BIOGRAFIA DE ADÉLIA DA SILVA CARDOSO
DONA DEZINHA
*10-12-1910
† 24-12-2002
Adélia da Silva Oliveira (D. Dezinha) nasceu em 10 de dezembro de 1910,
na Fazenda Baixa do Arroz, no então município das Vitórias, atual Vitória da
Conquista/BA. Era filha de Joaquim Fernandes de Oliveira (Quinquinha da
Jiboia), natural de Vitória da Conquista e de Maria Dias da Silva Oliveira,
natural de Jussiape, que morreu em consequência do parto de D. Dezinha. Esta
foi morar com a avó materna, Isabel Dias de Oliveira, Xixa, que era professora,
tinha uma escola e falava francês, por quem foi educada e instruída e aprendeu
a costurar camisas, fazer tricô e crochê, atributos que lhe rendiam ganhos.
“Minha Mãe, nunca frequentou uma escola. Foi alfabetizada e sempre
estudou dentro de casa e sempre supervisionada pela minha avó materna Izabel
Dias de Oliveira que era professora e letrada em Francês”, afirmações de
Perouse Cardoso.
São irmãos germanos de D. Dezinha: Áurea
da Silva Oliveira (Aurinha) e Ariovaldo Fernandes de Oliveira. Ela teve,
também, irmãos unilaterais, referentes a outros relacionamentos de Joaquim
Fernandes de Oliveira: Maria Luíza, Ana Dejanira, José, Eurípedes, Elder, Isauto,
Euder, Eupépio, Elzita, Enedina e Zildine.
Adélia da
Silva Oliveira casou-se, ainda adolescente, aos 14 anos de idade, com Áppio
Cardozo da Paixão (Cardosinho), 31 anos de idade, natural de Bom Jesus dos
Meiras, comarca do Brejo Grande, atual Brumado, nascido em 23/02/1893, filho de
Manoel Cardozo da Paixão e de Clotildes Dantas de Miranda Paixão, ambos
naturais da cidade Minas de Rio de Contas. O casamento civil foi realizado no
dia 24-12-1924, em Jussiape/BA e o religioso, celebrado pelo Pe. José Dias
Ribeiro da Silva, na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Meiras (Brumado), em
02-03-1925. Foram testemunhas do casamento civil, Isidoro Mascarenhas e Luiz
Ribeiro Dias. Após a formalidade do ato ela passou a assinar Adélia da Silva
Cardoso.
Da união entre Áppio e Adélia nasceram os
filhos: Manoel Cardoso Neto (Nelito), Maria de Lourdes (Liá), Gildásio (Dásio),
Walter (Zinho), Wagner (Nem), Terezinha de Jesus (Tê), Zilma (Biba), Newton
(Niltão), Sebastião (Tiãozito), Gilberto (Giba), Perouse (Péu), Roberto (Ró),
Ubiratan (Bira), Irã (Nã) e Mari ’Stela (Tela) da Silva Cardoso, além de Frederico
Lisboa Filho (adotivo), os quais perfazem o total de 16 filhos.
Incansável trabalhadeira, ajudava o marido,
alfaiate, confeccionando camisas – era exímia profissional nessa arte – e ambos
desenvolveram as condições para a criação, instrução e formação dos filhos.
Na década de 1930, recebeu convite para
exercer o cargo de Escrivã da Vara do Júri e Execuções Penais, recém-criada e a
ser instalada na Comarca de Brumado, o que fez interinamente. Logo em seguida, prestou
concurso na vizinha cidade e Comarca de Ituaçu, a cuja Comarca Brumado
pertencia. Em 1940, foi nomeada e empossada pelo Dr. Azarias Batista Neves, a
quem prestou exames para o cargo de Tabeliã de Notas, passando a assumir,
também, o Cartório de Protesto de Títulos e Duplicatas. Sebastião da Silva
Cardoso (filho) era o seu subtabelião. Nessa época, D. Dezinha contou com a orientação,
nas questões de terras, do experiente Dr. Arthur Revenster da Costa, causídico
provisionado. Em 1972, com 62 anos de idade ela aposentou-se nesse ofício.
Em homenagem a Áppio Cardozo, Terezinha
Cardoso publicou, no jornal A Tarde, na edição de 23-01-1983, um artigo do qual
transcrevemos o seguinte excerto: “Com este Homem sincero e íntegro aprendi as
leis da verdade e da pureza, caminhos para distinguir ‘preconceito’ de
‘integridade’, repudiando o primeiro e assentando minha base filosófica na
segunda. Este camponês chama-se Áppio Cardozo, de quem, seja Deus! Eu sou
filha. Felizmente”. Esse depoimento honra e dignifica Dona Dezinha na qualidade
de esposa e de mãe.
Walter Castro Bonfim, professor e advogado,
amigo e colega de trabalho de Tiãozito, e de resto, toda a família, fez uma
bonita homenagem a D. Dezinha na comemoração dos seus 90 anos. Diz o
professor e advogado Walter Castro Bonfim em partes de seu texto:
“Áppio
Cardozo da Paixão, pai extremoso que todos os filhos endeusam, e D. Dezinha,
administravam a numerosa prole com todo o rigor que a caracterizava.
D.
Dezinha já era uma das prestigiadas personalidades da comunidade de Brumado,
ombreando nomes como Armindo dos Santos Azevedo, Prefeito do Município;
Monsenhor Antônio Fagundes, nosso eterno pastor; Manoel Fernandes dos Santos,
comerciante e político; Dr. Manoel Carvalho, o farmacêutico Dr. Nezinho; Dr.
Délio Gondim Meira, advogado de renome; Dr. Juracy Pires Gomes, médico, que
dava os primeiros passos como político; Hermes Santos, escrivão cível, a quem
sucedi no cargo; Cel. Zeca Leite; Agnelo Azevedo; Aloísio Castro; Sebastião
Meira Santos, comerciantes, Maria de Lourdes Viana Leite, a D. Lourdinha, modelo
de servidora da Justiça; Belaniza P. Santos, a D. Bela, outra valorosa mulher e
mãe; Arthur Revenster Costa, respeitado advogado provisionado; Dra. Magna Maria
P. Santos, juíza de Direito de saudosa memória; Dr. Valter Martins de Andrade,
gerente da Magnesita S.A., Érico Dias Lima, professor; Dr. Ubaldo Meirelles,
cirurgião dentista, entre outras.
Célia
e eu, que sempre fomos tratados por D. DEZINHA com especial deferência, nos
orgulhamos de pertencer ao seu círculo de amizades e, com este despretensioso
depoimento, presto a ela nossa homenagem, pelo que representa como exemplo para
a comunidade e pelos seus 90 anos de vida”.
Dez./2000.
Trechos da homilia da Missa em Ação de Graças
pelos 90 anos de Adélia da Silva Cardoso, celebrada por Monsenhor Antônio da
Silveira Fagundes, concelebrada pelo Bispo de Caetité D. Ricardo Guerino
Brusati:
“Estamos
rendendo hoje, aqui e agora, um culto de ação de graças a Deus, por intermédio
do sacrifício da missa, pelos 90 anos de vida de D. Adélia da Silva Cardoso”.
“Em
76 anos de matrimônio, duas pessoas conscientes de suas obrigações formaram,
com seu trabalho, o cenário da família, o mais belo quadro de paz, de
compreensão e amor”.
“Agradecemos,
pois, a Deus por ela ter assumido o amor, bem sabendo que amar é sofrer, é
enfrentar vigílias de solidão e de espera, passar noites em branco à cabeceira
dos filhos, é lutar pelo pão de cada dia. Agradecemos a Deus pelo seu heroísmo,
sabendo que uma vida nova é um fardo pesado a carregar e, muitas vezes, motivo
de sofrimento para ampará-la e protegê-la. Agradecemos a Deus pela sua coragem
e força de vontade para criar seus filhos, encaminhando-os para o bem, para uma
vida feliz, de cidadãos e cristãos. Agradecemos a Deus pelo esposo humilde e
dedicado que lhe acompanhou os passos, repartindo com ela sofrimentos e
alegrias”.
“Agradecemos
a Deus por Ele ter dado por cumprida a sua nobre missão, já que seus filhos
adultos agora lhe retribuem o amor e a dedicação com redobrado sentimento de
gratidão”.
“Agradecer
a Deus tornou-se hoje voz de seus filhos e amigos nesta hora solene da Santa
Missa de Ação de Graças. Que o tempo não venha empanar a beleza dessa união,
conservando todos obedientes a seus conselhos”.
“Graças,
pois, a Deus, num pedido fervoroso, para que seus dias sejam prolongados para
mais satisfação dos filhos e de todos que a estimam”.
“Graças,
pois, a Deus, por nos reunirmos neste acontecimento feliz que nos comove a
todos, envolvendo-nos numa atmosfera de amor e de prece”.
“Assim
seja!”.
Através da Lei nº 1.491, de 3 de setembro
de 2007, o Município a homenageou, dando seu nome a um logradouro da cidade no
bairro Santa Tereza, que passou a denominar-se Praça Adélia da Silva Cardoso.
Áppio Cardozo da Paixão, esposo de D. Dezinha, também, foi homenageado, nominando
um logradouro no bairro Santa Tereza.
Através da Resolução 03/2000, em 08 de
dezembro de 2000, em sessão solene, por iniciativa do vereador José Luiz Alves
Ataíde, foi outorgado o título de Cidadã Brumadense à senhora Adélia da Silva
Cardoso. Fizeram parte da mesa, além da homenageada, o advogado Newton Cardoso
(filho) e a esposa; Terezinha Cardoso (filha), representando os demais irmãos e
familiares; o prefeito municipal Edmundo Pereira Santos e a primeira-dama Marizete
Fernandes Lisboa Pereira; a Juíza de Direito Leonor da Silva Abreu e o senhor Deilson
Nogueira Tibo, representando a empresa Magnesita S.A. José Luiz Alves Ataíde
leu a biografia da senhora Adélia da Silva Cardoso e entregou-lhe o título de
Cidadã Brumadense, proposto por ele e aprovado pela unanimidade da Câmara.
O advogado Newton Cardoso (filho)
agradeceu a homenagem prestada a sua genitora e discorreu sobre a vida da
homenageada. O Doutor Deilson Nogueira Tibo, gerente da Magnesita S.A.,
representando Dr. Hélio Guimarães, um dos acionistas da empresa, também relatou
resumidamente a história de D. Dezinha e seus filhos.
Adélia da Silva Cardoso faleceu em 24 de
dezembro de 2002, com 92 anos de idade, em Salvador e teve seu corpo cremado. As
cinzas foram espalhadas no jardim da casa onde residiu em Brumado. Áppio Cardozo
da Paixão faleceu em 17 de Abril de 1983, com 90 anos de idade, e encontra-se
enterrado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
FONTES:
Artigo Uma Soberana do Agreste de autoria
de Sebastião da Silva Cardoso (Tiãozito) em 11 de outubro de 2000, publicado no
livro Trajetória de um empreendedor;
Jornal A TARDE de 23-01-1983,
constante do livro Trajetória de um empreendedor;
Artigo do advogado Walter Castro Bonfim em
comemoração aos 90 anos de Dona Dezinha;
Registro da Missa solene em Ação de Graças
pelos 90 anos de Adélia da Silva Cardoso, celebrada pelo Monsenhor Antônio da
Silveira Fagundes;
Prefeitura Municipal de Brumado, Lei 1.491
que dispõe sobre denominação de Praça com o nome de Adélia da Silva Cardoso;
Câmara Municipal de Brumado, resolução 03/2000,
de autoria de José Luiz Alves Ataíde, outorga do título de Cidadã Brumadense a
Adélia da Silva Cardoso;
Afrânio Cotrim (advogado residente em
Aracatru);
Dados fornecidos por Ubiratan Cardoso e
demais irmãos consultados;
Cartório de Registro Civil de Pessoas
Naturais em Brumado.
Antonio Novais Torres
Brumado, em 27/10/2013.
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