sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Larissa Torres

LARISSA TORRES

            Larissa Torres Chores nasceu em 5 de novembro de 2013, em Vitória da Conquista-BA, na Casa de Saúde São Geraldo, de parto cirúrgico (Cesariana). O médico cirurgião-geral, obstetra e ginecologista, Davi Cortes dos Anjos, fez o acompanhamento do pré-natal nos últimos meses da gravidez e também o parto, com muito sucesso.
            É filha de Adriana da Silva Torres e de Victor Hugo Chorres Rodríguez. Ela é profissional (fisioterapeuta) com funções em Salvador-BA, porém preferiu ter a filha mais perto da mãe, contando com o apoio e a experiência desta no trato com o bebê.
            Larissa nasceu saudável para gáudio de todos os familiares. Anunciou, ao mundo, a sua chegada através do choro característico, para viver entre os seus, amada e com, se Deus quiser, a harmonia pretendida. Preencheu o vazio existente nos avós, que se encontravam sozinhos, visto que os filhos moram em outras cidades, onde trabalham. Também ali se casaram, e as exigências matrimoniais vêm acompanhadas de conveniências nutridas pelo amor divinal e sublime das partes que se completam.
            O nome Larissa é de origem grega e significa cheia de alegria. Adriana escolheu esse nome para a filha em virtude de ser aficionada por Ballet e fã ardorosa da famosa bailarina russa Larissa Hezhniana, primeira bailarina do Ballet Nacional Holandês (de Amsterdã).
            Nas pesquisas feitas na internet, foram encontrados os seguintes dados, com adaptações inseridas, sobre o perfil do nome Larissa: “Personalidade marcante, inteligente, vai aprender a falar muito cedo. Rapidez de raciocínio, vai absorver tudo que lhe for ensinado ainda em tenra idade. É necessário estimular o aprendizado através de livros especializados e adequados à idade, ensinar boas maneiras, diferenciar e nomear as cores, as partes do corpo, o som e vozes dos animais etc.             Vai adorar ouvir e cantar músicas, ouvir histórias e fazer representações. Com seu carisma, vai conquistar a todos. Com relação ao destino, vai ser uma criança sensível e evoluída, capaz de perceber coisas que outras não têm a capacidade de perceber: quando a mãe estiver triste, ela logo vai notar e oferecer-lhe carinho e solidariedade. A fome de aprender estará nas perguntas que fará, tentando entender as coisas à sua volta e quais os seus significados”.
            “Larissa nasceu para deixar sua história marcada na humanidade. Será uma pessoa inventiva e, desde cedo, demonstrará essas ideias com criatividade. Ainda que sejam coisas simples, demonstrará as diferenças da sua inspiração e de sua atuação. Carismática, envolverá os seus colegas com o seu modo de ser pelas novidades apresentadas. A sua atividade criadora, inspirada no pensamento positivo, vai determinar o seu carisma”.
            Larissa ganhou muitos presentes de amigos e familiares que visitaram a “alegria”. Em homenagem a ela transcrevo a citação de Sarcrozzi:
            “Quebre as regras,/Perdoe rápido,/Beije lentamente,/Ame de verdade,/Ria descontroladamente,/E nunca lamente nada/ que tenha feito você sorrir”
            Viva Larissa!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

ARTHUR REVENSTER COSTA

BIOGRAFIA
ARTHUR REVENSTER COSTA
*08/08/1889
†06/12/1969


            Arthur Revenster Costa nasceu na Fazenda Lagoa Branca, em Lagoa Real – distrito de Caetité, na época –, em 08/08/1889. Era filho de Cincinato Simões Costa e Theolinda Simões Costa.
            Casou-se aos 18 anos em primeiras núpcias com a professora Tarcila de Uzeda Costa, na cidade de Bonito, no ano de 1907. O nome do lugar foi alterado para Igaporã, de acordo com o decreto-lei estadual n. 141, de 31/12/1943, confirmado pelo decreto estadual n. 12.978, de 01/06/1944.
            O casal teve os seguintes filhos: Mirthes de Uzeda Costa (professora), Walquira de Uzeda Costa (médica) e Orlando de Uzeda Costa, falecido enquanto ainda era acadêmico de medicina.
            Arthur veio para Brumado em 1912, acompanhando a esposa que fora transferida para servir nessa localidade.
            Enviuvou-se em 1915 e aos 31 anos de idade. Casou-se em segundas núpcias em 25 de setembro de 1920, na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Meiras, casamento celebrado pelo padre José Dias Ribeiro da Silva, com a funcionária pública Theodolinda Olímpia de Souza de 19 anos de idade. Foram testemunhas Marcolino Rizério Moura, Aureliano de Alves de Carvalho. Theodolinda trabalhou por muitos anos na Prefeitura Municipal de Brumado. Ela era natural de Jequié/BA e filha de Olímpio José de Souza e Ana Joaquina de Souza.
            Adotou Dalcy Lula Souza Lima, que se tornou esposa de Erico Dias Lima (que via em Arthur um segundo pai), e registrou como filha Ana Maria de Souza Revenster.
            Cursou apenas o primário. Estudou com o professor Santana, em Caetité, e foi influenciado pelo rábula Juvêncio, que tinha o apelido de “Mutuca”, a trilhar o caminho do Direito com bastante êxito e competência. Era um autodidata renomado pelo conhecimento adquirido através de estudos do conhecimento jurídico, bem como por sua cultura geral, inerente à sua personalidade de estudioso e pesquisador.
            Foi-lhe outorgada a carta patente com o título de Capitão da Guarda Nacional. Era músico e regente de banda muito perfeccionista, comportamento, aliás, visto em todas as suas atividades.
Ingressou na prefeitura em 19 de abril de 1914 ainda com o nome de Bom Jesus dos Meiras até 19 de abril de 1957 (Brumado) ocupando vários cargos e se aposenta nessa empresa com 44 anos de serviços, por limite de idade, conforme previa a lei.
            Foi assessor dos intendentes administradores do município, desde o mandato de Major Aureliano Alves de Carvalho (1921-1922), quando foi construído o prédio da antiga prefeitura de Brumado – em 1922. Continuou nos mandatos de Marcolino Rizério Moura (1938-1948) e dos prefeitos Armindo dos Santos Azevedo, por três mandatos (1948-1951, 1955-1959, 1963-1967), e Manoel Joaquim Alves Carvalho (1951-1955), também conhecido como Dr. Nezinho.
            Foi Conselheiro de Paulo Afonso Valverde Chaves, o qual foi recomendado pelo pai, Coronel Paulino Afonso Chaves (1890-1968), para que Arthur o orientasse e o encaminhasse.
            Em honra ao emérito provisionado que dedicou serviços incomensuráveis ao poder público, a Câmara Municipal, por unanimidade, em vista disso, em 24 de maio de 1962, através do projeto 3/62, denominou um logradouro no centro da cidade com o nome “Arthur Revenster Costa” e nessa mesma data outorgou-lhe o título de cidadão brumadense. A sua esposa Theodolina Revenster, também foi homenageada nominando uma rua no Bairro São Félix.
            Trabalhou na empresa Magnesita S.A. como assistente jurídico no período de 1940 até 1967, e na qualidade de provisionado foi um dos primeiros advogados da empresa e certamente de Brumado.
            Participou de todos os movimentos e eventos públicos e cívicos da cidade entre as décadas de 1930-1970.
            O advogado provisionado, também chamado de rábula, era uma pessoa retraída, mas de grandes conhecimentos jurídicos, os quais utilizava para responder aos adversários e aos detratores. É como popularmente se diz: “fraco em oratória e forte na caneta”. Isso não o impediu de exercer a profissão. Fez defesas memoráveis! Duas de suas virtudes eram a competência e a responsabilidade profissional. Foi um escrupuloso perfeccionista em sua profissão, com vasto conhecimento jurídico e das leis inerentes ao assunto que defendia.
            Todo o trabalho era executado com capricho e atenção. Nada passava sem seu crivo de análise técnica. Especializou-se em normas e princípios básicos que regem a organização política do Estado, suas leis, sua forma de governo, o funcionamento dos poderes políticos, os direitos individuais e a participação do Estado nos vários aspectos da sociedade – social, econômico, cultural etc. –, dando orientação e suporte aos seus clientes e aos prefeitos com quem trabalhou.
            Para o exercício da profissão de advogado provisionado, submeteu-se a uma prova de conhecimentos jurídicos no Superior Tribunal de Justiça da Bahia (STJ/BA), em 4 de maio de 1934, sendo aprovado. Sempre que renovava a autorização, reciclava-se para obtenção de nova concessão para a prática do ato jurídico.
            Registrou-se na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sob o número 36 e registro número 41, em 18 de maio de 1934, com aprovação do STJ/BA, para atuar nas Comarcas de Ituassú (Ituaçu), Caetité e Minas de Rio de Contas. As renovações eram feitas pelo Conselho da OAB do Estado, que lhe atribuiu permissão para exercer, permanentemente, a profissão nas Comarcas de Ituassú (Ituaçu), Caculé e Brumado, excluindo Minas de Rio de Contas, nos termos da Lei 794 de 29 de agosto de 1949. A decisão do Conselho aconteceu em 28 de julho de 1951.
            Aposentou-se por velhice em 12 de dezembro de 1968 e faleceu em 6 de dezembro de 1969, com 80 anos. Seu enterro ocorreu em Brumado, no cemitério Senhor do Bonfim (Cemitério velho).
            Para ilustrar o assunto, esclarecemos que o provisionado era aquele que não tendo curso de Direito, recebia autorização da OAB para advogar em juízo de primeira instância, com início a partir da década de 1930.
            Esses profissionais “práticos” relacionavam-se a diversas profissões, como a de dentista, por exemplo. Os práticos, sem conhecimento técnico do assunto e que exercem a profissão sem diploma, eram tolerados por absoluta falta de profissionais formados na área, principalmente no interior, que não contava com serviços essenciais indispensáveis aos cidadãos.
            A provisão era concedida inicialmente pelo Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) e, em seguida, pela OAB, desde a década de 1930 até a extinção nas décadas de 60-70, quando houve um movimento dos profissionais formados pela regulamentação profissional dos advogados e a advocacia passou a ser prerrogativa dos bacharéis em Direito. Antes desse movimento, no entanto, era possível.
             O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da lei 4.215, de 27 de abril de 1963, estipula no art. 47 o seguinte:
“A Ordem dos Advogados do Brasil compreende os seguintes quadros: advogados, estagiários e provisionados”.
            Aqui na Bahia, em Salvador, dentre outros rábulas, destaca-se o famoso Major Cosme de Farias, conhecido como “Advogado dos Pobres”, pela assistência caritativa que devotava a eles sem a exigência de honorários ou de qualquer recompensa pelos serviços prestados.
            Arthur era um advogado provisionado que se destacava pela inteligência, pelo conhecimento jurídico, pela competência técnica, pelo escrúpulo de fazer os trabalhos com perfeição, e carregava em seu íntimo a sensibilidade pessoal. Era incapaz de ferir ou de maltratar alguém com palavras e atos ásperos. Contou com a admiração não só dos colegas provisionados, como dos formados. Nessa condição, contribuiu muito para o engrandecimento da classe.
            Fontes de informação:
 Albânio Souza Lima e Erico Dias Lima, aos quais agradecemos pela colaboração;
Pesquisas no arquivo da Prefeitura de brumado.

Antonio Novais Torres

 Brumado, 26/05/2012.

ARMINDO DOS SANTOS AZEVEDO


ARMINDO DOS SANTOS AZEVEDO

*02/10/1899†17/04/1967






Armindo dos Santos Azevedo nasceu na cidade de Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado, no dia 2 de outubro de 1899. Era filho de Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena Santos Azevedo. Conviveu em família com os irmãos: Alcebino, Isolina, Idalina, Idália, Abias, Iônia, Gerôncio, Gerson, Lindolfo e Agnelo dos Santos Azevedo.

Casou-se com Geminiana Cardoso Azevedo, na cidade de São Sebastião, hoje Ibiassucê, no dia 4 de abril de 1923. Dessa união nasceram: Miriam dos Santos Azevedo, que após o casamento passou a assinar Miriam Azevedo Gondim Meira, Sálvio dos Santos Azevedo, Wilson dos Santos Azevedo, Washington dos Santos Azevedo, Almir dos Santos Azevedo, Afrânio dos Santos Azevedo, Armida Maria Azevedo, Salvador dos Santos Azevedo, Fernando dos Santos Azevedo, Alberto dos Santos Azevedo e Maria Stella dos Santos Azevedo. Esta, após o casamento, passou a assinar Maria Stella Azevedo Dourado. Do total de 15 filhos, todos nascidos em Brumado, dois morreram ao nascer e dois faleceram com mais de ano.

Armindo dos Santos Azevedo estudou em Brumado, cursou apenas o primário. Inicialmente trabalhou como feirante, dando início a sua vida profissional como comerciante e também como pecuarista. Posteriormente abriu a Loja “Primavera” com ramo diversificado: armarinhos, tecidos, calçados e afins. A loja localizava-se na Praça Coronel Santos, a qual hoje leva o seu nome. Paralelamente às atividades comerciais do ramo lojista, exercia a compra e venda de algodão em capulho. Também beneficiava o produto na “usina do governo” e o revendia já em pluma. Exercia ainda a atividade pecuária em suas fazendas, principalmente em Ribeirão do Salto, localizada na divisa com o Estado de Minas Gerais. Posteriormente, transferiu o comércio lojista para o filho Almir Santos Azevedo que deu continuidade até o ano de 1980.

Em 1947, ingressou na política pelas mãos do político Coronel Marcolino Rizério Moura (UDN), tendo como intermediário da indicação o compadre Hermes Santos, que tentou algumas ponderações, mas foi instruído pelo coronel a fazê-lo sob sua responsabilidade, pois a indicação era pessoal.

Com o fim da ditadura de Getúlio Dorneles Vargas, candidatou-se ao cargo de prefeito pela União Democrática Nacional (UDN), para o período de 1948-1951, sendo o primeiro prefeito de Brumado eleito pelo voto popular e alvo de aplausos na solenidade de posse. Foi eleito por mais dois mandatos 1955-1959 e 1963-1967.

Dentre várias realizações de seus governos, destacam-se: luz elétrica a motor, através de grupo gerador de energia a óleo diesel; água encanada vinda do Riacho do Bate-pé, com tubulação adquirida por meio do deputado Manoel Novais; construção do Grupo Escolar Getúlio Vargas (em convênio com o Estado da Bahia); construção do Fórum Duarte Moniz (lei 257/64 de 4/12/1964, com inauguração em 1966), situado na Rua Dr. Mário Meira, nº 79, hoje localizado em novo prédio, na Rua Rio de Contas, nº 3, bairro Nobre, com doação do terreno pela prefeitura municipal ao TRT da 5ª Região, para construção do novo fórum em Brumado, com área de 2.724,55 m²; abertura de várias ruas e avenidas, inclusive a Mestre Eufrásio (antigo campo de aviação), com distribuição de lotes para a classe menos favorecida; construção de estradas; pequenos açudes e pontes na zona rural; construção da Praça Coronel Santos em 1957, atual Praça Armindo Azevedo (através da Lei nº 331, de 26 de maio de 1967, no governo do prefeito Juracy Pires Gomes passa a chamar-se Praça Armindo Azevedo, transferindo o nome da Praça Coronel Santos para a “Rua de Conquista” que passou a chamar-se Avenida Coronel Santos); construção das capelas Nossa Senhora da Conceição no Esconso e Imaculada Conceição em Cristalândia; construção do Matadouro Municipal no bairro do Tanque, conforme Lei 319 de 13/12/1966; construção e conclusão da Barragem de Pedra e Cal, com comporta, sobre o Rio do Antônio, nas imediações da antiga ponte denominada “Ponte de Julião”, também conhecida com o nome de “Barraginha de Seu Armindo”, ligando o bairro São Félix ao centro da cidade; construção da ponte Virgílio da Costa Ataíde sobre o Rio do Antônio, no lugar denominado “Cachoeira”, iniciativa do vereador Beltrão Gomes Ataíde que homenageou o seu pai.

Em 1967, ao concluir o seu mandato, transmitiu o governo ao seu sucessor Dr. Juracy Pires Gomes para o período de 1967-1971, na mais perfeita ordem pública e tranquilidade. Este foi eleito para mais dois mandatos 1973-1977 e de 1983-1989.

Ressalte-se que o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos, em 29/12/2012, homenageou o ex-prefeito Armindo dos Santos Azevedo, erigindo o busto deste, acoplado a um pedestal recoberto de granito, na praça que leva o seu nome, com aplausos de familiares e convidados.

A vereadora Esther Trindade Serra, autorizada pela família enlutada, falou da morte prematura de que foi vítima o ex-prefeito Armindo dos Santos Azevedo e o seu filho Sálvio dos Santos Azevedo e mais dois passageiros do veículo sinistrado. O desastre rodoviário se deu no dia 17 de abril de 1967, na estrada Brumado-Itabuna, no lugar denominado “Pilãozinho”, no município de Itapetinga. Houve uma comoção geral na cidade, porquanto Armindo dos Santos Azevedo era uma liderança querida e respeitada no município de Brumado.

 Foi decretado pelo prefeito em exercício luto oficial de cinco dias. Foram apresentadas moções de pesar destacando as qualidades do ex-prefeito como homem digno, probo, eficiente, homem público simples, amigo do povo. Cidadão de virtudes cívicas e morais irrepreensíveis, além de chefe de família exemplar. Todas essas qualidades foram exaltadas pelo presidente da Casa e os demais vereadores, inclusive pelos adversários políticos.

 Nominaram na Vila Presidente Vargas em 29 de abril de 1998 a Escola Armindo dos Santos Azevedo.

PRONUNCIAMENTOS:

Geraldo Leite Azevedo: Armindo foi um tio muito atencioso, gostava muito de mim, fazia questão de me ouvir falar sobre qualquer assunto e até franqueou a palavra para eu discursar na ocasião festiva (em almoço comemorativo com lideranças políticas locais e estaduais, deputados, juízes e desembargadores), após a inauguração do Fórum Duarte Moniz. Foi, sem dúvida, um grande homem, um grande prefeito e, certamente, a maior e mais respeitável liderança política da história de Brumado.

Evan dos Santos Azevedo: Em 1962, Armindo dos Santos Azevedo, Tio Mindo, como o tratava, foi candidato a prefeito de Brumado em seu terceiro mandato para o período de 1963 até 1967 e eu fui candidato a vereador. Ele elegeu-se, e eu fiquei na primeira suplência. Em 1963, Dona Theodolinda de Souza Revenster (Dona Dolinda), então tesoureira da prefeitura, aposentou-se. Para substituí-la, fui convidado pelo prefeito Armindo. Assumi a tesouraria, permanecendo aí até meados de 1965. Quando faleceu o vereador Miguel Mirante (PR), eu era o substituto legal. Naquela oportunidade, dirigi-me ao prefeito e perguntei-lhe onde eu seria de maior utilidade para ele: como vereador ou como tesoureiro? O gestor foi enfático: “Você deve permanecer na tesouraria”. Renunciei ao mandato e, em meu lugar, assumiu o segundo suplente, senhor Gonçalo Pedro da Silva. Fui fiel ao prefeito, renunciando ao mandato, permanecendo na tesouraria, que era a menina dos olhos do alcaide, o qual nos confiou essa missão que cumpri com seriedade e honestidade, como queria o prefeito Armindo dos Santos Azevedo, e era a nossa obrigação profissional, agir em cumprimento da lei.

Continuando, Evan ainda relatou: Tio Mindo era um político muito espirituoso e tinha ampla visão das questões políticas locais, conhecia como ninguém os meandros e os bastidores que envolviam a política do município. Na linguagem popular, era o que se chama de “Raposa política”.

Nesse contexto, conto um acontecimento ocorrido na campanha de 1962. Eram candidatos a prefeito de Brumado Armindo dos Santos Azevedo pela legenda do (PR), Dr. José Borges Sampaio pelo (PSD) e Jair Cotrim Rizério pela (UDN). Fui autorizado a propor a Armindo uma aliança política no sentido de a UDN local apoiá-lo. Ocorre que Armindo, ao tomar conhecimento do fato, não aceitou a proposta. Preferiu enfrentar os concorrentes, pois, na sua visão, tinha chance de se eleger sem o apoio da UDN. Resultou que, no pleito, Armindo ganhou as eleições com 58 votos de frente para o Dr. José Borges Sampaio (PSD).


Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br

Brumado, em 29/12/2012. 

ARLINDO MAGNO STANCHI - MÉDICO

BIOGRAFIA DE DR. ARLINDO MAGNO STANCHI
E ANA LÚCIA SIMAS STANCHI

Arlindo Magno Stanchi nasceu em Pojuca/BA, no dia 06 de abril de 1934. Era filho de Júlio Magno Stanchi e Alice de Araújo Marques Stanchi.
Foi criado em Salvador, onde cursou o primário na Escola Castro Alves e posteriormente encaminhou-se para os estudos superiores. Prestou vestibular em 1958. Formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia em 06/12/1963, com carteira profissional médica do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia nº 1.794 e foi inscrito no CREMEB sob o nº 1828, na data de 17/03/1965.
Casou-se com a também médica Ana Lúcia Simas, natural de Salvador/BA, nascida em 31 de maio de 1937, filha de Herval Caldas Simas e Ramalha Caldas Simas. Após o casamento, ela acrescentou ao nome o sobrenome Stanchi do marido, passando a assinar Ana Lúcia Simas Stanchi. Dessa união, nasceram as filhas: Katia Simas Stanchi, natural de Livramento de Nossa Senhora, nascida em 08/05/1965 e Tatiana Simas Stanchi, nascida em Salvador, no dia 19 de julho de 1967.
Ana Lúcia é inscrita no CREMEB com o nº 1963, desde 23/12/1966. Exerce as funções de Ginecologista e clínica geral. Formou-se na Universidade Federal da Bahia, em 06/12/1963 e fez Residência em Ginecologia na Maternidade Climério Oliveira. Atendia, em Brumado, no Posto de Saúde, no consultório particular na Rua Dr. Mário Meira, 54 e nas residências quando chamada. Atendeu por algum tempo em Aracatu. Por motivo de saúde, mudou-se para Salvador, onde residem as filhas.
Em Salvador, Arlindo exerceu atividades de medicina: como interno e estagiário concursado, na Maternidade Tsylla Balbino, nos anos de 1960/1962 e 1962/1964 respectivamente; interno nomeado pela Prefeitura Municipal de Salvador, para o Posto de Hidratação Dr. Virgílio de Carvalho, bairro Massaranduba, de 1961 a 1964; atendente interno para servir no Hospital Manoel Vitorino, no período de 1962 a 1964; contratado da LBA – Legião Brasileira de Assistência – para servir durante o ano de 1961, no serviço de Reidratação Infantil; interno do Hospital Getúlio Vargas (Pronto Socorro), nos anos de 1960 a 1963; estagiário da Maternidade Climério Oliveira, nos anos de 1962 a 1963; Estagiário do Hospital Edgard Santos (Hospital das Clínicas), nos anos de 1960 a 1963; estagiário do Hospital Juliano Moreira (Manicômio Judiciário) nos anos de 1962 a 1963; estagiário do Hospital São Jorge, em 1961/1963; estagiário do Instituto de Medicina Legal Nina Rodrigues (IML), nos anos de 1962 e 1963; participante do V curso de Medicina e Cirurgia de Urgência promovido pela Associação Bahiana de Medicina, no período de 03 a 31/07/1963; participante do curso de Obstetrícia da Maternidade Tsylla Balbino no período de 1961 a 1963.
 Exerceu inicialmente a profissão em Livramento de Nossa Senhora, nomeado e designado para o Posto de Saúde e médico responsável pela Unidade Sanitária de Livramento no período de 01/04/1965 a 27/06/67. Em 1967, foi transferido para Brumado, onde fixou residência. Foi médico chefe do Posto de Saúde de Brumado de 27/06/1967 a 20/01/70; médico responsável pela Unidade Sanitária a partir de 27/06/1967; em 1984, foi contratado pela Secretaria da Saúde da Bahia para servir no Hospital Regional Professor Dr. Magalhães Neto (19ª DIRES BRUMADO), servindo como médico plantonista até 1987 e, a partir dessa data, exerceu a chefia da Clínica Obstetrícia.
TITULAÇÕES: certificado de participação do VI Treinamento Intensivo de Pessoal em Tuberculose, pelo Centro de Treinamento da FUSEB, de 30/11 a 02/12/78; certificado de participação do Seminário Regional para Assuntos de Saúde, pelo Centro de Treinamento da FUSEB, de 23 a 24/01/1979; certificado de participação de Treinamento de Tuberculose, pelo Centro de treinamento da FUSEB, de 08 a 10/04/81; certificado de participação do I Simpósio Médico de Caetité, realizado pelo Hospital e Maternidade Santana de Caetité, em 21/07/1984; certificado do Programa de Atualização Médica, patrocinado pelo ISEB nos dias 19 e 20/04/1985; certificado de participação do Encontro de Médicos e Supervisores sobre vacinação, patrocinado pelo ISEB em 25/05/1984; certificado de participação do Curso de Formação para Multiplicadores da Área de Controle de Hanseníase no período de 09 a 13/11/1987, pelo INAMPS; membro colaborador da Revista Profissional e Cultural, Médico Moderno, a partir de janeiro de 1966; membro colaborador da Revista Profissional e Cultural PEDIATRA MODERNO, a partir de 1966.
ESPECIALIZAÇÃO: Certificado de Especialista em Medicina Interna conferido pelo Conselho Federal de Medicina em 13/04/1984; registrado no Conselho Regional de Medicina nas especialidades: Pediatria, Medicina Interna, Ginecologia e Obstetrícia.
Foi colaborador do Jornal local Tribuna do Sertão, na coluna Nossos Poetas, com circulação em várias cidades do Sudoeste baiano. Foi médico, poeta, escritor e articulista eclético. Compôs o Hino para Brumado, com música de Wilson Cai-Cai, em 17/08/1993, que pretendia ser o hino oficial do município. Foi membro colaborador da Fundação Hospitalar de Brumado desde a sua formação. Foi nomeado Conselheiro da Fundação Hospitalar de Brumado em agosto de 1981. Foi Presidente eleito para a Fundação Hospitalar de Brumado, no período de 1981 a 1986, oportunidade em que repassou o hospital para a administração do Governo do Estado da Bahia, que o remodelou, reestruturou e ampliou.
Desde junho de 1967, propugnou ao Estado da Bahia a implantação da Diretoria de Saúde de Brumado (DIRES), solicitação atendida em 1984, após 17 anos de luta, passando a funcionar em 1985; conseguiu com o Secretário da Saúde, Dr. Ubaldo Dantas, no Governo de Roberto Santos, a ampliação do Posto de Saúde, transformando-o em Centro de Saúde, ampliando o atendimento com novos serviços: vacinações, pré-natal, enfermagem, puericultura, tratamento de Tuberculose, educação sanitária, vigilância sanitária e ampliação do quadro de funcionários; conseguiu, em convênio com a Prefeitura Municipal e o Governo Roberto Santos, a construção de seis Postos de Saúde (Arrecife, Cristalândia, Itaquaraí, Samambaia, Ubiraçaba, Umburanas).
Em 1967, ao chegar a Brumado, com a ajuda e dedicação dos enfermeiros práticos Manoel Araújo Lima, Jeremias Lima e Dejaniro Leite, debelou a Varíola epidêmica que assolava o município com vacinação em massa, obtendo êxito de um trabalho difícil para a erradicação da epidemia. Em 1975, erradicou a Meningite que grassava por aqui. Conseguiu, com o PONAS-INAN, por 15 anos, o Programa de Complementação Alimentar para Gestantes e Crianças; Desde 1967, no Governo Médici, conseguiu medicação para o Centro de Saúde, incluindo Brumado na Central de Medicamentos (CEME); Erradicou, a partir de 1967, a Poliomielite, a Coqueluche, a Difteria e outras doenças por meio da realização de uma série de vacinações.
Era credenciado de várias entidades: DENOCS (1967), CASSI (1971), CAMUP (1973), IAPSEB (1982), PLANSERV/SESEF (1994), OAB (1994).
Foi sócio fundador, vice-presidente e 2º presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas e Idosos de Brumado. Era sócio proprietário do Clube Social Cultural e Recreativo de Brumado desde 1973. Em 1976, foi interventor do Clube Cultural Social Recreativo de Brumado, quando formou um grupo e constituiu diretoria provisória, destituindo o presidente Florisvaldo Nascimento. Foi eleito presidente do Conselho Fiscal durante o período da intervenção; em 1976, foi eleito vice-presidente do Clube, cargo exercido de 1976 a 1978. Na qualidade de vice-presidente, foi idealizador da construção das piscinas e avalizou, como pessoa física, o empréstimo para a construção da obra. Depois foi eleito presidente do Conselho Deliberativo para o exercício 78/80. Interrompeu o cargo para exercer o ofício de presidente do Clube nos anos de 1980/1982.
Como presidente do Clube Social, incentivou todos os setores com incontáveis realizações: bailes memoráveis com orquestras famosas da Bahia. Brindes e prêmios para as melhores fantasias do Carnaval. Ampliou o quadro social, multiplicando o número de associados. Promoveu diversos esportes, como natação, handebol, futebol de campo, Judô, Caratê, voleibol, futebol de salão. Realizou torneios com a devida premiação aos campeões vencedores. Foi a fase áurea do clube Social. Devido a sua competente administração, foi agraciado com o título de Sócio Honorário (1983), na gestão de Roberto Malavasi, e Sócio Remido (1985) na gestão de Lúcio Carlos Cruz dos Santos, pelos relevantes serviços prestados.
PARTICIPAÇÃO NO ESPORTE: Foi agraciado como sócio e Patrono do Real Atlético de Futebol e posteriormente eleito Diretor do Conselho Deliberativo do Clube.
Integrou-se à sociedade brumadense como profissional competente e como cidadão social, praticando atitudes dignificantes ao ser humano. Destarte recebeu da Câmara Municipal homenagem por meio do Projeto de Resolução 01/88, de autoria do vereador Osmar de Souza Moura, em 27/12/1991, outorgando-lhe o título de cidadão brumadense com votação unanime da Câmara de Vereadores. O título de cidadão brumadense ao médico Arlindo Magno Stanchi foi justificado pelos relevantes serviços prestados à comunidade brumadense no campo médico, social e cultural. Empresário, entrou no comércio de Agropecuarista, sendo proprietário de uma fazenda no município de Brumado de 28/11/78 a 18/04/94, quando foi vendida.
Em 1976, no concurso “RIDEL” de Poesia, recebeu menção da Academia de Letras Militar do Brasil com o diploma “Menção Especial”. Também, em 1996, foi recepcionado com “Menção Honrosa” pela Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES, classificado em 5º lugar. Faz versos e poemas desde a idade de oito anos. Era uma personagem com bagagem cultural diversificada. Costumava dizer: “É preciso ler para aprender”.
Em 13/02/1993, participou da 2ª Vitrina Cultural do Município de Rio do Antônio/BA e recebeu o diploma de participante. Entre 19/06/1993 e 07/08/1993, elaborou e ministrou o 1º Concurso de Regras Básicas da Poesia a uma turma de dezesseis alunos no Colégio Estadual de Brumado e forneceu certificado de conclusão do curso aos participantes em seção solene e um recital de poesias, do qual participaram os alunos do curso com a presença de espectadores e convidados.
OBRAS PUBLICADAS E A PUBLICAR: Lágrimas do Coração, 1956 (sonetos); Cios do Amor, 1990 (sonetos); Sussurros D’Alma, 1996 (sonetos); Filhos da Terra, 1996 (sonetos – participação) com o patrocínio da Diretoria Municipal de Educação e Cultura (DEMEC); Seis coroas de sonetos; Pétalas de amor (sonetos); Brilhantes Cintilantes (sonetos); Gemidos dos sentimentos (sonetos de amor): A Musa canta (sonetos); Canteiro de reminiscência (sonetos); Suspiros infinitos (poemas); Retrato de Mulheres; Do Âmago do consciente (sonetos); Inerência a dois (Epopeia ao amor); A Liberdade: um sonho que não morreu (crônicas); A existência de Deus (crônica).
Afirma no soneto Gênio da Poética: “A poética está dentro de mim, /Fervendo como água borbulhante;/Num impulso intrépido, sem fim,/Vai inchando o meu cérebro gigante [...] ”. E arremata com o soneto Soneteiro Superfino: “Sei que jamais serei um Castro Alves,/Tampouco Machado de Assis./Rogo, apenas, que meus sonetos salves,/Co’os tis nos as e os pontos nos is.//Nas publicações, quero que ressalves,/Que ninguém plagiei. Dou alguns bis./Dize aos Bilaques, fala aos Gonçalves,/Que exoro São Francisco de Assis.//Sei que sou soneteiro superfino!/Faço versos de todas as maneiras./Comecei a escandi-los bem menino./Na poética, bendigo as companheiras.../Compor versos não é hobby, é destino./Minhas musas são magas feiticeiras”.
Segundo declarações feitas no soneto O Dia da primeira comunhão: “[...] Jamais senti alegria tão sentida. /Ah! O dia da primeira comunhão/Foi o dia mais feliz da minha vida!”. É católico de coração. Teve participação ativa nessas áreas e, na qualidade de médico, deu a sua contribuição caritativa aos necessitados de seus préstimos profissionais.
O médico enfatiza no soneto Divina Profissão, também publicado no livro Sussurros D’alma: “Depois de Longos anos de estudo,/Consegui diplomar-me em Medicina./Da mesma fiz mito, meu escudo,/Por ela minha vida peregrina.//Na arte-de-curar, faço de tudo,/Emprego o que a ciência me ensina./É’stafante ser médico, contudo,/Dia a dia mais me engajo na rotina//O trabalho consiste em suspeitas,/Consultas, cirurgias e receitas,/No intuito de banir o mal... a dor...//Buscando o melhor pro paciente,/Procuro ser honesto, competente,/Todo Divinal. Como vós, Senhor!”.
Doutor Arlindo Stanchi especializou-se em fazer sonetos. Em sua conta, já produziu mais de dois mil, publicados e a publicar. Isso o credencia na arte de poetar como versejador sem igual, o que o envaidecia sobremaneira. Publicou vários poemas nos jornais A TARDE e Jornal da Bahia (1950), A Tribuna do Sertão, como colaborador da coluna Nossos Poetas, com sonetos, poemas e textos em prosa, contribuindo com seus textos literários para a cultura de Brumado e região.
EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS EXTRAMEDICINA: escriturário da firma D. Villas-Boas Ltda. de agosto/1949 a dezembro de 1949; escriturário da firma Armando Ferreira e Cia (Loja Duas Américas) em Salvador, de dezembro de 1949 a fevereiro de 1952; renovador e cobrador de Seguros da Cia. Internacional de Seguros de Salvador/BA, de agosto de 1952 até fevereiro de 1953; auxiliar de escritório do Departamento de Comunicação da PANAIR do Brasil S.A., de setembro/1953 até julho de 1961, servindo no Aeroporto 2 de Julho; agropecuarista com fazenda no município de Brumado de 28/11/1978 até 18/04/1994, dia em que foi vendida.
 CURSOS EXTRAMEDICINA: curso de conversação em Inglês no Instituto de Idiomas Yázigi, com diplomação em 09/06/1959; curso de Rádio Técnico do Instituto Monitor (São Paulo, capital), com diplomação em 31/01/1953.
Dr. Arlindo faleceu em sua residência em Brumado, em 28/01/1999, com 64 anos de idade. Foi declarante do óbito a médica Carla Maria Pereira Santos e assistido pelo médico Marlúcio Rodrigues Abreu, CRM 3799. Está inumado no cemitério municipal Jardim Santa Inês.
Arlindo Magno Stanchi deve ser reverenciado e homenageado pelas entidades culturais do município de Brumado pelo seu trabalho em prol da cultura brumadense e também como médico, profissional que atuou na comunidade brumadense com desvelo e sentimentos caritativos. Como cidadão, exerceu vários cargos que o dignificaram pela atuação correta e competente de homem simples e honesto. Esta biografia foi feita em homenagem póstuma ao poeta soneteiro Arlindo Stanchi, por tudo que realizou e produziu.

FONTES DE PESQUISA:
·       CURRÍCULO DO AUTOR COM OS SEGUINTES DETALHES: pré-graduação, graduação, titulação, especialização, participação em entidades médicas, credenciamentos, participação social, participação no esporte, participação cultural e literária, participação jornalística, participação médico-profissional, participação na medicina legal, participação militar, participação sanitária, registros em entidades associativas de classe, entidades associativas culturais e recreativas, cargos de direção; experiência profissional;
·       Arquivo Histórico Municipal Memória de Brumado, com a colaboração da senhora Maria de Lourdes Santos, funcionária do setor;
·       Diversos livros publicados,  do autor.

Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br
Brumado, em 26/10/2013.


ARLETE RIZÉRIO DE CARVALHO FRANCO

ARLETE RIZÉRIO DE CARVALHO FRANCO
UMA VIDA DEDICADA À EDUCAÇÃO
A professora Arlete Franco aposentou-se em 11/11/2006. Diante desse fato homenageia-se a ilustre professora que dedicou sua vida à educação como se vê abaixo relacionado a sua trajetória educacional. Em consideração a sua pessoa, respeito e admiração pelo seu trabalho, recebe como prêmio o reconhecimento da sua ação através dessa biografia.
DADOS BIOGRÁFICOS: Arlete Rizério de Carvalho, nascida em Brumado no dia 27/03/1948 é filha de Manoel Joaquim dos Santos Carvalho (1905-1993) farmacêutico, vereador e ex prefeito de Brumado e de Pedrina Rizério Carvalho, (12/05/1925), funcionária pública na empresa Correios e Telégrafos, onde se aposentou como tesoureira após 30 anos de trabalho e também a primeira vereadora da comarca.
            Casou-se no dia 03/11/1979 com José Remilson Gomes Franco com quem teve os seguintes filhos: Ana Sophia de Carvalho Franco, Isabela de Carvalho Franco e Raquel de Carvalho Franco.
Escolaridade: cursou os cinco anos primários na Escola Estadual Getúlio Vargas, o ginasial no Ginásio General Nelson de Melo e o magistério na Escola de Magistério Dr. Pompílio Leite. Fez o curso superior na Universidade Federal da Bahia – Curso de Pedagogia de 1970 a 1974. Especializou-se em Psicopedagogia e Avaliação Educacional. Foi também Conselheira Municipal de Educação.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS:
1968 – Concluiu o curso de Magistério na Escola Normal Dr. Pompílio Leite do ginásio General Nelson de Melo;
1969 – Cursou o pré-vestibular na cidade de Salvador/BA;
1970 – Passou no vestibular da UFBA (Universidade Federal de Bahia) no curso de pedagogia;
1971 – Iniciou a carreira de magistério na escola Santa Ângela da Soledade, pela Secretaria Municipal de Educação da cidade de Salvador, onde trabalhou até 1975;
1975 – Concluiu o curso de Pedagogia pela Universidade Federal da Bahia, com licenciatura plena e habilitação em Orientação Educacional, Supervisão Escolar e Magistério (para lecionar na Escola Normal);
1975 – Passou, em primeiro lugar, no concurso de títulos para Brumado, através da Secretaria de Educação do Estado da Bahia;
1976 – Passou a ensinar como professora contratada no Colégio Estadual de Brumado, através da Secretaria de Educação do Estado;
1977/1982 – Assumiu o cargo de Diretora da escola Dr. Roberto Santos, em Brumado/BA;
1982/1984 – Voltou a lecionar no Curso Normal do CEB;
1984/1986 – Compôs a equipe para implantar a DIREC/19 Brumado, com o cargo de Coordenadora Pedagógica;
1987 – Assumiu a coordenadoria pedagógica da escola Rotary Club de Brumado;
1989 – Retornou a lecionar no curso de magistério, no Colégio Estadual de Brumado;
1997/1999 – Assumiu a coordenadoria pedagógica da DIREC/19 Brumado;
1999 – Voltou a lecionar no CEB, na Escola Normal até 2006;
1999/2000 – Trabalhou na Secretaria Municipal de Educação de Brumado, na função de coordenadora pedagógica;
1998/2003 – Participou do Conselho Municipal de Educação, como conselheira;
2002 – Concluiu o curso de Especialização em Avaliação pela UNEB, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado e o Instituto Anísio Teixeira (IAT);
2004 – Realizou o curso de pós-graduação Lato Sensu em psicopedagogia pela Universidade Salgado Filho – RJ;
  Finalmente, em 11-11-2006, aposentou-se como professora, exercendo a profissão (em sala de aula) com 40 (quarenta) horas, no Colégio Estadual de Brumado – CEB.
Atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Educação, exercendo o cargo de diretora de departamento. Estamos falando da proficiente professora Arlete Rizério de Carvalho Franco, de grande experiência profissional dedicada à educação, vocação inata herdada de seu pai, Manoel Joaquim dos Santos Carvalho, Dr. Nezinho, a qual causa admiração em todos que a conhecem pela sua dedicação ao exercício que abraçou (magistério) para, com dignidade, dar entendimento aos que têm a necessidade de aprender e se informar.
Depois de um currículo bastante vasto e de muitas atividades exercidas, continua, por vontade própria, a executá-las. Todos os que lhe são caros homenageiam-na pela determinação e consciência dos seus afazeres. “Aquilo em que você acredita determina sua ação, e sua ação determina seus resultados” (Mark Vitor ansen
Hansen).
Você criou condições para que todos saibam ler e escrever corretamente, interpretando o que estão lendo não só no papel, mas também no que estão vendo à sua volta, ou seja, fazendo também a sua leitura de mundo e saibam, também, usar a escrita como forma de expressão do pensamento. Esse é, fundamentalmente, o papel do mestre.
Receba, pois, professora Arlete, todos os elogios merecidos de tantos quantos a conhecem e convivem com sua personalidade peculiar de mulher forte e determinada na execução de tudo que se propõe a fazer. Um abraço e congratulações de seus familiares, parentes e amigos pela sua merecida e justificada aposentadoria pelos 35 anos, seis meses e 14 dias de incansável e produtivo trabalho em prol da educação.
Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br
Brumado em 11/11/2006.


AQUILES DIAS DA MATA

BIOGRAFIA DE AQUILES DIAS DA MATA
*09/04/1923
†09/10/1989


Aquiles Dias da Mata (Seu Santo Dias) é o terceiro dos vinte filhos biológicos de Miguel Salu Dias e Joana da Mata Dias. São eles: Tibúrcio, Salustiano, Dinorah, Waldick, Waldemar, Paschoal, Dilson, Fenelon, Orádia, Miguel, Franklin, Orlando, Gildeth, Franklin (1º), Ana, José, Dolores, estes quatro últimos falecidos no primeiro ano de vida, e mais dois prematuros, além de oito irmãos denominados de criação (Jonas, Fidelcino Divino, Érico, Antônio de Dona, também afilhado dos pais de Santo, Clóvis de Maria de Marcos, Maria de Filota, Miguel de Fulgêncio e Evaristo, estes dois últimos irmãos biológicos). São seus avós paternos: Salustiano José Dias, de descendência portuguesa, e Joana Rosa de Jesus; maternos: Tibúrcio Rodrigues da Mata, de descendência italiana, e Elóia da Mata.

Nasceu aos nove dias do mês abril de 1923, em Correias, vilarejo às margens do Rio Brumado, distrito do Município de mesmo nome, na Bahia, e teve uma infância contemporânea aos chamados revoltosos do Bando de Lampião que impingiam atribulações naquela diminuta comunidade, nas poucas vezes que por lá passaram.

À medida que crescia, revelava-se, cada vez mais, solidário com as pessoas à sua volta, sempre disposto a ajudá-las, fato que ensejava sempre o comentário de sua avó paterna: “Que menino de natureza boa!”. Assim, ganhou o apelido de Santinho e quando se tornou adulto, todos o conheciam por seu Santo Dias.

Com a idade de 16 anos, concluiu o quinto ano primário em casas de morada adaptadas para tal finalidade, na ribeirinha Correias. Não chegou a estudar no prédio escolar lá construído por seu pai, onde os demais irmãos mais novos iniciaram-se nas letras. Seus Professores: D. Corina, D. Idaliona, D. Deulsuc (esposa de Waldemar S. Torres), D. Altair, Sr. Olímpio e Sr. Antônio (estes dois últimos irmãos) lecionavam todas as matérias até o 5º ano primário, hoje, ensino fundamental I. A escola era estadual e a mantença dos professores, geralmente, era custeada pelo pai do biografado, na condição de chefe político na comunidade.

Trabalhava de sol a sol com seu pai, irmãos e empregados da fazenda, no labor de carpir, plantar, colher, cuidar dos rebanhos e no comércio de loja de tecidos e mercearias, sortido com os produtos trazidos da capital do Estado via trem de ferro e por tropas (caravana de bestas de cargas). Ainda ajudava a sua mãe nos afazeres domésticos.

Com a tenra idade de 17 anos, Santo Dias substituiu seu irmão mais velho, Tibúrcio Dias – que fora para São Paulo –, na chefia da tropa, encargo que tinha a denominação de arrieiro. Tão logo Tibúrcio retornou, três anos após, este assumiu novamente a tropa, e Santo Dias voltou a tomar conta do rebanho bovino, como vaqueiro, rebanho que se concentrava mais na vizinha Fazenda Baixinha.

A tropa de propriedade do pai do biografado era composta por 24 burros, distribuídos em dois lotes, cada um dirigido por um tropeiro, e mais um cavalo denominado Madrinheiro que servia à montaria do arrieiro. Um lote seguia o outro, mantendo um pequeno espaçamento, por motivos de segurança. A tropa fazia um pouso a cada quatro léguas (24 Km), sobretudo para descansar os animais. Usavam-se couros de bois, não somente para abrigarem a mercadoria das intempéries, como também para os condutores arrancharem-se no ermo, agasalhando-se do sol, da chuva e do relento. O percurso durava em torno de trinta dias. A tropa levava os fardos de algodão descaroçado pela máquina do pai do biografado com destino aos municípios de Jequié, Machado Portela, Contendas do Sincorá, Umburanas, Ourives, sede do Município de Brumado, entre outros. Tinha como principal comprador um senhor conhecido por Otávio de Secundino. De volta, trazia várias mercadorias, como sal, biscoito, bolacha, doces, tecido para a loja, entre outras, que abasteciam o mencionado estabelecimento comercial.

Desde pouca idade, mostrava-se um homem de múltiplas atividades: era Santo de lavrar a terra; de cuidar do rebanho nas suas mais diversas exigências; dos afazeres domésticos, como abastecimento d`água, do corte do lenho para o combustível doméstico; da lavra da madeira para edificação – inclusive da casa da Baixinha e das instalações da loja Deus Te Guie (um sobrado); da aplicação de injeções, à falta, naquela época, de enfermeiros; de rezador de impinges (com eficácia plena de cura em menos de uma semana).

Gostava de tirar acordes em violão. Seu pai, exímio tocador de violino, com seus irmãos formavam uma família de músicos: Tibúrcio no saxofone e bandolim; Paschoal no acordeom, pandeiro, violão, cavaquinho etc.; Orlando no cavaquinho, violão e pandeiro; Miguel no pandeiro; Franklin no violão, entre outros. Santo, quando rapaz, com seus amigos e irmãos sempre iam a festas nas localidades adjacentes: Rio São João, Terreiro Duro, Mucambo, Itaquaraí, muitas das vezes, dividindo o lombo de um cavalo ou a pé.

O transporte comumente usado naquela época era o cavalo, tão bem manejado por Seu Santo, e quando a viagem envolvia a família, ou muitas pessoas, crianças e petrechos era o carro de boi com a proteção de um couro de boi sem curtir que lhe servia de teto.

Havia muito trabalho em Correias, mas, também, muitas festas. A comunidade correiense transbordava de alegria com a proximidade dos famosos festejos juninos, dos leilões em benefício da igreja local, dos comemorativos religiosos e bailes dançantes. Eis que um dia, num desses leilões na Praça da Igreja, Santo notou que a filha de Seu Josias Alves de Lima e de D. Francisca de Lima Bonfim, Daria, havia se tornado uma moçoila bonita, faceira e dançarina de primeira linha. Depois de muitos galanteios e danças, começaram a namorar firme, não sem antes ele ir à residência de Seu Josias e D. Francisca falar-lhes das suas intenções para com a filha. Não foi difícil a aceitação pelos pais da moça que sabiam da sua estirpe: um rapaz de boa índole, trabalhador, de família respeitada em toda a região.

Ele contava com 22 anos e ela, 21. Casaram-se em agosto de 1945 – quando prenunciava para a humanidade o limiar de novos tempos de paz e prosperidade, com o fim da segunda grande guerra –, na Capela de Correias, denominado São João, e foram morar na Fazenda Baixinha, nos arredores do Vilarejo Correias, onde se estabeleceram. Em 1946, nasceu o primogênito a quem nominaram Raimundo Lima Dias, seguido por Ramon (1947), Ruimar (1949), Nifra (1952), Aguiberto (1954); Givanei (1956) e Nilva (1958), falecida em setembro/2003. Em abril de 1959, mudou-se com a família para a Cidade de Brumado. Em 1960, nasceu a filha Nilzete, que veio a falecer aos seis meses de idade; em 1963, nasceu outra menina a quem deram o mesmo nome (Nilzete). A chegada da caçula Neuma (1966) completou a prole de dez filhos.

Ainda na Fazenda Baixinha, alguns anos após lá se instalar, teve a companhia do seu irmão recém-casado Salustiano, que para lá se mudou e foi habitar em uma casa construída por eles, tornando-se vizinhos por alguns anos.

A mudança de domicílio foi motivada na educação dos filhos. Abandonar a vida pacata da roça, mas nunca acomodada por Santo, foi difícil, entretanto ele enfrentou todos os percalços que as mudanças sempre trazem e passou a viver em Brumado com sua família, numa pequena casa dotada de um grande quintal, no número 324 da Rua São João, onde hoje, mais ampliada, vive sua esposa, D. Daria, cercada por vizinhança amiga e acolhedora. Não demorou a cativar grandes e sinceras amizades também neste seu novo domicílio. A sua gentileza e solidariedade emolduradas pelo seu sorriso largo, fácil e franco, conquistavam aqueles que o conheciam. Desfrutar o seu convívio era um privilégio.


Menos de uma década depois, construiu uma casa contígua à sua para abrigar os seus sogros que, já em idade provecta, necessitavam de maiores cuidados, companhia e atenção, onde viveram até o fim de seus dias. 

Acalentava muitos sonhos, e um deles, certamente o principal, era ver sua prole formada, trabalhando dignamente, realizada e feliz. Seu Santo Dias era, por assim dizer, um homem a serviço do povo, bom filho e pai de família exemplar. Nutria por seus filhos e netos uma verdadeira adoração que lhe era, igualmente, correspondida. Seu árduo labor diário não o impedia de estar sempre presente, dedicando-se, material e afetivamente, a todos eles. Não chegou a conhecer seus bisnetos.

Seu Santo Dias era um homem além do seu tempo, a sua visão alcançava o futuro. Para ele, o mais importante legado aos seus descendentes era a boa formação. Promover-lhes os estudos era a chave para uma vida digna e realizadora. Assim, esforçava-se para comprar livros e mais livros, despertando em seus filhos o gosto pela leitura, participando das reuniões de pais e mestres, procurando saber o que se passava no ambiente escolar, examinando cadernos e boletins, enfim, acompanhando de perto os passos de seus filhos, orientando-os para descobrirem, por si próprios, o mundo que havia em cada qual deles. Santo Dias era, pessoalmente, o mentor na iniciação das letras de toda a prole, alfabetizando os quatro primeiros filhos, ainda na roça, além de ser um pai muito dedicado e amoroso.

Assim que chegou a Brumado, montou uma pequena loja de tecidos, localizada na antiga feira (Trav. Sálvio Azevedo, onde hoje funciona o escritório de contabilidade de dois de seus filhos), a Loja Deus Te Guie, cujo prédio ele mesmo construiu, inclusive lavrando toda a madeira nele utilizada, trazida da Baixinha. Tempos depois, a loja sucumbiu à inadimplência dos fregueses que confundiam política e amizade com negócios. Foi quando começou a trabalhar na Prefeitura Municipal, na gestão do então Prefeito Dr. Juracy Pires Gomes, tornando-se, logo depois, responsável pelo Setor de Estradas e Rodagens.

A olhos vistos de todos aqueles de seu convívio, Santo Dias fazia da sua função pública um autêntico e eficaz instrumento para a prestação dos seus vocacionados serviços assistenciais, não guardando, sequer, feriados, domingos, ou dias santificados para empreender-se nesse seu labor ininterrupto e diário. Salvo por motivo de doença, nunca era surpreendido no seu leito após as cinco horas da manhã, e sempre de bom humor.

Houve uma época de longa seca em nossa região, maior do que as de costume, e os problemas com a falta d’água demandaram a criação de um novo departamento no Município, o de Recursos Hídricos, que foi entregue à direção de Aquiles Dias da Mata, este que fazia verdadeiros malabarismos para abastecer as caixas d’água do povo, principalmente o da zona rural, tão sofrido com as inclementes estiagens sempre assoladoras da nossa região.

Desde muito cedo, Seu Santo já se interessava pela Política, cooperando com o seu pai nos assuntos a ela inerentes, nos mais diversos contatos na sede do município. A exemplo deste, sempre seguiu os correligionários do primeiro prefeito de Brumado, Armindo dos Santos Azevedo, que teve três mandatos e a vida interrompida em um trágico acidente rodoviário, em 1967, pouco depois de ter passado o executivo municipal para o recém-empossado Dr. Juracy Pires Gomes. Seu Armindo somente perdeu uma eleição para Dr. Manoel dos Santos Carvalho (Dr. Nezinho, cujo pai, Manoel Joaquim Alves dos Santos, também foi intendente do Município, 1903/4), quando indicou como candidato Hermes Santos. O segundo candidato indicado por Seu Armindo, Manoel Fernandes dos Santos (fev/1959 a fev/63) – que se inimizaram ao depois –, mesmo enfrentando a aliança entre o Dr. Sampaio e Jair Rizério, logrou vitória.

Anteriormente a administração municipal era delegada a um intendente nomeado pelo Governador do Estado. Brumado teve treze intendentes, dentre os quais o Cel. Exupério Pinheiro Canguçu – o primeiro deles (1878/82 e 1887/90), homem culto, com patente da Guarda Nacional, filho da terra (Bom Jesus dos Meiras) –, Pe. José Dias Ribeiro da Silva e Cel. Marcolino Rizério Moura. A intendência se encerrou em 1948, com a assunção do primeiro prefeito eleito, Sr. Armindo dos Santos Azevedo.

Ainda morador na zona rural, já dedicava muito tempo à política, trabalhando, voluntariamente, junto com seu pai em prol da gestão do Prefeito Sr. Armindo dos Santos Azevedo, por quem nutria amizade sincera, respeito e admiração. Era um apaixonado pela política, herança do seu pai, Miguel Salu Dias, vereador, presidente da Câmara pelo Partido Republicano (PR). O que mais o encantava na Política era saber que, através dela, poderia ajudar os mais necessitados e contribuir para o progresso da sua terra natal. Nunca a usou em benefício próprio. Fazer lobby na Política ia de encontro aos valores que mais prezava: a probidade, a justiça, a honradez e, sobretudo, a dignidade da pessoa humana.

Embora nunca tivesse se candidatado a qualquer cargo eletivo, Seu Santo Dias trabalhava, incansavelmente, nos períodos das eleições, para que seus candidatos fossem exitosos nas urnas. Depois de Seu Armindo, empenhou-se, com todas as suas forças, pela vitória do então jovem médico Dr. Juracy Pires Gomes que fora eleito para os mandatos de abr./1967 a jan./71, fev./1973 a fev./77, fev./1983 a dez/88 e tornou-se um líder político muito atuante em nosso Município. Nutria por Dr. Juracy um carinho especial e defendia-o, com todo fervor, das maledicências dos adversários políticos da época.

Na política, um fato curioso envolvendo o biografado merece destaque: as eleições de Prefeito e Deputados ocorriam em um mesmo evento. Eis que, quando o Seu Armindo enfrentou Guilherme Leite, pai de Jair Rizério, no dia do pleito, assim que a votação ia começar, chegou a Correias um mensageiro, vindo da sede do Município, participando ao pai do biografado que Seu Armindo mandara avisar para não mais votarem no candidato para deputado que estavam apoiando até então (Manoel Novaes), mas em outro, cujo nome exibia (Nacyn Gonçalves Fauase). Tão logo o mensageiro se ausentou, Seu Santo questionou a seu pai a veracidade daquela mensagem. Este, então, determinou-lhe que arreasse um cavalo e fosse até a cidade para checar o fato. Santo percorreu três quilômetros e, chegando à pista, Km 18, entrada para Itaquaraí, dada a urgência, pegou uma carona em um automotor, que coincidentemente passava no momento, e chegou a seu destino. Aí, para sua surpresa, consultados os políticos correligionários, foi infirmada a mensagem. Imediatamente providenciaram outro automóvel para levá-lo de volta a Correias. Quando lá chegou, alvoroçado, já haviam iniciado a votação, e muitos eleitores votado no candidato impostor. Às pressas, foram recolhidas as chapas dos que ainda não tinham votado e trocadas pelas originais (naquela época, cada eleitor já levava consigo a chapa com o nome dos seus candidatos assinalado e depositava-a na urna). Até hoje, não se sabe, ao certo, quem protagonizou esse episódio, embora, dadas as evidências, haja forte suspeita.    

Em 1970, foi um importante defensor da candidatura do seu querido sobrinho-afilhado, Miguel Lima Dias, à prefeitura de Brumado (01-02-1971 a 31-01-1973), sucedendo Dr. Juracy Pires Gomes. Trabalhou ombro a ombro com Miguel, Dr. Juracy e todas as lideranças políticas do PDS em prol da vitória daquele sobrinho que amava como a um filho. Quanto orgulho se via em seus olhos quando estava ao lado de “Guezinho”, no palanque, ouvindo o seu bem elaborado discurso que encantava a todos os ouvintes. Seu Santo, de caneta e papel à mão, em frente ao Fórum Duarte Moniz, marcava, voto a voto, numa expectativa cada vez mais promissora, à medida que os votos iam sendo apurados. A vitória de Miguel foi um dos fatos políticos mais importantes e relevantes em sua vida.

Em 1976, sofreu um grande dissabor ao ver o seu partido, o PDS, ser derrotado pelo MDB, encabeçado pelo Sr. Agamenon Santana.

Em 1980, o seu partido, o PFL, antigo PDS (sucessor da ARENA), sofreu uma nova derrota para o adversário, o PMDB (sucessor do MDB), com a vitória do então candidato Edmundo Pereira Santos.

Sempre fiel ao PDS/PFL – sucessores da ARENA –, sentiu-se moralmente ofendido ao ser convidado, certa feita, para abandonar o seu partido de filiação e ingressar no partido oposicionista, tendo-se presente que, à época, vigia o bipartidarismo político. Indignava-se ao ver correligionários mudando de partido, de acordo com suas conveniências pessoais, sem pensar no bem-estar da coletividade – finalidade única da política.

Em 1972, quando seu filho Aguiberto Lima Dias completou 18 anos de idade, lançou o nome deste na política, apoiando-o e elegendo-o, com uma quantidade significativa de votos, a uma cadeira da Câmara de Vereadores, tal qual o seu pai, Miguel Salu Dias o fora, membro e presidente. Embora muito jovem ainda, Aguiberto, desde o início, houve-se muito bem no exercício da atividade parlamentar, pois colocava em prática, dia a dia, os conselhos de seu pai, fazendo política na acepção social da palavra, corpo a corpo com o seu eleitorado. Aguiberto aprendeu com ele que a função de um político é, primordialmente, respeitar e valorizar as pessoas. Hoje, prefeito de Brumado, ainda tem como norte os ensinamentos de seu pai, para quem a honradez, a honestidade, a justiça e a vontade de ajudar o próximo são o verdadeiro significado da política.

Em 1984, comprou de seu sobrinho-afilhado Miguel Lima Dias um bilhete da rifa de um carro em prol da Casa dos Velhinhos Luíza de Marillac e foi contemplado com um fusca cinza que o levou a aprender a dirigir aos 60 anos de idade, mostrando-nos, mais uma vez, que não temia e nem fugia aos desafios que a vida lhe proporcionava.

DADOS FUNCIONAIS:

Foi exemplar funcionário do Município de Brumado de 1967 a 29/10/1989. Iniciou no cargo de Auxiliar de Administração e nomeado, através do Decreto Municipal nº 564/1974, a Diretor da Divisão de Estradas de Rodagem do Município em 01.02.1974, função que ocupou até janeiro de 1977.

Com o advento da posse do Prefeito Agamenon Santana, este, não podendo demiti-lo do cargo de funcionário público em razão da sua estabilidade funcional, confinou-o (para tolhê-lo da sua reconhecida influência política em sua comunidade) no almoxarifado municipal nesta sede, onde nada havia para fazer, portanto subutilizando a sua mão de obra, numa função que, embora resignadamente e com altivez, amargurou exercer até janeiro de 1983.

Seguidamente, em face da derrota do Prefeito Agamenon Santana, reassumiu o executivo municipal o Dr. Juracy, que editou o Decreto Municipal nº 1246/1983, empossando Aquiles Dias da Mata como Diretor da Divisão de Recursos Hídricos do Município, no qual permaneceu até janeiro de 1989.

Era, também, um homem de inteira confiança de magistrados que passaram por esta Comarca, destacando-se a digníssima Dra. Magna Maria Pereira Santos, que a ocupou por longos aproximados dezenove anos, e seu sucessor, Dr. Raymundo Guanaes, homem igualmente íntegro. Sempre que necessário, designavam-no para exercer a função de perito oficial (do juízo) nas mais diversas contendas que exigiam esse expediente, sendo as mais comuns as ações possessórias na zona rural, não somente pelo amplo conhecimento do nosso Município, mas, sobretudo, pela sua competência, denodo, caráter, grande senso de justiça, respeito e confiança das partes conflitantes. Todo esse serviço ele prestava sem qualquer custo para os envolvidos nem para a Justiça.

Recentemente, o Poder Legislativo Municipal prestou-lhe uma justa e merecida homenagem com a troca do nome do importante antigo Bairro do Mercado para Bairro Santo Dias, mercê de indicação do então Vereador Miguel Lima Dias, com recepção e aprovação à unanimidade dos seus pares. O contemplativo Decreto, sancionado pelo Prefeito Eduardo Lima Vasconcelos, recebeu o nº 030/2010.

Em 1989, não pôde vencer o mais triste, difícil e derradeiro desafio que o destino lhe impôs nesta sua promissora existência terrena: sucumbiu, ainda novo, ao inexorável ditame da morte. Depois de descoberta a enfermidade que o acometera, ficou em tratamento em Salvador por exatos 52 dias. Apesar da lancinante dor que o mal incessantemente lhe impingia, lutou com dignidade e resignação, como sempre o fez, em todos os momentos de sua vida.

No dia 09 de outubro de 1989, veio a falecer no Hospital Espanhol, em Salvador, vítima de mieloma múltiplo, ceifando, assim, fisicamente o grande arvoredo que foi Seu Santo Dias, sem antes, porém, pedir que seu sepultamento fosse acompanhado da banda musical de nossa cidade, a Fanfarra, que tinha, entrementes, como integrante o seu irmão mais velho, Tibúrcio – à semelhança do enterro do seu pai –. Essa atitude deu provas de que nem a funebridade era capaz de angustiá-lo. O cortejo fúnebre, em face da multidão de integrantes das mais diversas localidades e classes sociais que, consternada, seguia-o, prestando-lhe a última homenagem, evidenciava, aos olhos dos presentes, o quanto Seu Santo era querido. Seus restos mortais estão depositados no Cemitério Senhor do Bonfim, nesta Cidade.

Faleceu Seu Santo Dias! Chega ao fim a vida de um cidadão honrado, digno, trabalhador, justo, amigo, enfim, um “Sujeito Gente Boa”, mas os legados benfazejos, que tatuaram sua passagem pela terra e que servirão de exemplo para a posteridade, perdurarão.  


                   Fonte: Raimundo, Ramon, Ruimar, Nifra, Aguiberto, Givanei, Nilzete e Neuma Lima Dias (filhos); Dilson da Mata Dias (irmão); Miguel Lima Dias (sobrinho); e Érico Dias Lima (amigo contemporâneo).


Antonio Novais Torres

Brumado, em 09/10/2013.