quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


BIOGRAFIA DE ADÉLIA DA SILVA CARDOSO
DONA DEZINHA
*10-12-1910
† 24-12-2002

Adélia da Silva Oliveira (D. Dezinha) nasceu em 10 de dezembro de 1910, na Fazenda Baixa do Arroz, no então município das Vitórias, atual Vitória da Conquista/BA. Era filha de Joaquim Fernandes de Oliveira (Quinquinha da Jiboia), natural de Vitória da Conquista e de Maria Dias da Silva Oliveira, natural de Jussiape, que morreu em consequência do parto de D. Dezinha. Esta foi morar com a avó materna, Isabel Dias de Oliveira, Xixa, que era professora, tinha uma escola e falava francês, por quem foi educada e instruída e aprendeu a costurar camisas, fazer tricô e crochê, atributos que lhe rendiam ganhos.
“Minha Mãe, nunca frequentou uma escola. Foi alfabetizada e sempre estudou dentro de casa e sempre supervisionada pela minha avó materna Izabel Dias de Oliveira que era professora e letrada em Francês”, afirmações de Perouse Cardoso.
São irmãos germanos de D. Dezinha: Áurea da Silva Oliveira (Aurinha) e Ariovaldo Fernandes de Oliveira. Ela teve, também, irmãos unilaterais, referentes a outros relacionamentos de Joaquim Fernandes de Oliveira: Maria Luíza, Ana Dejanira, José, Eurípedes, Elder, Isauto, Euder, Eupépio, Elzita, Enedina e Zildine.
Adélia da Silva Oliveira casou-se, ainda adolescente, aos 14 anos de idade, com Áppio Cardozo da Paixão (Cardosinho), 31 anos de idade, natural de Bom Jesus dos Meiras, comarca do Brejo Grande, atual Brumado, nascido em 23/02/1893, filho de Manoel Cardozo da Paixão e de Clotildes Dantas de Miranda Paixão, ambos naturais da cidade Minas de Rio de Contas. O casamento civil foi realizado no dia 24-12-1924, em Jussiape/BA e o religioso, celebrado pelo Pe. José Dias Ribeiro da Silva, na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Meiras (Brumado), em 02-03-1925. Foram testemunhas do casamento civil, Isidoro Mascarenhas e Luiz Ribeiro Dias. Após a formalidade do ato ela passou a assinar Adélia da Silva Cardoso.

Da união entre Áppio e Adélia nasceram os filhos: Manoel Cardoso Neto (Nelito), Maria de Lourdes (Liá), Gildásio (Dásio), Walter (Zinho), Wagner (Nem), Terezinha de Jesus (Tê), Zilma (Biba), Newton (Niltão), Sebastião (Tiãozito), Gilberto (Giba), Perouse (Péu), Roberto (Ró), Ubiratan (Bira), Irã (Nã) e Mari ’Stela (Tela) da Silva Cardoso, além de Frederico Lisboa Filho (adotivo), os quais perfazem o total de 16 filhos.

Incansável trabalhadeira, ajudava o marido, alfaiate, confeccionando camisas – era exímia profissional nessa arte – e ambos desenvolveram as condições para a criação, instrução e formação dos filhos.

Na década de 1930, recebeu convite para exercer o cargo de Escrivã da Vara do Júri e Execuções Penais, recém-criada e a ser instalada na Comarca de Brumado, o que fez interinamente. Logo em seguida, prestou concurso na vizinha cidade e Comarca de Ituaçu, a cuja Comarca Brumado pertencia. Em 1940, foi nomeada e empossada pelo Dr. Azarias Batista Neves, a quem prestou exames para o cargo de Tabeliã de Notas, passando a assumir, também, o Cartório de Protesto de Títulos e Duplicatas. Sebastião da Silva Cardoso (filho) era o seu subtabelião. Nessa época, D. Dezinha contou com a orientação, nas questões de terras, do experiente Dr. Arthur Revenster da Costa, causídico provisionado. Em 1972, com 62 anos de idade ela aposentou-se nesse ofício.

Em homenagem a Áppio Cardozo, Terezinha Cardoso publicou, no jornal A Tarde, na edição de 23-01-1983, um artigo do qual transcrevemos o seguinte excerto: “Com este Homem sincero e íntegro aprendi as leis da verdade e da pureza, caminhos para distinguir ‘preconceito’ de ‘integridade’, repudiando o primeiro e assentando minha base filosófica na segunda. Este camponês chama-se Áppio Cardozo, de quem, seja Deus! Eu sou filha. Felizmente”. Esse depoimento honra e dignifica Dona Dezinha na qualidade de esposa e de mãe.

Walter Castro Bonfim, professor e advogado, amigo e colega de trabalho de Tiãozito, e de resto, toda a família, fez uma bonita homenagem a D. Dezinha na comemoração dos seus 90 anos.  Diz o professor e advogado Walter Castro Bonfim em partes de seu texto:

Áppio Cardozo da Paixão, pai extremoso que todos os filhos endeusam, e D. Dezinha, administravam a numerosa prole com todo o rigor que a caracterizava.

 D. Dezinha já era uma das prestigiadas personalidades da comunidade de Brumado, ombreando nomes como Armindo dos Santos Azevedo, Prefeito do Município; Monsenhor Antônio Fagundes, nosso eterno pastor; Manoel Fernandes dos Santos, comerciante e político; Dr. Manoel Carvalho, o farmacêutico Dr. Nezinho; Dr. Délio Gondim Meira, advogado de renome; Dr. Juracy Pires Gomes, médico, que dava os primeiros passos como político; Hermes Santos, escrivão cível, a quem sucedi no cargo; Cel. Zeca Leite; Agnelo Azevedo; Aloísio Castro; Sebastião Meira Santos, comerciantes, Maria de Lourdes Viana Leite, a D. Lourdinha, modelo de servidora da Justiça; Belaniza P. Santos, a D. Bela, outra valorosa mulher e mãe; Arthur Revenster Costa, respeitado advogado provisionado; Dra. Magna Maria P. Santos, juíza de Direito de saudosa memória; Dr. Valter Martins de Andrade, gerente da Magnesita S.A., Érico Dias Lima, professor; Dr. Ubaldo Meirelles, cirurgião dentista, entre outras.

Célia e eu, que sempre fomos tratados por D. DEZINHA com especial deferência, nos orgulhamos de pertencer ao seu círculo de amizades e, com este despretensioso depoimento, presto a ela nossa homenagem, pelo que representa como exemplo para a comunidade e pelos seus 90 anos de vida”.
 Dez./2000.

Trechos da homilia da Missa em Ação de Graças pelos 90 anos de Adélia da Silva Cardoso, celebrada por Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes, concelebrada pelo Bispo de Caetité D. Ricardo Guerino Brusati:

Estamos rendendo hoje, aqui e agora, um culto de ação de graças a Deus, por intermédio do sacrifício da missa, pelos 90 anos de vida de D. Adélia da Silva Cardoso”.

“Em 76 anos de matrimônio, duas pessoas conscientes de suas obrigações formaram, com seu trabalho, o cenário da família, o mais belo quadro de paz, de compreensão e amor”.

“Agradecemos, pois, a Deus por ela ter assumido o amor, bem sabendo que amar é sofrer, é enfrentar vigílias de solidão e de espera, passar noites em branco à cabeceira dos filhos, é lutar pelo pão de cada dia. Agradecemos a Deus pelo seu heroísmo, sabendo que uma vida nova é um fardo pesado a carregar e, muitas vezes, motivo de sofrimento para ampará-la e protegê-la. Agradecemos a Deus pela sua coragem e força de vontade para criar seus filhos, encaminhando-os para o bem, para uma vida feliz, de cidadãos e cristãos. Agradecemos a Deus pelo esposo humilde e dedicado que lhe acompanhou os passos, repartindo com ela sofrimentos e alegrias”.

“Agradecemos a Deus por Ele ter dado por cumprida a sua nobre missão, já que seus filhos adultos agora lhe retribuem o amor e a dedicação com redobrado sentimento de gratidão”.

“Agradecer a Deus tornou-se hoje voz de seus filhos e amigos nesta hora solene da Santa Missa de Ação de Graças. Que o tempo não venha empanar a beleza dessa união, conservando todos obedientes a seus conselhos”.

“Graças, pois, a Deus, num pedido fervoroso, para que seus dias sejam prolongados para mais satisfação dos filhos e de todos que a estimam”.

“Graças, pois, a Deus, por nos reunirmos neste acontecimento feliz que nos comove a todos, envolvendo-nos numa atmosfera de amor e de prece”.

“Assim seja!”.

Através da Lei nº 1.491, de 3 de setembro de 2007, o Município a homenageou, dando seu nome a um logradouro da cidade no bairro Santa Tereza, que passou a denominar-se Praça Adélia da Silva Cardoso. Áppio Cardozo da Paixão, esposo de D. Dezinha, também, foi homenageado, nominando um logradouro no bairro Santa Tereza.
Através da Resolução 03/2000, em 08 de dezembro de 2000, em sessão solene, por iniciativa do vereador José Luiz Alves Ataíde, foi outorgado o título de Cidadã Brumadense à senhora Adélia da Silva Cardoso. Fizeram parte da mesa, além da homenageada, o advogado Newton Cardoso (filho) e a esposa; Terezinha Cardoso (filha), representando os demais irmãos e familiares; o prefeito municipal Edmundo Pereira Santos e a primeira-dama Marizete Fernandes Lisboa Pereira; a Juíza de Direito Leonor da Silva Abreu e o senhor Deilson Nogueira Tibo, representando a empresa Magnesita S.A. José Luiz Alves Ataíde leu a biografia da senhora Adélia da Silva Cardoso e entregou-lhe o título de Cidadã Brumadense, proposto por ele e aprovado pela unanimidade da Câmara.

O advogado Newton Cardoso (filho) agradeceu a homenagem prestada a sua genitora e discorreu sobre a vida da homenageada. O Doutor Deilson Nogueira Tibo, gerente da Magnesita S.A., representando Dr. Hélio Guimarães, um dos acionistas da empresa, também relatou resumidamente a história de D. Dezinha e seus filhos.

Adélia da Silva Cardoso faleceu em 24 de dezembro de 2002, com 92 anos de idade, em Salvador e teve seu corpo cremado. As cinzas foram espalhadas no jardim da casa onde residiu em Brumado. Áppio Cardozo da Paixão faleceu em 17 de Abril de 1983, com 90 anos de idade, e encontra-se enterrado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.

FONTES:

Artigo Uma Soberana do Agreste de autoria de Sebastião da Silva Cardoso (Tiãozito) em 11 de outubro de 2000, publicado no livro Trajetória de um empreendedor;

            Jornal A TARDE de 23-01-1983, constante do livro Trajetória de um empreendedor;

Artigo do advogado Walter Castro Bonfim em comemoração aos 90 anos de Dona Dezinha;

Registro da Missa solene em Ação de Graças pelos 90 anos de Adélia da Silva Cardoso, celebrada pelo Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes;

Prefeitura Municipal de Brumado, Lei 1.491 que dispõe sobre denominação de Praça com o nome de Adélia da Silva Cardoso;

Câmara Municipal de Brumado, resolução 03/2000, de autoria de José Luiz Alves Ataíde, outorga do título de Cidadã Brumadense a Adélia da Silva Cardoso;
Afrânio Cotrim (advogado residente em Aracatru);

Dados fornecidos por Ubiratan Cardoso e demais irmãos consultados;

Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais em Brumado.


Antonio Novais Torres
Brumado, em 27/10/2013.


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