes dos Santos (fev/1959 a fev/63) – que
se inimizaram ao depois –, mesmo enfrentando a aliança entre o Dr. Sampaio e
Jair Rizério, logrou vitória.
Anteriormente a
administração municipal era delegada a um intendente nomeado pelo Governador do
Estado. Brumado teve treze intendentes, dentre os quais o Cel. Exupério
Pinheiro Canguçu – o primeiro deles (1878/82 e 1887/90), homem culto, com
patente da Guarda Nacional, filho da terra (Bom Jesus dos Meiras) –, Pe. José
Dias Ribeiro da Silva e Cel. Marcolino Rizério Moura. A intendência se encerrou
em 1948, com a assunção do primeiro prefeito eleito, Sr. Armindo dos Santos
Azevedo.
Ainda morador na
zona rural, já dedicava muito tempo à política, trabalhando, voluntariamente,
junto com seu pai em prol da gestão do Prefeito Sr. Armindo dos Santos Azevedo,
por quem nutria amizade sincera, respeito e admiração. Era um apaixonado pela
política, herança do seu pai, Miguel Salu Dias, vereador, presidente da Câmara
pelo Partido Republicano (PR). O que mais o encantava na Política era saber que,
através dela, poderia ajudar os mais necessitados e contribuir para o progresso
da sua terra natal. Nunca a usou em benefício próprio. Fazer lobby na Política ia de encontro aos
valores que mais prezava: a probidade, a justiça, a honradez e, sobretudo, a
dignidade da pessoa humana.
Embora nunca
tivesse se candidatado a qualquer cargo eletivo, Seu Santo Dias trabalhava,
incansavelmente, nos períodos das eleições, para que seus candidatos fossem
exitosos nas urnas. Depois de Seu Armindo, empenhou-se, com todas as suas
forças, pela vitória do então jovem médico Dr. Juracy Pires Gomes que fora
eleito para os mandatos de abr./1967 a jan./71, fev./1973 a fev./77, fev./1983
a dez/88 e tornou-se um líder político muito atuante em nosso Município. Nutria
por Dr. Juracy um carinho especial e defendia-o, com todo fervor, das
maledicências dos adversários políticos da época.
Na política, um
fato curioso envolvendo o biografado merece destaque: as eleições de Prefeito e
Deputados ocorriam em um mesmo evento. Eis que, quando o Seu Armindo enfrentou
Guilherme Leite, pai de Jair Rizério, no dia do pleito, assim que a votação ia
começar, chegou a Correias um mensageiro, vindo da sede do Município,
participando ao pai do biografado que Seu Armindo mandara avisar para não mais
votarem no candidato para deputado que estavam apoiando até então (Manoel
Novaes), mas em outro, cujo nome exibia (Nacyn Gonçalves Fauase). Tão logo o
mensageiro se ausentou, Seu Santo questionou a seu pai a veracidade daquela
mensagem. Este, então, determinou-lhe que arreasse um cavalo e fosse até a
cidade para checar o fato. Santo percorreu três quilômetros e, chegando à
pista, Km 18, entrada para Itaquaraí, dada a urgência, pegou uma carona em um
automotor, que coincidentemente passava no momento, e chegou a seu destino. Aí,
para sua surpresa, consultados os políticos correligionários, foi infirmada a
mensagem. Imediatamente providenciaram outro automóvel para levá-lo de volta a
Correias. Quando lá chegou, alvoroçado, já haviam iniciado a votação, e muitos eleitores
votado no candidato impostor. Às pressas, foram recolhidas as chapas dos que
ainda não tinham votado e trocadas pelas originais (naquela época, cada eleitor
já levava consigo a chapa com o nome dos seus candidatos assinalado e
depositava-a na urna). Até hoje, não se sabe, ao certo, quem protagonizou esse
episódio, embora, dadas as evidências, haja forte suspeita.
Em 1970, foi um
importante defensor da candidatura do seu querido sobrinho-afilhado, Miguel
Lima Dias, à prefeitura de Brumado (01-02-1971 a 31-01-1973), sucedendo Dr.
Juracy Pires Gomes. Trabalhou ombro a ombro com Miguel, Dr. Juracy e todas as
lideranças políticas do PDS em prol da vitória daquele sobrinho que amava como
a um filho. Quanto orgulho se via em seus olhos quando estava ao lado de
“Guezinho”, no palanque, ouvindo o seu bem elaborado discurso que encantava a
todos os ouvintes. Seu Santo, de caneta e papel à mão, em frente ao Fórum
Duarte Moniz, marcava, voto a voto, numa expectativa cada vez mais promissora,
à medida que os votos iam sendo apurados. A vitória de Miguel foi um dos fatos políticos
mais importantes e relevantes em sua vida.
Em 1976, sofreu
um grande dissabor ao ver o seu partido, o PDS, ser derrotado pelo MDB,
encabeçado pelo Sr. Agamenon Santana.
Em 1980, o seu
partido, o PFL, antigo PDS (sucessor da ARENA), sofreu uma nova derrota para o
adversário, o PMDB (sucessor do MDB), com a vitória do então candidato Edmundo
Pereira Santos.
Sempre fiel ao
PDS/PFL – sucessores da ARENA –, sentiu-se moralmente ofendido ao ser
convidado, certa feita, para abandonar o seu partido de filiação e ingressar no
partido oposicionista, tendo-se presente que, à época, vigia o bipartidarismo
político. Indignava-se ao ver correligionários mudando de partido, de acordo
com suas conveniências pessoais, sem pensar no bem-estar da coletividade – finalidade
única da política.
Em 1972, quando
seu filho Aguiberto Lima Dias completou 18 anos de idade, lançou o nome deste
na política, apoiando-o e elegendo-o, com uma quantidade significativa de
votos, a uma cadeira da Câmara de Vereadores, tal qual o seu pai, Miguel Salu Dias
o fora, membro e presidente. Embora muito jovem ainda, Aguiberto, desde o
início, houve-se muito bem no exercício da atividade parlamentar, pois colocava
em prática, dia a dia, os conselhos de seu pai, fazendo política na acepção
social da palavra, corpo a corpo com o seu eleitorado. Aguiberto aprendeu com
ele que a função de um político é, primordialmente, respeitar e valorizar as
pessoas. Hoje, prefeito de Brumado, ainda tem como norte os ensinamentos de seu
pai, para quem a honradez, a honestidade, a justiça e a vontade de ajudar o
próximo são o verdadeiro significado da política.
Em 1984, comprou
de seu sobrinho-afilhado Miguel Lima Dias um bilhete da rifa de um carro em
prol da Casa dos Velhinhos Luíza de Marillac e foi contemplado com um fusca
cinza que o levou a aprender a dirigir aos 60 anos de idade, mostrando-nos,
mais uma vez, que não temia e nem fugia aos desafios que a vida lhe
proporcionava.
DADOS FUNCIONAIS:
Foi exemplar funcionário
do Município de Brumado de 1967 a 29/10/1989. Iniciou no cargo de Auxiliar de Administração
e nomeado, através do Decreto Municipal nº 564/1974, a Diretor da Divisão de
Estradas de Rodagem do Município em 01.02.1974, função que ocupou até janeiro
de 1977.
Com o advento da
posse do Prefeito Agamenon Santana, este, não podendo demiti-lo do cargo de
funcionário público em razão da sua estabilidade funcional, confinou-o (para
tolhê-lo da sua reconhecida influência política em sua comunidade) no
almoxarifado municipal nesta sede, onde nada havia para fazer, portanto
subutilizando a sua mão de obra, numa função que, embora resignadamente e com
altivez, amargurou exercer até janeiro de 1983.
Seguidamente, em
face da derrota do Prefeito Agamenon Santana, reassumiu o executivo municipal o
Dr. Juracy, que editou o Decreto Municipal nº 1246/1983, empossando Aquiles
Dias da Mata como Diretor da Divisão de Recursos Hídricos do Município, no qual
permaneceu até janeiro de 1989.
Era, também, um
homem de inteira confiança de magistrados que passaram por esta Comarca,
destacando-se a digníssima Dra. Magna Maria Pereira Santos, que a ocupou por
longos aproximados dezenove anos, e seu sucessor, Dr. Raymundo Guanaes, homem
igualmente íntegro. Sempre que necessário, designavam-no para exercer a função
de perito oficial (do juízo) nas mais diversas contendas que exigiam esse
expediente, sendo as mais comuns as ações possessórias na zona rural, não
somente pelo amplo conhecimento do nosso Município, mas, sobretudo, pela sua
competência, denodo, caráter, grande senso de justiça, respeito e confiança das
partes conflitantes. Todo esse serviço ele prestava sem qualquer custo para os
envolvidos nem para a Justiça.
Recentemente, o
Poder Legislativo Municipal prestou-lhe uma justa e merecida homenagem com a
troca do nome do importante antigo Bairro do Mercado para Bairro Santo Dias,
mercê de indicação do então Vereador Miguel Lima Dias, com recepção e aprovação
à unanimidade dos seus pares. O contemplativo Decreto, sancionado pelo Prefeito
Eduardo Lima Vasconcelos, recebeu o nº 030/2010.
Em 1989, não
pôde vencer o mais triste, difícil e derradeiro desafio que o destino lhe impôs
nesta sua promissora existência terrena: sucumbiu, ainda novo, ao inexorável
ditame da morte. Depois de descoberta a enfermidade que o acometera, ficou em
tratamento em Salvador por exatos 52 dias. Apesar da lancinante dor que o mal
incessantemente lhe impingia, lutou com dignidade e resignação, como sempre o
fez, em todos os momentos de sua vida.
No dia 09 de
outubro de 1989, veio a falecer no Hospital Espanhol, em Salvador, vítima de
mieloma múltiplo, ceifando, assim, fisicamente o grande arvoredo que foi Seu
Santo Dias, sem antes, porém, pedir que seu sepultamento fosse acompanhado da
banda musical de nossa cidade, a Fanfarra, que tinha, entrementes, como integrante
o seu irmão mais velho, Tibúrcio – à semelhança do enterro do seu pai –. Essa
atitude deu provas de que nem a funebridade era capaz de angustiá-lo. O cortejo
fúnebre, em face da multidão de integrantes das mais diversas localidades e
classes sociais que, consternada, seguia-o, prestando-lhe a última homenagem, evidenciava,
aos olhos dos presentes, o quanto Seu Santo era querido. Seus restos mortais
estão depositados no Cemitério Senhor do Bonfim, nesta Cidade.
Faleceu Seu
Santo Dias! Chega ao fim a vida de um cidadão honrado, digno, trabalhador,
justo, amigo, enfim, um “Sujeito Gente Boa”, mas os legados benfazejos, que
tatuaram sua passagem pela terra e que servirão de exemplo para a posteridade,
perdurarão.
Fonte: Raimundo, Ramon, Ruimar, Nifra, Aguiberto,
Givanei, Nilzete e Neuma Lima Dias (filhos); Dilson da Mata Dias (irmão);
Miguel Lima Dias (sobrinho); e Érico Dias Lima (amigo contemporâneo).
Antonio Novais
Torres
Brumado, em
09/10/2013.