ABIAS DOS SANTOS AZEVEDO
BIOGRAFIA
E HOMENAGEM PÓSTUMA
*11-10-1896
†16-07-1978
Abias dos Santos Azevedo nasceu na cidade
de Bom Jesus dos Meiras, atual cidade de Brumado, no dia 11 de outubro de 1896.
Filho do Major Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena dos Santos Azevedo. Ele
descende de Ibiassucê, antigo São Sebastião do Cisco, distrito de Caculé. Ela
tem origem no distrito de Itaquaraí, pertencente ao município de Brumado. O
casal teve uma prole de 12 filhos: Jayme (falecido), Alcebino, Isolina, Idalina,
Idália, Abias, Armindo, Iônia, Gerson, Gerôncio, Lindolfo e Agnelo dos Santos
Azevedo.
Abias casou-se com Alice Alves da Silva de
16 anos de idade, em Condeúba-BA, no dia 6 de novembro de 1918, perante o Juiz
daquela Comarca, a qual, depois de casada, passou a assinar Alice Alves de
Azevedo. Ela nasceu em 13/08/1902 e era filha do Capitão Sebastião Alves da
Silva e de Idalina Alves da Silva. Dessa união, nasceram nove filhos: Euvaldo,
Eulina, Maria, Mário, Ítala, Caio, Gilberto, Edir, e Solange dos Santos
Azevedo. Além dos filhos o casal Abias/Alice criou uma sobrinha, filha de Sebastião,
por Nome Ilza, a qual foi criada com os cuidados de pais biológicos.
Firmaram residência na fazenda “Itamaraty”
em Bom Jesus dos Meiras (Brumado) - que atualmente pertence ao município de
Malhada de Pedras-BA) -, cujo proprietário atual é seu neto Adalberto Azevedo
Pimentel.
Abias estudou em Brumado e concluiu apenas
o curso primário. Conquanto se tratasse de um homem de pouco estudo, tinha tino
comercial e visão altaneira. Amealhou patrimônio considerável. Era um grande
empreendedor. Tinha várias propriedades, dentre as quais o ‘casarão dos
Canguçus’, patrimônio histórico da cidade localizado na saída para Livramento
de Nossa Senhora, hoje de propriedade de Newton Cardoso, o qual abriga o
memorial Ápio Cardoso.
Dado histórico do “Sobradão” como era
conhecido: segundo a tradição foi construído por Exupério Pinheiro Canguçu, o
proprietário do solar do Brejo para sua estada nos fins de semana, porém não
consta do seu inventário. No século XX é proprietário do imóvel o senhor Mário Meira
e sua primeira esposa Esther Gondim Meira. Em 1942, Mário Meira, então viúvo e
único proprietário do sobrado, vende parte do mesmo para Abias dos Santos
Azevedo e em 1955 Mário Meira e a segunda esposa Iône Azevedo vendem o restante
do imóvel ao senhor Abias dos Santos Azevedo sendo este proprietário único do
imóvel e com a sua morte (1978) os herdeiros vendem-no para Newton Cardoso que
o transforma em museu Áppio Cardozo da Paixão.
Sua carreira comercial teve início na loja
de seu pai. Posteriormente abriu comércio próprio com a loja “Flor do Sertão”,
em Malhada de Pedras e, em expansão, montou uma farmácia e um mercadinho.
Em 1955, mudou-se para Brumado, onde
ampliou o seu comércio e abriu a loja “A Vencedora”, localizada na Praça
Coronel Santos que hoje tem o nome do ex-prefeito e seu irmão Armindo dos
Santos Azevedo. Ali ele vendia artigos de armarinho, tecidos e calçados.
Além de desenvolver outros comércios, tornou-se
pecuarista, dedicando-se a compra e revenda, cria e recria de gado.
Proprietário de outras fazendas em cidades vizinhas, comprou a fazenda ‘Laete’,
na localidade Olhos D’água do Cruzeiro, em Jequi-BA, onde morou por seis anos.
Em seu retorno para Brumado, comprou a
fazenda Tanque, do Sr. Manuel Pereira Santos (Seu Nem) e, por expansão da sede
do município, a fazenda passou a pertencer à zona urbana. Então, instituiu, em
julho de 1974, o loteamento dessa área, ao qual foi dado o nome de ‘Loteamento
Fazenda do Tanque’, onde delimitou 90 lotes. Após a sua morte, em 1978, os
herdeiros lotearam mais 261 glebas que denominaram de Loteamento Azevedo.
Infelizmente o destino não permitiu a concretização de seu sonho.
Um dos lotes de propriedade da herdeira
Ítala dos Santos Azevedo foi doado para a construção da Igreja Santa Rita de
Cássia. A realização desse loteamento contribuiu consideravelmente para o
crescimento e o progresso de Brumado, com construções diversas, o que deu um
novo aspecto à cidade que tomou o impulso do desenvolvimento.
Por indicação do vereador Gonçalo Pedro da
Silva, Abias dos Santos Azevedo ingressou na política em Brumado, em 1951.
Elegeu-se vereador e foi indicado para ser o Presidente da Casa Legislativa, no
governo do prefeito Manoel Joaquim Carvalho dos Santos (Dr. Nezinho), que
governou no período de 1951 a 1955. Abias foi presidente do PSD e um dos
fundadores do MDB brumadense, evento que se realizou em 15/07/1966. Em 31 de
março de 1954 renunciou o cargo de presidente da Câmara de Vereadores para
concorrer ao cargo de prefeito, pelo PSD, em oposição ao irmão Armindo dos
Santos Azevedo, para quem perdeu a eleição. Embora divergentes políticos,
mantinham a amizade e a união familiar.
A câmara de Vereadores de Brumado
homenageou-o, nominando a praça onde está instalada a Casa Legislativa com o
nome “Praça Abias dos Santos Azevedo”, situada no bairro do Hospital,
pertencente ao loteamento Azevedo.
Nos finais de semana, Abias costumava
caçar e pescar e se divertia jogando pôquer com os amigos Manoel Joaquim de
Carvalho (Dr. Nezinho), Virgílio Vasconcelos, Nilamon Carvalho e outros.
NOTÍCIA DO JORNAL DA CIDADE DE CONDEÚBA:
Para assistirem ao casamento Silva-Pereira, vieram à cidade
nosso assinante, Major Abias dos Santos Azevedo, acreditado negociante em Bom
Jesus dos Meiras, e seu cunhado, o jovem Sebastião da Silva Filho, que algum
tempo reside em sua companhia.
Ficamos muito agradecidos com a visita que Abias fez a nossa
oficina”.
(Trata-se do casamento
do Tenente João Batista Alves Pereira com Dalila Aurora da Silva que após o
casamento passou a assinar Dalila Aurora Alves Pereira, em Condeúba/BA, ao qual
se fez presente a fina flor da sociedade condeubense).
Abias dos Santos Azevedo conviveu com sua
esposa Alice Alves de Azevedo durante 60 anos e levaram uma vida matrimonial de
muito amor, harmonia e compreensão. Ele deixou o exemplo de dignidade e
honradez, orgulho para a sua família. Seus filhos relembram que o pai gostava
de dançar. Levava a mulher e os filhos para as festas e, no carnaval, comprava
os apetrechos da época, o que fazia a alegria da família. Eles relatam que
Abias foi um excelente esposo, amoroso com a consorte e os filhos, cordial e
educado com todos. Tratava-se de um grande homem, íntegro, pai exemplar, esposo
fiel e atencioso. Homem honrado, de palavra. Um grande amigo.
Abias dos Santos Azevedo faleceu em 16 de
julho de 1978, aos 82 anos de idade e o corpo está sepultado no cemitério
municipal Senhor do Bonfim. Sua esposa faleceu no dia 27 de junho de 2002. A
filha Solange, comovida, expressou: “Foi um grande homem. Um bom pai. Um bom
esposo. Um grande amigo!”. “Minha mãe era muito amorosa com todos nós, esposa
dedicada e muito atenciosa com todos, exemplo de bondade, dignidade e
honradez”.
Extraído do livro Lagoa do Leite – causos
e lembranças de Nilton Vasconcelos, edição de julho de 2014:
“
Seu Abias Azevedo, irmão de Seu Armindo, ex-prefeito de Brumado, quando faleceu,
era um homem de muitas propriedades, terras, lojas, um homem rico. Mas, antes
de ter loja grande em Brumado, negociou em muitas praças da região, inclusive
em Ubiraçaba, onde se passou a seguinte história. Ele mexia principalmente com
tecidos. Tinha uma boa freguesia, mas o que faltava, muitas vezes, era troco.
Dinheiro miúdo para dar de troco nas compras que o povo fazia. Então, para
resolver esse problema, ele apresentou uma solução que foi aceita por todos,
por ser ele uma pessoa muito considerada.
Mandou
imprimir, num papelão, o nome da firma e o termo “VALE”. Num espaço em branco,
ele escrevia o valor que assumia como dívida. Aquele vale servia também no
comércio e na feira, tamanha era a confiança que as pessoas tinham no
negociante. Ele tinha crédito. A qualquer momento, havendo troco, o cidadão
possuidor do vale poderia resgatar o “Título”, ou usá-lo numa próxima compra.
Era uma espécie de “conta – corrente”, ao contrário. Ou seja, quem ficava
devendo era o vendedor. Como era uma pessoa em quem todos acreditavam, não dava
problema.
Em
certa oportunidade, Lolô, nome de batismo Jerulino, [...] encomendou, na loja
de Seu Abias, uma fazenda de tecido para costurar um terno. [...] Ele tomou um
lápis e, num pedaço de papel, escreveu: vale tanto – correspondente ao valor do
produto – e assinou. O balconista, assustado, meio gaguejando, disse que não
poderia receber daquela forma, ficou sem saber como tratar a situação. Correu
para chamar Seu Abias e saber como proceder.
“Como
vai, Lolô? Dona Maria vai bem?”, Chegou de mansinho
Seu Abias.
Seu Abias.
“É
que ele não quer receber meu vale”, foi logo ao assunto, Lolô.
Paciente,
o comerciante informa: “Olha, aqui nós fornecemos o vale só quando não temos
troco para dar ao cliente”. E Lolô arrematou: “Vocês dão vale quando não têm
troco, e eu dou quando não tenho dinheiro”. E agora? Bem que Lolô tentou”.
Antonio Novais Torres
Brumado, em 16/12/2012.
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