AGNELO DOS SANTOS AZEVEDO
PADRÃO DE CIDADÃO EXEMPLAR
*14/05/1908†06/08/2013
Conheci
o Sr. Agnelo nos idos de 1958, época em que ele já era um próspero e
conceituado comerciante, quando vim para Brumado para concluir o curso primário
e prestar admissão ao ginásio – verdadeiro vestibular, tal o rigor da seleção e
a exigência do conteúdo das provas –, eu era ainda um menino.
Posteriormente, voltei a encontrá-lo, desta
feita, eu já em idade adulta, nas reuniões políticas do PMDB, nas quais sua
presença era indispensável pela sua postura serena, ponderada e equilibrada.
Daí ser-lhe concedido o título honorífico de presidente de honra do partido –
cargo por ele ocupado com a morte do saudoso Manoel Joaquim de Carvalho (Dr.
Nezinho) –, porém, pela envergadura da idade, ultimamente ele não tem marcado
presença nas reuniões do partido. Desses seus predicados, nasceu a minha
admiração por Seu Agnelo, insigne personalidade. Honra-me conhecê-lo e ser seu
amigo.
Agnelo
dos Santos Azevedo nasceu em 14 de maio de 1908, em Bom Jesus dos Meira, hoje,
Brumado. É o último da prole dos filhos do casal Casimiro Pinheiro de Azevedo e
Filomena dos Santos Azevedo, sendo seus irmãos Jayme falecido aos 10 meses, Alcebino,
Isolina, Idalina, Idália, Abias, Armindo, Iônia, Gerson, Gerôncio e Lindolfo
dos Santos Azevedo. Foi encaminhado pelo princípio de uma educação correta
recebida dos seus genitores e direcionado para o relacionamento amistoso,
sincero, de união e amizade entre os irmãos e demais familiares.
Em
11 de abril de 1932, com 24 anos de idade, casou-se com Celsina de Lima Santos,
19 anos de idade, que após o casamento passou a assinar Celsina Santos Azevedo,
filha de Fidelcino Augusto dos Santos e Cecília Lima Santos. O ato religioso
foi realizado na Fazenda São José, residência dos pais da noiva, (hoje
pertencente à empresa Magnesita S.A.) celebrado pelo Padre José Dias Ribeiro da
Silva e no civil pelo juiz preparador Dr. Pedro Ribeiro. Foram padrinhos
Marcolino Rizério de Moura e esposa Dona Placídia, além de irmãos e cunhados do
noivo.
Celsina foi companheira fiel e dedicada, seu
único e verdadeiro amor, sentimento que lhe é retribuído na mesma intensidade.
Com ela teve 10 filhos: Niete, Nilza, Edval, Evan, Nelcy, Nely, Cilene,
Arnaldo, todos bem encaminhados, e dois falecidos com 4 e 10 meses de idade. D.
Celsina, mulher afetuosa, devotou-se inteiramente ao marido, à administração do
lar e ao zelo dos filhos, a quem proporcionou educação respaldada na honradez,
no respeito e na dignidade.
Com
a loja adquirida do senhor Braulino Meira, seu Agnelo foi comerciante durante
43 anos. Em seu estabelecimento comercial vendia chapéus, ferragens, louças,
calçados e gêneros alimentícios por último especializou-se em venda de tecidos
e afins, ao cabo dos quais se aposentou. Sua vida comercial foi assaz ilibada,
cumpria rigorosamente com as suas obrigações sociais e civis, gozando de
excelente conceito entre os colegas, os amigos e a comunidade.
Como
curiosidade, seu Agnelo foi o primeiro comerciante a vender produtos funerários
e o primeiro caixão foi vendido para o sepultamento de Francisco Ramos da
Silva, vulgo Chiquinho Gavião, falecido em 06 de novembro de 1968, com
informação da viúva Gildasia da Silva, dona Daninha. Foi também músico e
pertenceu a filarmônica Musical que fez a sua primeira apresentação na
inauguração do telégrafo em 15 de novembro de 1927.
Começou
a sua lida desde cedo. Portanto, teve uma trajetória de vida dedicada ao
trabalho que incluiu o comércio varejista diversificado, igualmente no negócio
rural, comercializando algodão, cuidando de roça e criação de animais. Confessa
que hoje seu maior prazer é desfrutar o sossego da propriedade rural, fazendo
passeios e exercícios no campo, convivendo com a natureza e deliciando-se com
essa dádiva divina que lhe estimula a felicidade de viver.
Foi
iniciado no aprendizado primário por um professor vindo de Salvador, de nome
Marinho Fernandes Galiza, tendo concluído apenas o terceiro ano. Afirma que,
apesar de não ter estudado o suficiente para concluir um curso que lhe desse
maior conhecimento literário, pois era um “inimigo” da escola – preferia as
lidas do campo e do comércio –, incentivou seus filhos e disponibilizou as
condições necessárias para que todos tivessem a sua formação intelectual e
profissional, os quais preencheram suas esperanças e expectativas, e diz
esperar que os netos também persigam esses ideais.
Homem
simples, proveu a família sem lhe deixar faltar o necessário e o indispensável.
Enfrentou dificuldades, mas obteve êxitos com determinação e a coragem de um
destemido vencedor, declarando que o seu maior patrimônio é a família, com a
qual vive feliz, em harmonia e união, tendo o respeito e a consideração de
todos.
Lembrando-se
da juventude, fez uma retrospectiva. Que Dona Celcina não esboce ciúmes! Disse
que, julgando-se independente e nos arroubos de jovem, foi um grande paquerador
à moda de sua época até conhecer a sua cara-metade e atual esposa, com quem
partilha a felicidade de um convívio de respeito mútuo, de afinidades
recíprocas e de amor consagrado pelo ensinamento da igreja católica de que “O
que Deus uniu o homem não separe”.
Em
suas reflexões, conclui que desejaria ter mais anos de vida, prolongando assim
o convívio com sua inseparável e dileta esposa, filhos, netos, demais parentes
e amigos, desde que fosse mantida a lucidez, a audição, a visão e a liberdade
de movimentos, enfim, uma vida saudável. Para tanto, são dirigidas preces a
Deus, as quais faz por intercessão da Santíssima Protetora Nossa Senhora, mãe
de Jesus Cristo.
Relata
que é uma pessoa sadia, em se desconsiderando os queixumes, as limitações e as
doenças próprias da idade. Contou que, certa feita, ao se consultar com um
médico, este, para testar os reflexos e a sua lucidez de provecto, pediu-lhe
que escrevesse, no verso da receita, o que pensava da velhice. Ele, exercitando
os neurônios, buscou nos recônditos da memória a seguinte quadra de sua
autoria: Não tem ninguém mais feliz/Do que um velho independente/Para expressar
o que deseja/Com o poder de sua mente.
Seu
Agnelo, aos 93 anos, é um homem lúcido, consciente do dever cumprido, estribado
no exercício pleno da cidadania, atento ao convívio social, civil e político,
de invulgar qualidade moral e ilibada conduta. Orientou sua vida na direção dos
bons exemplos de dignidade, fazendo prevalecer a justiça, o equilíbrio e a
sensatez, sendo incapaz de ferir alguém. Preserva e honra a família a quem ama
com a força que lhe brota do coração. É compreensivo e solidário, fiel e terno
com a sua esposa e filhos. Nenhuma mácula há a denegrir a reputação desse
cidadão exemplar. Preza os amigos, devotando-lhes lealdade, respeitando-os
quanto as suas individualidades. É humilde, sereno sem preconceito de qualquer
espécie.
É
imperioso que o exemplo dessa figura humana extraordinária seja conhecido e
divulgado para que os pósteros – a nossa juventude – o tenham como paradigma,
pois quem assim procede dignifica e honra a sociedade, visto que a convivência
com as pessoas e com a família, calcada nos exemplos citados, constitui o
alicerce da conduta exemplar, do respeito e da autoridade moral.
Finalizando,
quero desejar ao amigo Sr. Agnelo dos Santos Azevedo que as suas esperanças
sejam concretizadas conforme a vontade de Deus e afirmar, com toda propriedade,
que, pela sua conduta de homem íntegro, pelo seu caráter, sua honestidade, sua
idoneidade e atos de moralidade, qualidades que o dignificam, a sociedade
brumadense o reconhece como uma pessoa de virtudes e moral ilibada. Presto-lhe
homenagem com o seguinte poema de Bastos Tigre:
“Entre
pela velhice com cuidado, /pé ante pé, sem provocar rumores, / que despertem
lembranças do passado, / sonhos de glória ou ilusões de amores. / Do que
houveres no pomar plantado, / apanha os frutos e recolhe as flores. / Mas,
lavra ainda e cuida o teu eirado, / outros virão colher quando te fores./ Não
faças da velhice enfermidade,/ alimenta o espírito na saúde,/ luta contra as
tibiezas da vontade./Que a neve caia, que o andar não mude,/ mantém-te jovem,
não importa a idade,/tem cada idade a sua juventude”.
ADENDO
em 14/05/2008:
Em
homenagem aos 100 (cem) anos de vida de Seu Agnelo, completados no dia
14/05/2008, com missa em Ação de Graças rezada na Igreja Matriz, no dia
17/05/2008, republico o artigo que escrevi falando da sua figura de homem
respeitável e moralmente correta. Trata-se de uma enciclopédia viva da nossa
história e está muito lúcido, apesar da idade centenária. Um exemplo de pessoa
que diz só ter amigos. Pelo seu perfil de homem honesto e incorrupto, rendo-lhe
homenagens.
Prestaram homenagens: familiares com mensagem
pelos seus 100 anos relatando emocionantes virtudes generosas do aniversariante
– prudência, temperança, fortaleza e justiça, conforme ensina a Igreja Católica
corroborados por amigos do homenageado.
A
deputada Ivana Bastos manifestou na Assembleia Legislativa sinceras
congratulações para o senhor Agnelo dos Santos Azevedo, pela passagem dos seus
104 anos, comemorados com grande alegria pelos seus familiares, amigos e
admiradores. Dê ciência desta Moção à Câmara de Vereadores, aos familiares do
homenageado e aos meios de comunicação local.
Sala
das Sessões em 14 de maio de 2012.
Ivana
Bastos – deputada Estadual - PSD.
ADENDO
17/05/2012:
Ao completar 105
anos o vereador Weliton Lopes prestou-lhe homenagem na Câmara de Vereadores
lendo a sua biografia e acrescentou: “Por tudo isso, representantes do povo,
não poderíamos deixar de prestar essa homenagem ao cidadão Agnelo dos Santos
Azevedo, que nos honra muito e dignifica, inclusive, a palavra Cidadão”.
Sala
das sessões da Câmara de Vereadores de Brumado-Bahia, em 17 de maio de 2012.
ADENDO EM 06 DE AGOSTO DE 2013:
Morreu na madrugada desta terça-feira, 06, por
volta dos 3h, Agnelo dos Santos Azevedo, 105 anos, até então o filho mais velho
de Brumado. Agnelo estava internado em um hospital em Salvador e faleceu vítima
de um AVC - Acidente Vascular Cerebral. O corpo será trasladado para Brumado e
está previsto chegar às 17 horas. O velório será na sua residência na Praça
Armindo Azevedo e o sepultamento será amanhã (7/8) às 10 horas.
Que
Deus receba seu Agnelo com a paz merecida. Esse cidadão de referência ímpar da
nossa sociedade símbolo de virtudes, de personalidade privilegiada cujo carisma
é modelo da moralidade, pautou pelo princípio ético dando bom exemplo. Descanse
em Paz Agnelo dos Santos Azevedo por estes longos anos de vida que o Altíssimo
lhe concedeu por Desígnio divino. Es orgulho de Brumado pelos exemplos da
bem-aventurança praticados.
Brumado, em
05/11/2001.
Antonio Novais
Torres
antorres@terra.com.br
ADITIVO
EM 26 DE SETEMBRO DE 2013:
Projeto de Lei
nº 026/2013
Art.
1º - Passa, doravante a denominar-se” RUA AGNELO SANTOS AZEVEDO”, localizada
entre o trecho do anel Viário que interliga a BA 262 e a BR 030 à Avenida Cel.
Santos.
Indicação
do vereador Weliton Lopes do Nascimento (PR), corroborado por seus membros e sancionada
pelo prefeito Aguiberto Lima Dias.
Brumado em 26 de
setembro de 2013.
Antonio Novais Torres
Brumado, 26/09/2013.
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