domingo, 13 de março de 2016

ALBINO VIANA


ALBINO VIANNA
*27/09/1891
†10/06/1981
            Rio de Contas, cidade baiana, localizada na região da Chapada Diamantina, foi a primeira cidade planejada do Brasil. O município preserva o traçado antigo, apresentando praças e ruas amplas, calçadas com pedras rústicas, igrejas barrocas, monumentos públicos e religiosos em pedra e casarios em adobe. Cidade histórica, celeiro de artesãos. É tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
             Nesse ambiente bucólico que, em 27 de setembro de 1891, nasce mais um artista: Albino Vianna, filho de Elyseo Rodrigues Vianna e Sergia da Silva Vianna, tendo como avós paternos Zeferino Rodrigues Vianna Fedegôso e Maria Magdalena de Miranda Vianna, e maternos, Antonio Mandinga da Silva e Anna da Silva Brito.
            Em Rio de Contas, onde viveu até a adolescência, Albino desenvolveu suas habilidades de artesão nato, revelando toda a sua criatividade, fruto da força de vontade que lhe era peculiar. Sr. Beninho, como era chamado pelos mais íntimos e queridos, era um autodidata. Estudou e pesquisou as ligas metálicas, processos indispensáveis na fabricação de peças para caçambas, peças para montaria − artefatos para animais − bridas, esporas, freios etc., entre outros.
            Estudioso, leitor interessado e curioso consertava relógios e dedicava-se à manufatura, recuperação e reforma de joias. Utilizava o ouro para realizar o engaste de pedras preciosas e semipreciosas, moldando-as e lapidando-as para a montagem final das peças. Como pessoa polivalente, confeccionava não só aliança, anéis e coroas dentárias, mas também peças feita sob encomenda e outros artigos de sua lavra e larga imaginação. Tudo isso realizado com ferramentas e equipamentos diversos, muitos deles de sua própria invenção.
             Transformava o ouro de 24K (puro) em 20, l8 e 14 quilates, adicionando metais como prata, cobre, fundindo-os até chegarem ao quilate desejado. Usava uma solução ácida para classificar as peças que eram avaliadas de acordo com o seu grau de pureza. Através de um processo desenvolvido por ele mesmo, utilizava-se de uma solução para dar banho de ouro às joias, e nessa profissão, trabalhou por muito tempo. Tanto vendia como consertava esses objetos, portanto, era um artesão do ouro, um ourives.
            De Rio de Contas migrou-se para Caculé, onde conheceu Vitalina Novaes com quem se casou e teve quatro filhos: Jesuíno Vianna, hoje com 98 anos, José Vianna, Editth Vianna e Sizinio Vianna. Os três últimos já falecidos. Naquela cidade fez inúmeras amizades em todas as classes sociais. Por mérito e confiança em sua pessoa como homem sério, probo, honrado e conciliador, alçaram-no a delegado da cidade, cargo que exerceu com a dignidade que lhe era característica.
            Após o falecimento da esposa manteve um segundo e curto relacionamento com uma senhora de prenome Aristeia, oriunda de Taiobeiras (MG). Com a cunhada Jovina Novaes, já mãe de dois filhos com Aniceto Mafra de Azevedo: Otaviano Novaes Azevedo (Maroto) e Idalice Novaes Azevedo (ambos falecidos) deram início ao terceiro e último relacionamento. O casal se estabeleceu em Brumado e, desta relação nasceram mais seis filhos: Nelson Viana e Ivan Viana (falecidos), Moacyr Viana, Dalva Viana, Antônio Viana e Maria de Lourdes Viana.
            Um dos seus amigos, Dr. Crescêncio Silveira, apostando na sua inteligência e habilidade manual de artesão dedicado, convidou-o para ser dentista e protético, o que exigiu de seu ‘Beninho’ muito estudo e dedicação. A sua primeira incumbência foi fazer a prótese dentária da esposa do Dr. Crescêncio, trabalho que foi concluído com êxito e perfeição.
            Em 1930 montou seu primeiro consultório, anexo à sua residência, incentivado pelo Dr. Crescêncio Silveira, seu amigo e conselheiro. Nessa época não existia energia e o aparelho dos dentistas (brocas) ganhava movimento através de um pedal.
            A sua dedicação e perfeccionismo a tudo que fazia contribuíram para torna-lo um dentista prático e famoso. Nesta função, atendia toda a região, igualmente, fazia visitas em domicílio. Destaque-se que é tradição na família o exercício dessa profissão: o filho Sizinio Viana, o neto Francisco de Paula Bassini Viana, o genro Jonas e o enteado Otaviano Novaes Azevedo (seu Maroto). Este último, com o falecimento do pai biológico, veio morar com seu Beninho aos 17 anos, tornando-se um de seus discípulos. Seu Maroto trabalhou muitos anos como dentista prático na empresa Magnesita S.A. a qual o homenageou pelos serviços prestados.
            Seu Beninho enfrentou dificuldades no exercício da profissão depois da lei que proibiu o trabalho dos práticos e beneficiava o profissional com diploma universitário. Contudo, devido à sua credibilidade e competência, com que exercia o seu ofício, à sua mediunidade e a confiança da comunidade que acreditava no seu trabalho, continuou a exercer a sua atividade de dentista sem o empecilho daqueles que se achavam no direito de proibir, e que, legalmente, podiam fazê-lo.
Também em Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado, fez muitas amizades em todas as classes sociais, tratando a todos com respeito, dignidade e educação, independente do nível social a que pertenciam. Daí a sua popularidade e reconhecimento dos seus valores pessoais e profissionais como artesão, dentista e protético prático. Apesar de não possuir diploma universitário tinha a experiência e a competência comprovada.
            Sua casa estava sempre repleta de pessoas, muitos de forasteiros, que vinham consultar-se com o médium, outros, a presenteá-lo em agradecimentos à cura alcançada. Era a casa do povo. “Dona Jovina era uma pessoa muito educada e cortês. Recebia a todos com distinção e amabilidade, virtudes e qualidades que a dignificavam” (Declarações do senhor Sebastião Meira Santos (seu Santos), que conheceu o casal).
           
            Era portador de muita força espiritual, que nem ele soube como adquiriu, mas afirmava que não nasceu com este dom, mas que passou a notá-lo a partir dos 38 anos de idade.
             Conta-se que, na época dos revoltosos, passagem da Coluna Prestes pela Bahia, o grupo infundia medo e temor às pessoas, sendo visto por elas como baderneiros criminosos. Fugindo desse conflito, partiu de sua casa levando a esposa Jovina e os seus filhos, montados em cavalos. Na tentativa de proteger sua família dos rebeldes, procurou refúgio atrás de uma árvore, ali permanecendo em silêncio, orando, pedindo a Deus para encobrir seus rastros, a fim de que não fossem encontrados. Naquele momento de oração profunda, um rebanho de carneiro passou por eles apagando a pista que haviam deixado e que seria facilmente identificada pelos revoltosos. Contam que, três destes pararam ao lado da árvore, mascaram tabaco e chegaram a cuspir na árvore, porém não viram a família que estava ali refugiada.
            O dom do espírita era impressionante, pois sua força mediúnica transcendia à normalidade. Em transe ou passagem espiritual, fazia adivinhações, localizava objetos roubados e até desaparecidos. Acalmava os loucos ou dementes, desesperados com sintomas de sofrimento físico ou espiritual com orações e imposição das mãos. Muitos chegavam amarrados e voltavam livres sem nenhuma aparência de anormalidade.
            Receitava remédios (mezinhas) para todo tipo de doença ou sofrimento, rezava, benzia e curava os que o procuravam para o alívio de sua dor, quer física ou espiritual. Todo esse procedimento era caritativo, uma missão à qual se submetia por devoção à causa, dia e noite, sem se queixar do horário em que era procurado.
            As reuniões que tratavam da fundação de um centro espírita em Brumado eram realizadas na casa do senhor Albino Vianna (Beninho). Médiuns de Vitoria da Conquista aqui vieram para incentivar a fundação do centro espírita e pondo em prática trabalhos mediúnicos concernentes a essa doutrina. Em 31 de janeiro de 1954, seu Beninho, juntamente com seu Albertino Marques Barreto e outros adeptos da doutrina, fundou o Centro Espírita Fraternidade (CEF), sendo eleito presidente o senhor Albertino Marques Barreto e vice-presidente, Albino Viana (Beninho). Em vista da falta de um local para realização das reuniões, Albino colocou a sua residência à disposição dos confrades, que aceitaram a título provisório.
            Seu Beninho era míope e não usava óculos. Assim, só enxergava com clareza à pequena distância. Narra-se que as pessoas que vinham em busca de socorro, à noite, encontrando as portas e janelas fechadas, batiam palmas para alguém atender. Seu Beninho abria a porta para recebê-las, mas sendo míope, se aproximava para reconhecê-las.
             Naquela época os animais viviam soltos nas ruas, não havia controle nem captura por parte das autoridades locais.
            Certa noite, um jumento, perambulando, parou em frente à casa de seu Beninho, cuja porta era pintada de verde, talvez por confundi-la com uma árvore. Para espantar os mosquitos que o atormentavam, o animal sacudiu as grandes orelhas, produzindo um som semelhante ao das palmas humana. Seu Beninho abriu a porta e, por enxergar pouco e, ainda estar no escuro da noite, aproximou-se e perguntou: “Qual é o seu incômodo, irmão?” Em resposta, O jegue relinchou deixando seu Beninho apavorado pelo inusitado.
            Em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade brumadense, a Câmara de Vereadores de Brumado o homenageou, dando seu nome a um logradouro no centro da cidade.
            A Assembleia Legislativa do Estado da Bahia por meio do Dec. 16579/2007 de 23/08/2007 declara de Utilidade a Sociedade Espírita Albino Viana - SEAV, sediada na Travessa Enoc nº 79 no Município de Brumado.
            Através da Lei/1497/2007, de 21 de setembro de 2007 a prefeitura Municipal de Brumado considera de Utilidade Pública a instituição Sociedade Espírita Albino Vianna (SEAV), fundada em 1º de junho de 1994.

            Fontes: Luiz Ribeiro Viana, Gileno Mafra, Sebastião Meira Santos (seu Santos), Lutgardes Ribeiro S. Meira, Maria Helena Viana Carneiro e pessoas que colaboraram com a pesquisa.
Antonio Novais Torres
Brumado em 19/07/2012.

                       


ALBERTINO MARQUES BARRÊTO



ALBERTINO MARQUES BARRÊTO
*08/05/1902†19/09/1983

Albertino Marques Barrêto nasceu na cidade de Ladário um município situado na região Oeste do Estado de Mato Grosso do Sul, às margens do Rio Paraguai, em 08/05/1902. Era filho de Joaquim Marques Barrêto e D. Maria Cândida Barrêto. Irmãos: Joaquim, Maria Cândida, José Filho, Anita, Manoel, Francisca e Antônia. Seus avós: Joaquim Marques Barrêto e Maria Cândida Barreto; José Joaquim dos Santos e Cândida Maria dos Santos.
Trabalhou na Rede Ferroviária Brasileira. Primeiramente como maquinista, quando sofreu um acidente, caindo na caldeira da locomotiva a vapor, conhecida por maria-fumaça, e queimou-se (usava camisa de mangas compridas para ocultar as lesões sofridas no acidente). Depois, como telegrafista.
Percorreu várias cidades (principalmente dos estados de (MT/MS/SP/BA), em função do seu exercício profissional. Esteve na Bolívia para fazer curso visando ao aprimoramento no seu trabalho na Rede Ferroviária Brasileira. No seu retorno, veio para a Bahia, onde conheceu Maria Roza dos Santos, com quem se casou.
Maria Roza dos Santos era natural de Barra da Estiva e filha de José Joaquim dos Santos (Jó) e Cândida Maria dos Santos. Viúva de Cassiano José Ribeiro originário de Barra da Estiva. Contraiu segundas núpcias com Albertino Marques Barrêto. Casaram-se em Caetité, quando ela passou a assinar Maria Roza dos Santos Barrêto. Ela era proprietária de uma padaria (herdada do pai) e, a partir do casamento, passou a ser conhecida como Maria de seu Albertino. Teve com ele os seguintes filhos: Albertino Filho (16-04-49), Luiz Carlos (24-08-1951), Marizete (09-05-1953), Scheilla (30-08-1955) e Célia (15-11-1957).
Aficionado pelo futebol, foi um dos fundadores da Liga Brumadense de Futebol, da qual foi presidente, vice-presidente, diretor de Esporte e Árbitros, secretário, fundador do Clube Santa Cruz que defendia o Bairro “Tanque do Governo” e presidente do Esporte Clube Palmeira. Inicialmente reuniam-se no Centro Espírita Fraternidade, por deliberação da diretoria da entidade.
Assumiu o cargo de vereador na qualidade de 3º suplente em 17/04/1965, tendo em vista que o 1º e 2º suplente se recursaram a assumir o cargo vago com a renúncia do vereador Mário Joaquim Martins (UDN), no governo do prefeito Armindo dos Santos Azevedo.
Elegeu-se vereador em Brumado pela ARENA, em 15 novembro de 1966, com 184 votos, para o período de 01-02-1967 a 31-01-1971, no governo do então prefeito Juracy Pires Gomes. De 1969 até 1971, não percebeu subsídios por força do Ato Institucional nº 07 de 26 de fevereiro de 1969.
Sua atividade parlamentar foi intensa. Estes foram alguns dos projetos e indicações de Albertino Marques Barrêto no período de sua vereança: solicitou auxílio para a Liga Desportiva Brumadense; por meio da Indicação 16/67, sugeriu a construção de um albergue noturno; comunicou à casa parlamentar que, em 08/06/1968, realizar-se-ia, no Centro Espírita Fraternidade, a primeira concentração espírita de Brumado.
 Foi o autor do PL nº 176/68, denominando Alan Kardec a então rua Tiradentes; apresentou moção de confiança ao prefeito Juracy Pires Gomes e moção de pesar pelo falecimento do comerciante Francisco Ramos da Silva – Chiquinho Gavião –, em 06/10/1968; indicou ao prefeito a criação de uma secção de informação e reclamação pública; solicitou à Câmara o encaminhamento ao Governador do Estado do pedido de um curso técnico contábil anexo ao Ginásio General Nelson de Melo. Essa solicitação fora firmada por vários estudantes do curso noturno; solicitou do Executivo, por meio de ofício, o fornecimento aos trabalhadores da limpeza, a título de gratificação natalina, de uniforme completo, inclusive botinas, já que não percebiam o Abono de Natal; apresentou pedido de colaboração de todos os poderes para a estadualização do ginásio, a fim de solucionar as difíceis situações educacional e financeira em que se encontrava a instituição; fez a indicação 85/69, solicitando ao chefe do Executivo destinar verba para a Fundação Hospitalar de Brumado para cobrir deficit da instituição; solicitou melhorias na educação do bairro São Félix, com voto de louvor e homenagem às professoras Celeste Ávila de Magalhães Souza e Terezinha Marques de Souza (Tereza Souza) pelos serviços educacionais prestados àquele bairro.
Sugeriu, com o apoio dos colegas, a realização de competições esportivas para angariar recursos para a Fundação Hospitalar de Brumado, por se encontrarem as obras paralisadas; fez indicação ao chefe do Executivo para pleitear ao Governador do Estado a construção de uma rodoviária no terreno destinado aos jogos esportivos, tendo em vista a construção de um novo estádio no Campo de Aviação. Foi escolhido pela bancada da ARENA como seu líder; foi membro das Comissões: de Constituição de Justiça e Redação de Leis, de Finanças e de Higiene e Estatística. Segundo informações, que podem não ser verossímeis, também foi candidato pelo PCB a deputado estadual, quando residia em Urandi, localidade onde trabalhou.
O Centro Espírita Fraternidade (CEF) foi fundado em 31-01-1954, por membros da sociedade espírita de Brumado-BA. Dentre eles, destaca-se o senhor Albertino Marques Barrêto. A entidade encontra-se localizada na Rua Allan Kardec, nº 68 e promove diversas atividades sociais e beneficentes. Albertino é considerado o fundador do espiritismo em Brumado. Também fundador do Ambulatório Médico Bezerra de Menezes em 1957.
O Centro Educacional Divaldo Pereira Franco (CEDPF), fundado em 31/01/1994, foi idealizado pelo senhor Albertino Marques Barrêto. Em sua homenagem, foi fundada a Sociedade Espírita Albertino Marques Barrêto (SEAMB), em 06 de dezembro de 1987, cuja sede está localizada na Rua Sandra Batista S. Medeiros, nº 8, URBIS I (antiga Rua “A” do Conjunto Habitacional Brumado I). Também o seu nome foi dado a uma Rua no Bairro Olhos D’água, com aprovação, por unanimidade, dos votantes.
Ele foi um dos fundadores do Sindicato Rural, para o qual providenciou toda a documentação. Ali trabalhou como assessor, fez consultorias e redigiu várias atas sem, contudo, ser funcionário registrado na instituição, era um voluntário.
Albertino Marques Barrêto cursou o segundo grau completo e era um homem esclarecido, grande leitor, um intelectual. Comunista pertencente ao PCB e espírita convicto ativo, simples e de boa conduta, só praticou o bem. Foi exemplar no exercício de seus misteres e bom pai de família. Bater papo com os amigos, colhendo e emitindo opiniões sobre os assuntos ventilados, era um dos seus passatempos preferidos.
Parece ter sido o único comunista que se declarou espírita. Alimentava o seu espírito através da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec (pseudônimo). A população, erroneamente, acreditava, ou acredita que comunista era ou é ateu. Vejam o que disse o poeta mais popular do Brasil, Patativa do Assaré, em versos extraídos de cordéis de sua autoria sobre o fato político: “Quem apoia o comunismo/ gosta do diabo também”, “O comunismo Fatal/ não queremos no Brasil”, “O regime comunista/é contra a religião”, “Na doutrina de Lenin/só reina a imoralidade”. Essa era a visão deturpada por meio da qual, antigamente, se conceituava o comunismo.
O preito ao Sr. Albertino estendeu-se a membros de sua família. A professora Scheila Barrêto Spínola Santos (falecida), sua filha, foi homenageada nominando uma escola de destaque da sede do município. A SEAMB homenageou Maria Rosa dos Santos, sua esposa, com uma escola de evangelização na sede da entidade, no bairro da URBIS I.
Albertino Marques Barrêto faleceu em 19-09-1983, com 81 anos, e teve o óbito atestado pelo médico Geraldo Leite Azevedo e declarado por Maria da Glória Spínola Costa. Foi enterrado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
 Maria Roza dos Santos Barrêto faleceu em 02/10/1990, com 74 anos. Também está sepultada no cemitério municipal Senhor do Bonfim. O óbito foi atestado pelo médico Ivan Meira de Castro Gomes, sendo declarante a filha Scheilla Barrêto.

Antonio Novais Torres
 antorres@terra.com.br
Brumado, em 17/12/2012.




ALBERTINO MARQUES BARRÊTO
*08/05/1902†19/09/1983

Albertino Marques Barrêto nasceu na cidade de Ladário um município situado na região Oeste do Estado de Mato Grosso do Sul, às margens do Rio Paraguai, em 08/05/1902. Era filho de Joaquim Marques Barrêto e D. Maria Cândida Barrêto. Irmãos: Joaquim, Maria Cândida, José Filho, Anita, Manoel, Francisca e Antônia. Seus avós: Joaquim Marques Barrêto e Maria Cândida Barreto; José Joaquim dos Santos e Cândida Maria dos Santos.
Trabalhou na Rede Ferroviária Brasileira. Primeiramente como maquinista, quando sofreu um acidente, caindo na caldeira da locomotiva a vapor, conhecida por maria-fumaça, e queimou-se (usava camisa de mangas compridas para ocultar as lesões sofridas no acidente). Depois, como telegrafista.
Percorreu várias cidades (principalmente dos estados de (MT/MS/SP/BA), em função do seu exercício profissional. Esteve na Bolívia para fazer curso visando ao aprimoramento no seu trabalho na Rede Ferroviária Brasileira. No seu retorno, veio para a Bahia, onde conheceu Maria Roza dos Santos, com quem se casou.
Maria Roza dos Santos era natural de Barra da Estiva e filha de José Joaquim dos Santos (Jó) e Cândida Maria dos Santos. Viúva de Cassiano José Ribeiro originário de Barra da Estiva. Contraiu segundas núpcias com Albertino Marques Barrêto. Casaram-se em Caetité, quando ela passou a assinar Maria Roza dos Santos Barrêto. Ela era proprietária de uma padaria (herdada do pai) e, a partir do casamento, passou a ser conhecida como Maria de seu Albertino. Teve com ele os seguintes filhos: Albertino Filho (16-04-49), Luiz Carlos (24-08-1951), Marizete (09-05-1953), Scheilla (30-08-1955) e Célia (15-11-1957).
Aficionado pelo futebol, foi um dos fundadores da Liga Brumadense de Futebol, da qual foi presidente, vice-presidente, diretor de Esporte e Árbitros, secretário, fundador do Clube Santa Cruz que defendia o Bairro “Tanque do Governo” e presidente do Esporte Clube Palmeira. Inicialmente reuniam-se no Centro Espírita Fraternidade, por deliberação da diretoria da entidade.
Assumiu o cargo de vereador na qualidade de 3º suplente em 17/04/1965, tendo em vista que o 1º e 2º suplente se recursaram a assumir o cargo vago com a renúncia do vereador Mário Joaquim Martins (UDN), no governo do prefeito Armindo dos Santos Azevedo.
Elegeu-se vereador em Brumado pela ARENA, em 15 novembro de 1966, com 184 votos, para o período de 01-02-1967 a 31-01-1971, no governo do então prefeito Juracy Pires Gomes. De 1969 até 1971, não percebeu subsídios por força do Ato Institucional nº 07 de 26 de fevereiro de 1969.
Sua atividade parlamentar foi intensa. Estes foram alguns dos projetos e indicações de Albertino Marques Barrêto no período de sua vereança: solicitou auxílio para a Liga Desportiva Brumadense; por meio da Indicação 16/67, sugeriu a construção de um albergue noturno; comunicou à casa parlamentar que, em 08/06/1968, realizar-se-ia, no Centro Espírita Fraternidade, a primeira concentração espírita de Brumado.
 Foi o autor do PL nº 176/68, denominando Alan Kardec a então rua Tiradentes; apresentou moção de confiança ao prefeito Juracy Pires Gomes e moção de pesar pelo falecimento do comerciante Francisco Ramos da Silva – Chiquinho Gavião –, em 06/10/1968; indicou ao prefeito a criação de uma secção de informação e reclamação pública; solicitou à Câmara o encaminhamento ao Governador do Estado do pedido de um curso técnico contábil anexo ao Ginásio General Nelson de Melo. Essa solicitação fora firmada por vários estudantes do curso noturno; solicitou do Executivo, por meio de ofício, o fornecimento aos trabalhadores da limpeza, a título de gratificação natalina, de uniforme completo, inclusive botinas, já que não percebiam o Abono de Natal; apresentou pedido de colaboração de todos os poderes para a estadualização do ginásio, a fim de solucionar as difíceis situações educacional e financeira em que se encontrava a instituição; fez a indicação 85/69, solicitando ao chefe do Executivo destinar verba para a Fundação Hospitalar de Brumado para cobrir deficit da instituição; solicitou melhorias na educação do bairro São Félix, com voto de louvor e homenagem às professoras Celeste Ávila de Magalhães Souza e Terezinha Marques de Souza (Tereza Souza) pelos serviços educacionais prestados àquele bairro.
Sugeriu, com o apoio dos colegas, a realização de competições esportivas para angariar recursos para a Fundação Hospitalar de Brumado, por se encontrarem as obras paralisadas; fez indicação ao chefe do Executivo para pleitear ao Governador do Estado a construção de uma rodoviária no terreno destinado aos jogos esportivos, tendo em vista a construção de um novo estádio no Campo de Aviação. Foi escolhido pela bancada da ARENA como seu líder; foi membro das Comissões: de Constituição de Justiça e Redação de Leis, de Finanças e de Higiene e Estatística. Segundo informações, que podem não ser verossímeis, também foi candidato pelo PCB a deputado estadual, quando residia em Urandi, localidade onde trabalhou.
O Centro Espírita Fraternidade (CEF) foi fundado em 31-01-1954, por membros da sociedade espírita de Brumado-BA. Dentre eles, destaca-se o senhor Albertino Marques Barrêto. A entidade encontra-se localizada na Rua Allan Kardec, nº 68 e promove diversas atividades sociais e beneficentes. Albertino é considerado o fundador do espiritismo em Brumado. Também fundador do Ambulatório Médico Bezerra de Menezes em 1957.
O Centro Educacional Divaldo Pereira Franco (CEDPF), fundado em 31/01/1994, foi idealizado pelo senhor Albertino Marques Barrêto. Em sua homenagem, foi fundada a Sociedade Espírita Albertino Marques Barrêto (SEAMB), em 06 de dezembro de 1987, cuja sede está localizada na Rua Sandra Batista S. Medeiros, nº 8, URBIS I (antiga Rua “A” do Conjunto Habitacional Brumado I). Também o seu nome foi dado a uma Rua no Bairro Olhos D’água, com aprovação, por unanimidade, dos votantes.
Ele foi um dos fundadores do Sindicato Rural, para o qual providenciou toda a documentação. Ali trabalhou como assessor, fez consultorias e redigiu várias atas sem, contudo, ser funcionário registrado na instituição, era um voluntário.
Albertino Marques Barrêto cursou o segundo grau completo e era um homem esclarecido, grande leitor, um intelectual. Comunista pertencente ao PCB e espírita convicto ativo, simples e de boa conduta, só praticou o bem. Foi exemplar no exercício de seus misteres e bom pai de família. Bater papo com os amigos, colhendo e emitindo opiniões sobre os assuntos ventilados, era um dos seus passatempos preferidos.
Parece ter sido o único comunista que se declarou espírita. Alimentava o seu espírito através da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec (pseudônimo). A população, erroneamente, acreditava, ou acredita que comunista era ou é ateu. Vejam o que disse o poeta mais popular do Brasil, Patativa do Assaré, em versos extraídos de cordéis de sua autoria sobre o fato político: “Quem apoia o comunismo/ gosta do diabo também”, “O comunismo Fatal/ não queremos no Brasil”, “O regime comunista/é contra a religião”, “Na doutrina de Lenin/só reina a imoralidade”. Essa era a visão deturpada por meio da qual, antigamente, se conceituava o comunismo.
O preito ao Sr. Albertino estendeu-se a membros de sua família. A professora Scheila Barrêto Spínola Santos (falecida), sua filha, foi homenageada nominando uma escola de destaque da sede do município. A SEAMB homenageou Maria Rosa dos Santos, sua esposa, com uma escola de evangelização na sede da entidade, no bairro da URBIS I.
Albertino Marques Barrêto faleceu em 19-09-1983, com 81 anos, e teve o óbito atestado pelo médico Geraldo Leite Azevedo e declarado por Maria da Glória Spínola Costa. Foi enterrado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
 Maria Roza dos Santos Barrêto faleceu em 02/10/1990, com 74 anos. Também está sepultada no cemitério municipal Senhor do Bonfim. O óbito foi atestado pelo médico Ivan Meira de Castro Gomes, sendo declarante a filha Scheilla Barrêto.

Antonio Novais Torres
 antorres@terra.com.br
Brumado, em 17/12/2012.