sábado, 16 de janeiro de 2016

ADALBERTO GOMES PRATES




ADALBERTO GOMES PRATES
⃰ 12/11/1926†?


            Adalberto Gomes Prates, quarto filho da prole de oito irmãos, nasceu no distrito de Laços/Ituaçu, no dia 12 de novembro de 1926. É filho de Guilhermino Gomes Prates, natural de Mucugê/BA e Corina Amélia Prates, natural do distrito de Laços, Ituassú, (Ituaçu), nascida em 20 de janeiro de 1918 e dedicou toda a sua vida ao cônjuge e aos filhos. São filhos do casal: Agenor, Maria de Lourdes, Sebastião, Adalberto (biografado) Armando, Leonor, Elza e Mario Gomes Prates.

             Iniciou os estudos aos sete anos de idade, com a professora pública estadual Elza dos Santos Rebouças, natural da capital do Estado, onde residia até ser nomeada para assumir a cadeira do ensino primário no distrito de Laços/Ituaçu. O transporte de Salvador para o distrito de Laços, um percurso de 700 km, fazia-se por trem de ferro até Contendas do Sincorá, última estação ferroviária (ferrovia em construção) e daí em diante, de cavalo, em uma estrada carroçável, de condições precárias até o seu destino. 

            No período de férias, os pais dos alunos se cotizavam e pagavam uma professora leiga, particular, senhora Maria Clara Rocha (Clarinha), para ministrar o ensino aos meninos.

 Trabalhou com o pai no município de Ituaçu, quando tinha 13 anos de idade em sua casa comercial de secos e molhados e tinha a incumbência de levar para a família os gêneros alimentícios destinado aos que ficaram no distrito de Laços, posteriormente, acompanhou o pai com a família para Várzea Queimada no mesmo município.

            Além de ajudar o pai no comércio, ajudava-o também nas despesas. Fabricava e vendia alpercatas, valises, malas, rédeas, cabrestos e arreios (acessórios para montaria), gerando um bom lucro. Em uma fábrica de sandálias desativada na cidade de Brumado, Adalberto comprou o estoque remanescente, fazendo um bom negócio que lhe proporcionou um excelente resultado financeiro.

            Aprendeu a tocar sanfona de oito baixos. Lembra-se de um senhor da relação familiar, de nome Emídio, que dizia: “Esse menino ainda vai tomar conta de uma caixaria (profissão de caixeiro) na cidade grande, pela sua diligência”.

            Em 1945, o pai comprou uma propriedade no lugar denominado Ladeira, distante 5 km de sua casa comercial, para onde a família se mudou. Curioso e esperto, no lugar onde residia, somente ele sabia dar nó em gravatas.  Arriscou-se, também, na arte de cabeleireiro e, por ter a mão boa para cortes (segundo as clientes), fazia muito sucesso com as mulheres. Exercia essa atividade amadorística, com oficina de trabalho improvisada embaixo de uma árvore frondosa localizada em frente à sua casa, sem cobrar pelo serviço executado, apenas pelo prazer de ser útil. Em troca, recebia um “muito obrigado” ou “até logo”.

            Nessa época, conheceu a casimira Aurora, o tropical Inglês, o chapéu Panamá e o linho diagonal York Street, todos importados. Muitos de seus conterrâneos faziam uso desses produtos em ocasiões especiais. Lembra-se de um senhor afrodescendente, apelidado de Coqui, nome que o identificava, proprietário de um carro de bois de aluguel que, nos dias festivos, apresentava-se trajado a rigor, com indumentária de linho branco, chapéu Ramenzoni3xis.

            Em 1950, com 24 anos de idade, deixou a sua terra natal com destino à Vitória da Conquista, em busca de novos estudos e melhores condições de vida. Fez o percurso de 185 km em carroceria de um caminhão, em uma estrada de terra e cheia de curvas. A distância causou-lhe grande saudade do seu lugar, dos pais e dos amigos.

            Em Vitória da Conquista, deslumbrou-se com a iluminação elétrica que, até então, não conhecia. Encontrou-se com os primos amigos:  Walter Gomes de Miranda e suas irmãs Iracema, Alice e Maria Augusta (Mariquinha), filhos da sua tia Dina Prates de Miranda, todos seus conterrâneos. Conheceu também o senhor Cid Magalhães (auditor fiscal do Estado) e sua irmã Hélia Magalhães (†04/02/2010), amizade que durou 64 (sessenta e quatro) anos.

Quando sua filha Célia Regina foi estudar em Vitória da Conquista, no Instituto São Tarcísio, recebeu deles um convite para que ela fosse morar com eles em sua casa, onde desfrutou excelente acolhida, gesto que jamais se esqueceu. Por gratidão e em nome da amizade, deu-lhes para batizar a filha caçula, Cleide, portanto, além de amigos e compadres, consideram-se irmãos.

            Em Conquista Adalberto visitou o conterrâneo Vespasiano Dias, cirurgião dentista, cujos pais Guilhermino Gomes Prates e Coronel Minervino Dias, pai de Vespasiano, as famílias mantinham tradicional relação de amizade. Nesse encontro, em seu gabinete dentário, dele recebeu um escrito de apresentação endereçado ao professor Everardo Público de Castro, Diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), oportunidade em que matriculou-se naquela escola profissionalizante que lhe proporcionou importantes aprendizados.

            Em 25 de janeiro de 1954, foi ao Rio de Janeiro a convite do tio Agenor Gomes Prates. Lá, de 28 de fevereiro a 2 de março teve a oportunidade de presenciar o Carnaval carioca e apreciar todas as suas liberdades e sensualidades expostas e, para ele, desconhecidas. O impacto causou-lhe estranheza por não estar acostumado àquele comportamento liberal e libertino da cidade “civilizada”.

            Em maio de 1955, matriculou-se no curso de Química Industrial, a distância: Instituto Científico de Química Industrial do Rio de Janeiro, reconhecido pelo Ministério da Educação, com especialidade em bebidas, o qual contava com vários professores de alta competência sob a orientação do diretor Dr. Armando Schepis.

            Em 1958, concluído o curso de química, escolheu a cidade de Brumado, onde montou a primeira fábrica de bebidas com destaque para o Vinho de Jurubeba Lobo e o Vermouth Rozano, carros-chefes de venda da indústria. Essa fábrica foi a pioneira na cidade e mereceu a visita de várias pessoas, inclusive entrevista de estudantes do Ginásio General Nelson de Mello, os quais elogiaram os produtos com a aprovação pela sua excelente qualidade.

            “Era nosso vendedor, nessa época, o senhor Sílvio José Pereira Franco, que posteriormente tornou-se proprietário da indústria”. A indústria de bebidas tinha como clientes comerciantes de São Félix e Cachoeira no recôncavo baiano, Montes Claros em Minas Gerais e, no Oeste do Estado da Bahia, Boquira, Oliveira dos Brejinhos e Ibotirama. As entregas em cidades circunvizinhas eram feitas com um velho caminhão Chevrolet com defeito na ignição, dirigido pelo senhor Joaquim ‘Retratista’ que o deixava sempre engrenado e em lugar com declive para facilitar a partida.

            ”Certa feita, o garoto Washington Fernando Franco, travesso, entrou no caminhão e o desengrenou. O veículo desceu a ladeira e derrubou um poste de luz. O prefeito da época, o amigo Manoel Fernandes dos Santos, autorizou um funcionário responsável pelo setor a substituir o poste sem ônus”. 

            No dia 15 de fevereiro de 1959, o empresário Adalberto, homem de visão futurista, acreditando no potencial de Brumado, edita o primeiro jornal da cidade com o título ‘O Jornal de Brumado’, trazendo uma gama diversificada de notícias, entre outras, por exemplo, o Carnaval realizado no Clube Social de Brumado, com destaque para a eleição e coroação da Rainha e das Princesas, respectivamente Nely dos Santos Azevedo, Maria Helena Viana Machado e Alaíde Santana. Por questões de custo/benefício, o jornal não foi avante, ficou apenas na primeira edição.

Em 02 de setembro de 1962, com residência própria, casou-se com a professora Maria de Lourdes Prates, filha do Major Antonio Xavier Prates e dona Alice Rizério Prates, com quem teve quatro filhos: Adalberto Júnior, Célia Regina, Elizabeth e Cleide.

            Por problemas financeiros e econômicos, na época, arrecadou as suas economias e mudou-se para Vitória da Conquista com a mulher e o filho primogênito Adalberto Júnior de quatro meses e foram morar em um quarto de um pensionato. Daí, trilhou novos caminhos.

            Em 1968, montou a primeira casa de móveis e eletrodoméstico, com fabricação de colchões de molas, com o nome fantasia ‘Simperbel Móveis’, cujo significado era ‘Simplicidade, Perfeição e Beleza’. Inteligente e talentoso construiu várias casas e as revendia, perspicácia de empreendedor.

            Em 2003, apresentou ao poder público constituído, através de políticos locais, um Mapa Rodoviário de sua confecção anexo a um pedido de construção de uma rodovia de Brumado até Salvador via Maracás, que encurta a distância em 200 km. Parte dessa estrada já se encontra pronta e conecta-se com a BR-116 em Milagres.

            Levou ao conhecimento do Poder Público Municipal a necessidade de se edificar uma estátua do Cristo Redentor, porquanto Brumado é uma cidade cuja origem é de católicos professos. Ele sugeriu, ainda, depois de seus estudos da numerologia, a mudança do nome de Brumado para Minápolis, que condiz melhor com a vocação da região.

            Adalberto Gomes Prates, por méritos pelo que já fez em Brumado e por mourejar nesta cidade, por muitos anos, da qual tanto se orgulha, merece o reconhecimento de filho adotivo da terra.





·       Fontes:
·       Os dados desta biografia foram fornecidos pelo biografado, a quem creditamos os méritos e agradecemos pela colaboração.
·       Pesquisas realizadas referentes ao currículo do biografado.


Antonio Novais Torres

Brumado, em 21/11/2014.

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