sábado, 16 de janeiro de 2016

ABIAS DOS SANTOS AZEVEDO




ABIAS DOS SANTOS AZEVEDO
BIOGRAFIA E HOMENAGEM PÓSTUMA
*11-10-1896
†16-07-1978

Abias dos Santos Azevedo nasceu na cidade de Bom Jesus dos Meiras, atual cidade de Brumado, no dia 11 de outubro de 1896. Filho do Major Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena dos Santos Azevedo. Ele descende de Ibiassucê, antigo São Sebastião do Cisco, distrito de Caculé. Ela tem origem no distrito de Itaquaraí, pertencente ao município de Brumado. O casal teve uma prole de 12 filhos: Jayme (falecido), Alcebino, Isolina, Idalina, Idália, Abias, Armindo, Iônia, Gerson, Gerôncio, Lindolfo e Agnelo dos Santos Azevedo.

Abias casou-se com Alice Alves da Silva de 16 anos de idade, em Condeúba-BA, no dia 6 de novembro de 1918, perante o Juiz daquela Comarca, a qual, depois de casada, passou a assinar Alice Alves de Azevedo. Ela nasceu em 13/08/1902 e era filha do Capitão Sebastião Alves da Silva e de Idalina Alves da Silva. Dessa união, nasceram nove filhos: Euvaldo, Eulina, Maria, Mário, Ítala, Caio, Gilberto, Edir, e Solange dos Santos Azevedo. Além dos filhos o casal Abias/Alice criou uma sobrinha, filha de Sebastião, por Nome Ilza, a qual foi criada com os cuidados de pais biológicos.
Firmaram residência na fazenda “Itamaraty” em Bom Jesus dos Meiras (Brumado) - que atualmente pertence ao município de Malhada de Pedras-BA) -, cujo proprietário atual é seu neto Adalberto Azevedo Pimentel.

Abias estudou em Brumado e concluiu apenas o curso primário. Conquanto se tratasse de um homem de pouco estudo, tinha tino comercial e visão altaneira. Amealhou patrimônio considerável. Era um grande empreendedor. Tinha várias propriedades, dentre as quais o ‘casarão dos Canguçus’, patrimônio histórico da cidade localizado na saída para Livramento de Nossa Senhora, hoje de propriedade de Newton Cardoso, o qual abriga o memorial Ápio Cardoso.

Dado histórico do “Sobradão” como era conhecido: segundo a tradição foi construído por Exupério Pinheiro Canguçu, o proprietário do solar do Brejo para sua estada nos fins de semana, porém não consta do seu inventário. No século XX é proprietário do imóvel o senhor Mário Meira e sua primeira esposa Esther Gondim Meira. Em 1942, Mário Meira, então viúvo e único proprietário do sobrado, vende parte do mesmo para Abias dos Santos Azevedo e em 1955 Mário Meira e a segunda esposa Iône Azevedo vendem o restante do imóvel ao senhor Abias dos Santos Azevedo sendo este proprietário único do imóvel e com a sua morte (1978) os herdeiros vendem-no para Newton Cardoso que o transforma em museu Áppio Cardozo da Paixão.

Sua carreira comercial teve início na loja de seu pai. Posteriormente abriu comércio próprio com a loja “Flor do Sertão”, em Malhada de Pedras e, em expansão, montou uma farmácia e um mercadinho.

Em 1955, mudou-se para Brumado, onde ampliou o seu comércio e abriu a loja “A Vencedora”, localizada na Praça Coronel Santos que hoje tem o nome do ex-prefeito e seu irmão Armindo dos Santos Azevedo. Ali ele vendia artigos de armarinho, tecidos e calçados.

Além de desenvolver outros comércios, tornou-se pecuarista, dedicando-se a compra e revenda, cria e recria de gado. Proprietário de outras fazendas em cidades vizinhas, comprou a fazenda ‘Laete’,  na localidade Olhos D’água do Cruzeiro, em Jequi-BA, onde morou por seis anos.

Em seu retorno para Brumado, comprou a fazenda Tanque, do Sr. Manuel Pereira Santos (Seu Nem) e, por expansão da sede do município, a fazenda passou a pertencer à zona urbana. Então, instituiu, em julho de 1974, o loteamento dessa área, ao qual foi dado o nome de ‘Loteamento Fazenda do Tanque’, onde delimitou 90 lotes. Após a sua morte, em 1978, os herdeiros lotearam mais 261 glebas que denominaram de Loteamento Azevedo. Infelizmente o destino não permitiu a concretização de seu sonho.

Um dos lotes de propriedade da herdeira Ítala dos Santos Azevedo foi doado para a construção da Igreja Santa Rita de Cássia. A realização desse loteamento contribuiu consideravelmente para o crescimento e o progresso de Brumado, com construções diversas, o que deu um novo aspecto à cidade que tomou o impulso do desenvolvimento.

Por indicação do vereador Gonçalo Pedro da Silva, Abias dos Santos Azevedo ingressou na política em Brumado, em 1951. Elegeu-se vereador e foi indicado para ser o Presidente da Casa Legislativa, no governo do prefeito Manoel Joaquim Carvalho dos Santos (Dr. Nezinho), que governou no período de 1951 a 1955. Abias foi presidente do PSD e um dos fundadores do MDB brumadense, evento que se realizou em 15/07/1966. Em 31 de março de 1954 renunciou o cargo de presidente da Câmara de Vereadores para concorrer ao cargo de prefeito, pelo PSD, em oposição ao irmão Armindo dos Santos Azevedo, para quem perdeu a eleição. Embora divergentes políticos, mantinham a amizade e a união familiar.

A câmara de Vereadores de Brumado homenageou-o, nominando a praça onde está instalada a Casa Legislativa com o nome “Praça Abias dos Santos Azevedo”, situada no bairro do Hospital, pertencente ao loteamento Azevedo.

Nos finais de semana, Abias costumava caçar e pescar e se divertia jogando pôquer com os amigos Manoel Joaquim de Carvalho (Dr. Nezinho), Virgílio Vasconcelos, Nilamon Carvalho e outros.

NOTÍCIA DO JORNAL DA CIDADE DE CONDEÚBA:
Para assistirem ao casamento Silva-Pereira, vieram à cidade nosso assinante, Major Abias dos Santos Azevedo, acreditado negociante em Bom Jesus dos Meiras, e seu cunhado, o jovem Sebastião da Silva Filho, que algum tempo reside em sua companhia.
Ficamos muito agradecidos com a visita que Abias fez a nossa oficina”.
 (Trata-se do casamento do Tenente João Batista Alves Pereira com Dalila Aurora da Silva que após o casamento passou a assinar Dalila Aurora Alves Pereira, em Condeúba/BA, ao qual se fez presente a fina flor da sociedade condeubense).

Abias dos Santos Azevedo conviveu com sua esposa Alice Alves de Azevedo durante 60 anos e levaram uma vida matrimonial de muito amor, harmonia e compreensão. Ele deixou o exemplo de dignidade e honradez, orgulho para a sua família. Seus filhos relembram que o pai gostava de dançar. Levava a mulher e os filhos para as festas e, no carnaval, comprava os apetrechos da época, o que fazia a alegria da família. Eles relatam que Abias foi um excelente esposo, amoroso com a consorte e os filhos, cordial e educado com todos. Tratava-se de um grande homem, íntegro, pai exemplar, esposo fiel e atencioso. Homem honrado, de palavra. Um grande amigo.

Abias dos Santos Azevedo faleceu em 16 de julho de 1978, aos 82 anos de idade e o corpo está sepultado no cemitério municipal Senhor do Bonfim. Sua esposa faleceu no dia 27 de junho de 2002. A filha Solange, comovida, expressou: “Foi um grande homem. Um bom pai. Um bom esposo. Um grande amigo!”. “Minha mãe era muito amorosa com todos nós, esposa dedicada e muito atenciosa com todos, exemplo de bondade, dignidade e honradez”.

Extraído do livro Lagoa do Leite – causos e lembranças de Nilton Vasconcelos, edição de julho de 2014:
“ Seu Abias Azevedo, irmão de Seu Armindo, ex-prefeito de Brumado, quando faleceu, era um homem de muitas propriedades, terras, lojas, um homem rico. Mas, antes de ter loja grande em Brumado, negociou em muitas praças da região, inclusive em Ubiraçaba, onde se passou a seguinte história. Ele mexia principalmente com tecidos. Tinha uma boa freguesia, mas o que faltava, muitas vezes, era troco. Dinheiro miúdo para dar de troco nas compras que o povo fazia. Então, para resolver esse problema, ele apresentou uma solução que foi aceita por todos, por ser ele uma pessoa muito considerada.
Mandou imprimir, num papelão, o nome da firma e o termo “VALE”. Num espaço em branco, ele escrevia o valor que assumia como dívida. Aquele vale servia também no comércio e na feira, tamanha era a confiança que as pessoas tinham no negociante. Ele tinha crédito. A qualquer momento, havendo troco, o cidadão possuidor do vale poderia resgatar o “Título”, ou usá-lo numa próxima compra. Era uma espécie de “conta – corrente”, ao contrário. Ou seja, quem ficava devendo era o vendedor. Como era uma pessoa em quem todos acreditavam, não dava problema.
Em certa oportunidade, Lolô, nome de batismo Jerulino, [...] encomendou, na loja de Seu Abias, uma fazenda de tecido para costurar um terno. [...] Ele tomou um lápis e, num pedaço de papel, escreveu: vale tanto – correspondente ao valor do produto – e assinou. O balconista, assustado, meio gaguejando, disse que não poderia receber daquela forma, ficou sem saber como tratar a situação. Correu para chamar Seu Abias e saber como proceder.
“Como vai, Lolô? Dona Maria vai bem?”, Chegou de mansinho
Seu Abias.
“É que ele não quer receber meu vale”, foi logo ao assunto, Lolô.
Paciente, o comerciante informa: “Olha, aqui nós fornecemos o vale só quando não temos troco para dar ao cliente”. E Lolô arrematou: “Vocês dão vale quando não têm troco, e eu dou quando não tenho dinheiro”. E agora? Bem que Lolô tentou”.



Antonio Novais Torres

Brumado, em 16/12/2012. 

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