quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

AGNELO DOS SANTOS AZEVEDO





AGNELO DOS SANTOS AZEVEDO
PADRÃO DE CIDADÃO EXEMPLAR

*14/05/1908†06/08/2013

Conheci o Sr. Agnelo nos idos de 1958, época em que ele já era um próspero e conceituado comerciante, quando vim para Brumado para concluir o curso primário e prestar admissão ao ginásio – verdadeiro vestibular, tal o rigor da seleção e a exigência do conteúdo das provas –, eu era ainda um menino.

 Posteriormente, voltei a encontrá-lo, desta feita, eu já em idade adulta, nas reuniões políticas do PMDB, nas quais sua presença era indispensável pela sua postura serena, ponderada e equilibrada. Daí ser-lhe concedido o título honorífico de presidente de honra do partido – cargo por ele ocupado com a morte do saudoso Manoel Joaquim de Carvalho (Dr. Nezinho) –, porém, pela envergadura da idade, ultimamente ele não tem marcado presença nas reuniões do partido. Desses seus predicados, nasceu a minha admiração por Seu Agnelo, insigne personalidade. Honra-me conhecê-lo e ser seu amigo.

Agnelo dos Santos Azevedo nasceu em 14 de maio de 1908, em Bom Jesus dos Meira, hoje, Brumado. É o último da prole dos filhos do casal Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena dos Santos Azevedo, sendo seus irmãos Jayme falecido aos 10 meses, Alcebino, Isolina, Idalina, Idália, Abias, Armindo, Iônia, Gerson, Gerôncio e Lindolfo dos Santos Azevedo. Foi encaminhado pelo princípio de uma educação correta recebida dos seus genitores e direcionado para o relacionamento amistoso, sincero, de união e amizade entre os irmãos e demais familiares.

Em 11 de abril de 1932, com 24 anos de idade, casou-se com Celsina de Lima Santos, 19 anos de idade, que após o casamento passou a assinar Celsina Santos Azevedo, filha de Fidelcino Augusto dos Santos e Cecília Lima Santos. O ato religioso foi realizado na Fazenda São José, residência dos pais da noiva, (hoje pertencente à empresa Magnesita S.A.) celebrado pelo Padre José Dias Ribeiro da Silva e no civil pelo juiz preparador Dr. Pedro Ribeiro. Foram padrinhos Marcolino Rizério de Moura e esposa Dona Placídia, além de irmãos e cunhados do noivo.

 Celsina foi companheira fiel e dedicada, seu único e verdadeiro amor, sentimento que lhe é retribuído na mesma intensidade. Com ela teve 10 filhos: Niete, Nilza, Edval, Evan, Nelcy, Nely, Cilene, Arnaldo, todos bem encaminhados, e dois falecidos com 4 e 10 meses de idade. D. Celsina, mulher afetuosa, devotou-se inteiramente ao marido, à administração do lar e ao zelo dos filhos, a quem proporcionou educação respaldada na honradez, no respeito e na dignidade.


Com a loja adquirida do senhor Braulino Meira, seu Agnelo foi comerciante durante 43 anos. Em seu estabelecimento comercial vendia chapéus, ferragens, louças, calçados e gêneros alimentícios por último especializou-se em venda de tecidos e afins, ao cabo dos quais se aposentou. Sua vida comercial foi assaz ilibada, cumpria rigorosamente com as suas obrigações sociais e civis, gozando de excelente conceito entre os colegas, os amigos e a comunidade.

Como curiosidade, seu Agnelo foi o primeiro comerciante a vender produtos funerários e o primeiro caixão foi vendido para o sepultamento de Francisco Ramos da Silva, vulgo Chiquinho Gavião, falecido em 06 de novembro de 1968, com informação da viúva Gildasia da Silva, dona Daninha. Foi também músico e pertenceu a filarmônica Musical que fez a sua primeira apresentação na inauguração do telégrafo em 15 de novembro de 1927.

Começou a sua lida desde cedo. Portanto, teve uma trajetória de vida dedicada ao trabalho que incluiu o comércio varejista diversificado, igualmente no negócio rural, comercializando algodão, cuidando de roça e criação de animais. Confessa que hoje seu maior prazer é desfrutar o sossego da propriedade rural, fazendo passeios e exercícios no campo, convivendo com a natureza e deliciando-se com essa dádiva divina que lhe estimula a felicidade de viver.

Foi iniciado no aprendizado primário por um professor vindo de Salvador, de nome Marinho Fernandes Galiza, tendo concluído apenas o terceiro ano. Afirma que, apesar de não ter estudado o suficiente para concluir um curso que lhe desse maior conhecimento literário, pois era um “inimigo” da escola – preferia as lidas do campo e do comércio –, incentivou seus filhos e disponibilizou as condições necessárias para que todos tivessem a sua formação intelectual e profissional, os quais preencheram suas esperanças e expectativas, e diz esperar que os netos também persigam esses ideais.

Homem simples, proveu a família sem lhe deixar faltar o necessário e o indispensável. Enfrentou dificuldades, mas obteve êxitos com determinação e a coragem de um destemido vencedor, declarando que o seu maior patrimônio é a família, com a qual vive feliz, em harmonia e união, tendo o respeito e a consideração de todos.

Lembrando-se da juventude, fez uma retrospectiva. Que Dona Celcina não esboce ciúmes! Disse que, julgando-se independente e nos arroubos de jovem, foi um grande paquerador à moda de sua época até conhecer a sua cara-metade e atual esposa, com quem partilha a felicidade de um convívio de respeito mútuo, de afinidades recíprocas e de amor consagrado pelo ensinamento da igreja católica de que “O que Deus uniu o homem não separe”.

Em suas reflexões, conclui que desejaria ter mais anos de vida, prolongando assim o convívio com sua inseparável e dileta esposa, filhos, netos, demais parentes e amigos, desde que fosse mantida a lucidez, a audição, a visão e a liberdade de movimentos, enfim, uma vida saudável. Para tanto, são dirigidas preces a Deus, as quais faz por intercessão da Santíssima Protetora Nossa Senhora, mãe de Jesus Cristo.

Relata que é uma pessoa sadia, em se desconsiderando os queixumes, as limitações e as doenças próprias da idade. Contou que, certa feita, ao se consultar com um médico, este, para testar os reflexos e a sua lucidez de provecto, pediu-lhe que escrevesse, no verso da receita, o que pensava da velhice. Ele, exercitando os neurônios, buscou nos recônditos da memória a seguinte quadra de sua autoria: Não tem ninguém mais feliz/Do que um velho independente/Para expressar o que deseja/Com o poder de sua mente.

Seu Agnelo, aos 93 anos, é um homem lúcido, consciente do dever cumprido, estribado no exercício pleno da cidadania, atento ao convívio social, civil e político, de invulgar qualidade moral e ilibada conduta. Orientou sua vida na direção dos bons exemplos de dignidade, fazendo prevalecer a justiça, o equilíbrio e a sensatez, sendo incapaz de ferir alguém. Preserva e honra a família a quem ama com a força que lhe brota do coração. É compreensivo e solidário, fiel e terno com a sua esposa e filhos. Nenhuma mácula há a denegrir a reputação desse cidadão exemplar. Preza os amigos, devotando-lhes lealdade, respeitando-os quanto as suas individualidades. É humilde, sereno sem preconceito de qualquer espécie.

É imperioso que o exemplo dessa figura humana extraordinária seja conhecido e divulgado para que os pósteros – a nossa juventude – o tenham como paradigma, pois quem assim procede dignifica e honra a sociedade, visto que a convivência com as pessoas e com a família, calcada nos exemplos citados, constitui o alicerce da conduta exemplar, do respeito e da autoridade moral.

Finalizando, quero desejar ao amigo Sr. Agnelo dos Santos Azevedo que as suas esperanças sejam concretizadas conforme a vontade de Deus e afirmar, com toda propriedade, que, pela sua conduta de homem íntegro, pelo seu caráter, sua honestidade, sua idoneidade e atos de moralidade, qualidades que o dignificam, a sociedade brumadense o reconhece como uma pessoa de virtudes e moral ilibada. Presto-lhe homenagem com o seguinte poema de Bastos Tigre:

“Entre pela velhice com cuidado, /pé ante pé, sem provocar rumores, / que despertem lembranças do passado, / sonhos de glória ou ilusões de amores. / Do que houveres no pomar plantado, / apanha os frutos e recolhe as flores. / Mas, lavra ainda e cuida o teu eirado, / outros virão colher quando te fores./ Não faças da velhice enfermidade,/ alimenta o espírito na saúde,/ luta contra as tibiezas da vontade./Que a neve caia, que o andar não mude,/ mantém-te jovem, não importa a idade,/tem cada idade a sua juventude”.

ADENDO em 14/05/2008:

Em homenagem aos 100 (cem) anos de vida de Seu Agnelo, completados no dia 14/05/2008, com missa em Ação de Graças rezada na Igreja Matriz, no dia 17/05/2008, republico o artigo que escrevi falando da sua figura de homem respeitável e moralmente correta. Trata-se de uma enciclopédia viva da nossa história e está muito lúcido, apesar da idade centenária. Um exemplo de pessoa que diz só ter amigos. Pelo seu perfil de homem honesto e incorrupto, rendo-lhe homenagens.

 Prestaram homenagens: familiares com mensagem pelos seus 100 anos relatando emocionantes virtudes generosas do aniversariante – prudência, temperança, fortaleza e justiça, conforme ensina a Igreja Católica corroborados por amigos do homenageado.

A deputada Ivana Bastos manifestou na Assembleia Legislativa sinceras congratulações para o senhor Agnelo dos Santos Azevedo, pela passagem dos seus 104 anos, comemorados com grande alegria pelos seus familiares, amigos e admiradores. Dê ciência desta Moção à Câmara de Vereadores, aos familiares do homenageado e aos meios de comunicação local.
Sala das Sessões em 14 de maio de 2012.
Ivana Bastos – deputada Estadual - PSD.

ADENDO 17/05/2012:

Ao completar 105 anos o vereador Weliton Lopes prestou-lhe homenagem na Câmara de Vereadores lendo a sua biografia e acrescentou: “Por tudo isso, representantes do povo, não poderíamos deixar de prestar essa homenagem ao cidadão Agnelo dos Santos Azevedo, que nos honra muito e dignifica, inclusive, a palavra Cidadão”.
Sala das sessões da Câmara de Vereadores de Brumado-Bahia, em 17 de maio de 2012.

ADENDO EM 06 DE AGOSTO DE 2013:

 Morreu na madrugada desta terça-feira, 06, por volta dos 3h, Agnelo dos Santos Azevedo, 105 anos, até então o filho mais velho de Brumado. Agnelo estava internado em um hospital em Salvador e faleceu vítima de um AVC - Acidente Vascular Cerebral. O corpo será trasladado para Brumado e está previsto chegar às 17 horas. O velório será na sua residência na Praça Armindo Azevedo e o sepultamento será amanhã (7/8) às 10 horas.

Que Deus receba seu Agnelo com a paz merecida. Esse cidadão de referência ímpar da nossa sociedade símbolo de virtudes, de personalidade privilegiada cujo carisma é modelo da moralidade, pautou pelo princípio ético dando bom exemplo. Descanse em Paz Agnelo dos Santos Azevedo por estes longos anos de vida que o Altíssimo lhe concedeu por Desígnio divino. Es orgulho de Brumado pelos exemplos da bem-aventurança praticados.


Brumado, em 05/11/2001.
Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br

ADITIVO EM 26 DE SETEMBRO DE 2013:

Projeto de Lei nº 026/2013

Art. 1º - Passa, doravante a denominar-se” RUA AGNELO SANTOS AZEVEDO”, localizada entre o trecho do anel Viário que interliga a BA 262 e a BR 030 à Avenida Cel. Santos.

Indicação do vereador Weliton Lopes do Nascimento (PR), corroborado por seus membros e sancionada pelo prefeito Aguiberto Lima Dias.

Brumado em 26 de setembro de 2013.


Antonio Novais Torres
Brumado, 26/09/2013.




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